Para analistas, resultado da Lojas Renner supreendeu positivamente

Com destaque para margem bruta recorde e resultado financeiro, analistas veem espaço para avanço das ações no curto prazo

Tainara Machado

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SÃO PAULO – A percepção geral entre os analistas é de que o resultado da Lojas Renner (LREN3) para o primeiro trimestre deste ano, publicado na última quinta-feira (29), surpreendeu positivamente, mesmo com a base fraca de comparação, quando os efeitos da crise pesaram com força sobre o mercado varejista brasileiro. Entre os destaques, ficou o crescimento das vendas nas lojas que já estavam em operação (mesmas lojas) de 15,1%, além da margem bruta recorde e do resultado financeiro da companhia. 

O aumento da receita líquida alcançou 21,4% na comparação anual, o que, segundo a própria administração da empresa, ocorreu em função de uma série de iniciativas, como o aperfeiçoamento dos processos de desenvolvimento de coleções e melhora do serviço de distribuição, responsável também pela diluição das despesas fixas. 

Como explica a Link, esses processos, aliados também a uma maior adequação no mix entre produtos nacionais e internacionais, levaram a empresa a registrar margem bruta de 49,7%, recorde mesmo em relação a trimestres sazonalmente mais fortes, número 1,7 ponto percentual acima da expectativa da corretora, de acordo com relatório assinado por Rafael Cintra.

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A Planner ressalta o resultado especialmente por estar situado nos três primeiros meses do ano, que costumam ser um período de vendas mais fracas, por causa das despesas com matrículas escolares e pagamentos de impostos, além do endividamento decorrente do Natal. Por isso, destacam Ricardo Martins e Rafael Burquim, responsáveis pela análise, o lucro da empresa, que saltou 239,8% em relação a 2009, reforça a perspectiva de um ano bom para a Renner e para o setor de varejo como um todo. 

Resultado financeiro
Um outro destaque foi o resultado financeiro da empresa, que observou a inadimplência passar de 4,7% para 4,3% no último trimestre nos cartões de emissão da Renner. Embora o porcentual de vendas feitas através do cartão privado da companhia tenha recuado 3,4 ponto percentual para 55,9%, tanto a Planner quanto a Spinelli contemporizaram, afirmando que esse retrocesso é decorrente da abertura de novas lojas. Os clientes novatos costumar fazer a primeira compra utilizando outras formas de pagamento, salientaram ambas corretoras. 

A analista da Spinelli Kelly Trentin ainda deu ênfase ao crescimento de 15,9% da receita com serviços financeiros, para R$ 65,5 milhões. Já a Planner relembrou que a Lojas Renner foi a primeira empresa não-financeira do mundo autorizada a emitir cartões MasterCard sem um banco por trás da operação. A meta, explica a corretora, é chegar a 1 milhão de cartões, embora ressalte que ainda resta “certa dúvida” em relação à capacidade da empresa de converter os usuários de seu cartão, criado em 1973, ao novo produto.

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Investimentos
Outro ponto, para a Link, fica com os investimentos da empresa, que foram de R$ 15,9 milhões, sendo R$ 7,7 milhões destinados a abertura de novas lojas, com uma nova unidade inaugurada nos três primeiros meses desse ano (a expectativa é de inauguração de outras 11 lojas ao longo do ano, segundo a própria empresa).

Por outro lado, o Bradesco, embora também elogie o resultado forte da empresa, acima das estimativas, faz uma ressalva: “nossa preocupação básica em relação a esse caso de investimento é a baixa visibilidade das vendas da companhia, que parecem ser excessivamente relacionadas a condições climáticas”, afirmaram Ricardo Boiati, Vitor Pini e Rodrigo Geraldes.

Já a Ativa tem uma perspectiva mais positiva, de acordo com relatório assinado por Juliana Campos. O desempenho operacional da Lojas Renner, avalia Juliana, deve ser impulsionado por uma série de fatores, que vão desde o aumento da renda até o fim do IPI reduzido para bens duráveis. Para a Spinelli, o balanço divulgado também constitui um driver “positivo” para as ações da companhia, de acordo com avaliação de Kelly Trentin. 

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Desconto e novo formato
Para o Barclays, que vê potencial de apreciação do valor dos ativos no curto prazo, podendo até mesmo ultrapassar o preço-alvo de R$ 54,00 por ação estabelecido pelo banco, a empresa ainda é negociada com desconto em relação a seus pares. Mas acredita que esse fator será “corrigido” em breve, ao passo que o mercado ganha mais confiança na estratégia agressiva de recuperação da Renner. 

O banco inglês também ressalta um outro ponto, obtido durante a teleconferência com acionistas da empresa, que é a abertura de lojas em novos formatos, para atender o público de cidades com menos de 400 mil habitantes. De acordo com a administração da Lojas Renner, a intenção é inaugurar cerca de 80 a 100 lojas nesse formato nos próximos cinco anos, o que levou o Barclays a elevar de 80 para 100 a estimativa de abertura de novas unidades.

Martha Shelton e David Belaunde, responsáveis pela análise do Barclays, ainda apontam para o “Dia do Investidor”, no dia 13 de maio, em que o mercado poderá ganhar mais confiança nas novas metas estabelecidas pela administração, projetam.

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