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A PagSeguro (PAGS34) teve lucro líquido dentro do esperado pelo mercado e pela própria empresa no terceiro trimestre, diante da manutenção de tendências de crescimento de receita, enquanto também divulgou estimativas para o ano completo. Contudo, os ativos registram baixa no pré-market na bolsa americana, com a visão de projeções decepcionantes para o fim do ano.
A empresa de meios de pagamentos teve lucro líquido recorrente de R$ 411 milhões entre julho e setembro. Analistas esperavam, em média, lucro de R$ 409 milhões, segundo pesquisa da Refinitiv, enquanto a própria companhia havia divulgado previsão de lucro entre R$ 400 milhões e R$ 410 milhões.
Considerando fatores não recorrentes, como bonificações de executivos e desinvestimento realizado um ano antes, o lucro foi de R$ 380 milhões, avanço de 18% em relação a igual período de 2021.
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O PagSeguro, listado em Nova York, tem duas vertentes principais, operando como empresa de meios de pagamentos através da marca PagSeguro e como banco digital por meio do PagBank.
A receita líquida total da companhia foi de R$ 4,035 bilhões, avanço de 45% sobre a mesma etapa de 2021. O número veio em linha com a projeção da companhia de entre R$ 4 bilhões e R$ 4,1 bilhões.
O crescimento de receita foi ajudado pela alta de 35% ante um ano antes no volume total processado (TPV) pela marca PagSeguro, para R$ 90,3 bilhões. A empresa espera TPV entre R$ 91 bilhões e R$ 92 bilhões.
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Na operação de banco digital, o PagBank mostrou crescimento de 31% na receita líquida frente a um ano antes, para 339 milhões. A carteira de crédito subiu 71%, para R$ 2,7 bilhões, ainda que o banco siga limitando a concessão diante do cenário macro. Os depósitos em setembro alcançaram patamar 171% superior em comparação ao mesmo período de 2021.
Guidance
A PagSeguro ainda divulgou expectativa para 2022 de lucro recorrente de R$ 1,57 bilhão a R$ 1,6 bilhão, avanço de 10% a 12% em comparação a 2021, e de lucro contábil de R$ 1,45 bilhão a R$ 1,48 bilhão, alta de 24% a 27%. Ambos serão recordes para a empresa caso sejam atingidos.
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A PagSeguro vem elevando seu lucro diante do crescimento do PagBank, que se define como o segundo maior banco digital do país, com 26 milhões de clientes, e após aumento de taxas cobradas no negócio de meio de pagamentos diante da alta de juros, bem como corte de despesas, em áreas como pessoal e marketing.
As despesas operacionais, o que inclui marketing, pessoal, publicidade e outros, cresceram 11% no terceiro trimestre na base anual e ficaram em 15% como percentual da receita líquida, contra 20% um ano antes — essa relação ficou estável frente ao segundo trimestre.
As despesas financeiras somaram R$ 921 milhões, mais do que quintuplicando frente a um ano antes, e a receita financeira disparou 81%, a R$ 1,7 bilhão.
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Para o quarto trimestre, o presidente-executivo da PagSeguro, Alexandre Magnani, disse que o crescimento percentual da empresa deve perder ritmo diante de base de comparação mais forte em 2021, pois foi quando houve forte abertura da economia após o auge da pandemia de Covid-19. Além disso, ele citou desaceleração no mercado de crédito para consumo.
Os números divulgados pela companhia não foram bem recebidos pelo mercado, com os ativos PAGS negociados em Nova York em baixa de 8,41%, a US$ 11, no pré-market, por volta das 7h (horário de Brasília).
O Bradesco BBI apontou que a queda de 12% das ações no acumulado do mês já parecia antecipar um resultado “suave”. No entanto, o guidance fornecido para o 4T22 e os riscos para o lucro em 2023 – notadamente (i) desaceleração no crescimento do TPV, (ii) pouco espaço para aumentos adicionais consideráveis de preços e (iii) altos níveis de churn (cancelamento) em sua base de comerciantes – podem seguir pesando no desempenho das ações. A recomendação do BBI para as ações é neutra, com preço-alvo de US$ 15 (ou potencial de 25% de alta frente o fechamento de terça).
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Já para o Itaú BBA, a PagSeguro reportou um 3T22 bom, como esperado, mas o guidance apontando volumes e margens com crescimento mais lento foi decepcionante, indicando que os desafios macro afetarão a indústria volumes, com números do 4T22 de 5% a 10% abaixo das projeções atuais da casa. A recomendação para o ativo é outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) com preço-alvo de US$ 23 para 2023, ou potencial de alta de 90%.
(com Reuters)