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SÃO PAULO – Com a indicação de Barack Obama para que Janet Yellen seja a nova presidente do Federal Reserve, o caminho está trilhado para que a economista se torne a primeira mulher a assumir o cargo mais alto da instituição monetária na história de mais cem anos da instituição.
O mercado mostrou alívio à indicação de Yellen, uma vez que ela sinaliza compartilhar em muitos pontos da mesma linha de pensamento de Ben Bernanke e sugerindo uma abordagem mais dovish, ou mais “suave”. Contudo, muitos desafios, inclusive aqueles deixados pelo próprio Bernanke, prometem trazer anos “emocionantes” a Yellen a frente do Fed.
Um dos seus grandes desafios, como ressalta o Wall Street Journal, é encontrar uma saída segura em quando e como parar de aumentar a carteira de ativos: em sua gestão no Fed, Ben Bernanke elevou a carteira de ativos no Federal Reserve de US$ 860 bilhões para US$ 3,8 trilhões e a vem engordando ainda mais ao imprimir ritmo de US$ 85 bilhões por mês para comprar títulos e dívidas hipotecárias. Com isso, Yellen terá que reverter este quadro sem afundar a economia.
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E afirma que Bernanke escreveu a primeira metade da política monetária, de “como usar a política monetária para evitar uma Grande Depressão e afastar o perigo de deflação depois que o juro de curto prazo baixou para zero” e que Yellen está a caminho de escrever a segunda metade. “O título será: Como fazer a política monetária voltar para algo próximo do normal sem criar uma nova crise financeira, enquanto os políticos eleitos criam o caos na política fiscal e de gastos públicos”, destacou a publicação.
Em setembro, Bernanke e Yellen conseguiram conter aqueles que queriam começar a redução de compra de títulos mas, ao mesmo tempo, está sofrendo forte pressão para que reverta a política.
Semelhanças e diferenças com Ben Bernanke
Numa pesquisa realizada pelo Wall Street Journal com cerca de 40 economistas, 60% deles disseram que a política do Fed sob a batuta de Yellen não será muito diferente da de Bernanke. Porém, Yellen ainda conta com algumas peculiaridades. De acordo com a pesquisa, 39 dos 40 consultados acreditam que Yellen pisará mais no acelerador do que ele.
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A publicação norte-americana destaca que é difícil saber o que um novo dirigente do Fed reserva, nem ele próprio. Nem George W. Bush nem Bernanke sabiam que teriam que lidar com a crise e que, Bernanke, estudioso da Grande Depressão, estaria tão bem preparado para lidar com ela.
Segundo o WSJ, Yellen traria para o “cargo um intelecto formidável e muito mais experiência na tomada de decisões de política monetária do que qualquer um dos 14 homens que a precederam”. E ressalta que ela vem refletindo, estudando e falando sobre de que modo a atual política monetária não convencional realmente funciona, sobre como usar as novas ferramentas nas atuais condições para reduzir desemprego sem gerar inflação e de qual o momento certo para reverter o programa de estímulo.