Para Barclays, 2010 marca início de novo bull market para mineradoras

Potencial do setor é subestimado pelo mercado e empresas devem dobrar ganhos até primeiro semestre de 2010

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – Depois de um conturbado período de crise, as mineradoras devem se beneficiar da recuperação econômica e retomar seus ganhos nos próximos trimestres, segundo analistas do Barclays. Para eles, o potencial de ganhos do setor, em especial das cinco grandes empresas – Anglo American, BHP Billiton, Rio Tinto, Vale e Xstrata – ainda é subestimado pelo mercado.

“Em um período com aumento no preço das commodities e melhores resultados na economia em geral, o crescimento do setor deve surpreender o mercado, e levar a bons avanços nos lucros”, explicam. A recomendação do banco britânico é a compra de ações do setor, já que, apesar do bom desempenho no ano, devem performar bem, com preferência do Barclays para Xstrata (top pick) e Rio Tinto.

Para os analistas, os lucros e fluxos de caixa das companhias mineradoras podem dobrar entre o primeiro semestre de 2009 e o mesmo período de 2010 – e continuar avançando mesmo depois disso. “Acreditamos que o setor está bem posicionado para a atual retomada da economia, já que o preço das commodities deve continuar superando as expectativas conservadoras do mercado”.

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Resultados trimestrais acima das projeções

As mineradoras, em geral, registraram resultados acima das expectativas no primeiro semestre de 2009, devido aos custos menores do que as projeções e, em alguns casos, volumes melhores do que os esperados.

“Os custos de mineração estavam imprevisíveis, já que é difícil diferenciar fatores cíclicos e não-cíclicos”, explicam os analistas. Os fatores cíclicos foram mais significativos do que o esperado, e levaram a uma queda nos lucros menor do que a projetada. “Os custos têm nova base, mais baixa, e devem começar a subir novamente, com a recuperação da economia”. Entretanto, o Barclays espera que o aumento dos custos de mineração ainda atrapalhe o avanço dos preços das commodities, com gastos com mão-de-obra complexos.

Crise e o novo bull market

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Entre o primeiro semestre de 2008 e o mesmo período de 2009, a magnitude do colapso do setor foi grande: receitas, Ebitda (geração operacional de caixa) e lucros das cinco grandes mineradoras tiveram recuos de dois dígitos; os dividendos por ação da Anglo, Rio Tinto e Xstrata caíram 100%; os ganhos por ação da Vale despencaram 72% – a média entre as cinco empresas foi um retrocesso de 67%.

“Com esses resultados, não é nenhuma surpresa que o preço das ações tenha despencado também”, explicam os analistas. O preço dos ativos da Vale, Rio Tinto e Xstrata caiu mais de 80%.

Para avaliar a possível recuperação do setor nos próximos 12 meses, os analistas usam como base comparativa a resposta das mineradoras à crise de 2003. “Naquela época, assim como agora, o setor estava mal preparado para atender uma demanda maior de commodities, devido à falta de investimentos nos 20 anos anteriores”. Mesmo assim, em 2003, as ações das mineradoras tiveram um enorme avanço em Nova Iorque, destoando dos índices, que operavam com estabilidade.

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Agora, o Barclays acredita que a falta de recursos, fatores geopolíticos e falta de crédito irão, novamente, levar a uma resposta inadequada das mineradoras à crescente demanda. “Não podemos prever exatamente qual será a relação entre aumento das receitas e avanço das ações nesta recuperação, mas ela será positiva”, afirmam os analistas, que esperam um avanço de 72% nos ganhos por ação do primeiro semestre de 2009 ao primeiro semestre do ano seguinte, e uma alta de pelo menos 40% no preço dos ativos no período.

Mesmo com a significativa recuperação até o momento – as ações da Anglo, BHP, Rio, Xstrata e Vale já subiram em média 144% de suas maiores baixas – a recuperação dos lucros deve ser maior ainda. Para o Barclays, a retomada do setor não acabará em 2010. “Esse será o início de outro bull market para as mineradoras”, afirmam os analistas. Segundo eles, mesmo com os riscos, a demanda deve exceder as expectativas, e a oferta de diversas commodities, como o cobre, deve ser significativamente menor, aumentando os preços.

As cinco grandes

Além de dar suas previsões para o setor, o Barclays também analisa as cinco maiores empresas do setor, avaliando seu potencial específico de ganho.

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A Vale, a mais afetada em termos de volumes, também deve se recuperar bem, com os lucros por ação crescendo 62% até o primeiro semestre de 2010, com o aumento de volumes e alta nos preços do ferro. A utilização de capacidade deve exceder 90% no próximo ano. “Apesar disso, nossas estimativas indicam que o valuation dos ativos da Vale é caro em comparação com as empresas do setor”. O banco coloca o preço-alvo das ações em US$ 23, em comparação com o último fechamento do ADR da mineradora de US$ 20,62.

A Anglo American é quem tem menor potencial de aumentar seus ganhos com a recuperação, já que é mais exposta a commodities como platina, que tem ciclos mais atrasados, e apresenta problemas operacionais, que devem barrar grandes avanços da empresa. “Nossa visão positiva para as ações tinha como base uma possível aquisição da empresa pela Xstrata, o que não deve acontecer”, explicam os analistas.

A BHP Billiton também não tem grandes perspectivas de crescimento, segundo os analistas. A empresa, que se mostrou a mais resistente do setor à crise e foi nomeada como a “melhor no bear market” pelo Barclays, agora se vê com um balanço enxuto e operações com baixos custos, que limitam os ganhos potenciais com o aumento do preço das commodities. “Nesse momento, preferimos mineradoras que se beneficiem mais dos preços de commodities”, explicam os analistas. Entretanto, a empresa permanece uma opção para investidores e longo prazo.

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Por outro lado, a Xstrata era a empresa mais despreparada para a crise – e, agora, é a que está na melhor posição para um cenário de alta dos preços das commodities. “Os ganhos por ação da empresa devem avançar 35% entre o primeiro semestre de 2009 e o mesmo período em 2010”. Para o Barclays, a empresa é a melhor escolha do setor.

Já a Rio Tinto é a empresa com maior potencial de ganhos entre as cinco grandes do setor. “Mesmo com a tendência conservadora da diretoria da empresa, as ações da Rio ainda são negociadas abaixo de seus pares, e recomendamos a compra dos papéis da mineradora”, conclui o Barclays.

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