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A Orizon Valorização de Resíduos (ORVR3) espera começar a colher os frutos de investimentos em novas unidades da empresa, em São Paulo e em Pernambuco, a partir do segundo trimestre deste ano, segundo o CEO da empresa, Milton Pilão.
Em entrevista ao InfoMoney, Pilão afirmou que a empresa espera dobrar a receita, em comparação ao primeiro trimestre, que foi de R$ 99,226 milhões, com essas iniciativas, mas mantendo o mesmo patamar de gastos com SG&A (sigla em inglês para despesas gerais e administrativas) do período de janeiro a março.
No primeiro trimestre deste ano, a empresa reportou um prejuízo ajustado de R$ 18,178 milhões, mas um aumento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) de 15%, para R$ 28,776 milhões. O resultado, segundo o Credit Suisse, foi pressionado pela linha de SG&A.
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Orizon quer colher frutos de investimentos
De acordo com Pilão, o primeiro trimestre foi, no entanto, o último em que a empresa “sofreu os efeitos do crescimento sem a receita advinda dos investimentos feitos”. Já no segundo trimestre os investimentos passarão a impulsionar os resultados, com o impacto de SG&A se mantendo no mesmo patamar, acrescentou ele.
Segundo o executivo, no primeiro trimestre este indicador foi marcado por investimentos iniciados em 2021, de R$ 180 milhões na UTE (Unidade de Transformação de Energia) Paulínia, e de R$ 60 milhões na planta Biometano Paulínia, para produção do gás a partir de resíduos sólidos, ambos no interior de São Paulo.
Além disso, a empresa aportou investimento de R$ 70 milhões no Ecoparque de Recife, em Pernambuco, além de investimentos para operar sete novos aterros sanitários, dobrando o total sob controle da empresa. Todas essas iniciativas devem começar a funcionar e a gerar receita no segundo trimestre, disse Pilão.
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Crédito de carbono
Outro fator destacado na avaliação do Credit Suisse para os resultados abaixo do esperado foi a ausência de venda de créditos de carbono, apesar de a geração ter sido 21% superior frente ao mesmo período de 2021.
Segundo Milton Pilão, o aumento na geração ocorreu por conta da retirada de metano das estruturas instaladas e pelo consequente uso do gás para geração de energia renovável nos ecoparques da Orizon, que foi 13% maior do que no primeiro trimestre de 2021. A empresa também operou um volume 4% mais alto de resíduos, e gerou 6% a mais de biogás.
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Em relação à venda de seus créditos de carbono, a empresa diz que pretende esperar pelo melhor momento, algo que, disse o CEO da empresa, deve ocorrer no final do ano, à medida que o ativo vem se valorizando mês a mês.
Em 2021, as vendas ocorreram em dezembro. Na ocasião, a companhia disse que aproveitou o momento de alta dos ativos após a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), encerrada no mês anterior.
Segundo Pilão, no momento os preços já estão superiores ao patamar de dezembro de 2021, e a expectativa é de que a tendência de aumento se mantenha.
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Novas receitas
Outro ponto que pode gerar receita adicional para a empresa é a migração, prevista ainda para o semestre atual, da metodologia de certificação de créditos de carbono MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), para as metodologias Verra (Padrão de Carbono Verificado) e Gold Standard, cujos certificados vêm tendo desempenho melhor no mercado.
“No ano passado, o preço para créditos MDL era de US$ 4, e o para migrados para outras metodologias era de US$ 7”, exemplificou o executivo.
Inflação
Segundo Pilão, a empresa sofreu impactos da inflação de produtos como diesel, mantas plásticas para uso nos aterros sanitários e insumos para o tratamento de chorume.
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Por outro lado, ele afirmou que a empresa conseguiu repassar os preços de acordo com o previsto em contratos, referenciados no IPCA e no IGP-M.
Os índices ficaram levemente acima da inflação enfrentada pela empresa, o que contribuiu para elevar seu Ebitda e sua margem, afirmou o executivo.
Em sua avaliação, o Credit ressaltou, no entanto, que, mesmo com a geração maior de biogás e energia renovável, a Orizon teve receita menor com esses produtos.
Segundo Pilão, isso se deve ao fim da crise hídrica, que reduziu as vendas de energia por preços mais altos no mercado “spot” (para entrega imediata).
Aquisições da Orizon
Pilão afirmou que a Orizon pretende manter o movimento de aquisições de “bancos de lixo” a partir dos quais garante recebimento de matéria-prima para instalar aterros sanitários e plantas de geração de créditos de carbono, biogás e biometano. “Essa será nossa grande avenida de crescimento orgânico”, disse.
De acordo com o executivo, a companhia lançará um novo braço, a Orizon Biogás e Energia Renovável, a partir do qual passará a transformar diretamente o biogás em biometano ou energia renovável.
Isso tem potencial de gerar valor ao acionista porque, “até o ano passado, a empresa fazia contrato de venda de biogás para terceiras que faziam o investimento para transformar em biometano ou bioenergia renovável”, disse.
“Nossa base acionária só enxerga a receita até a venda do biogás”, afirmou, em relação à nova subsidiária. A nova empresa dá “um passo a mais na cadeia de bioenergia e biometano”, afirmou.
Entretanto, a Orizon não pretende desmembrar a nova empresa e realizar um IPO separado, por avaliar que a diluição dos papéis não é bem vista por acionistas que os compraram mais próximo ao IPO original.
Políticas públicas
De acordo com Pilão, o Marco do Saneamento, que passou a ser implementado em 2021, vem sendo importante para a companhia por exigir o fechamento de lixões e transferência de resíduos para aterros.
Mesmo se o processo de fechamento total dos lixões não se encerrar em 2024, como previsto inicialmente na legislação, esta deve continuar garantindo uma mudança que beneficie a Orizon, disse o executivo.
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Agora, a empresa acompanha a implementação do programa Recicla Mais, lançado em abril pelo governo federal. Por meio dele, indústrias e atores públicos e privados que atuam na venda de material reciclado poderão gerar créditos de reciclagem a partir das notas fiscais emitidas.
Estes poderão, por sua vez, ser revendidos para empresas geradoras de resíduos, que precisam comprovar o cumprimento de metas de logística reversa.
Também há expectativa com o programa Metano Zero, de incentivo para projetos de redução de uso de metano e ampliação de combustíveis renováveis, lançado em março.
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