Pelo oitavo mês seguido, setor de consumo lidera recomendações de analistas

Em julho, boas perspectivas decorrem novamente do cenário macroeconômico favorável, com crescimento nas vendas

Anderson Figo

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SÃO PAULO – O setor de consumo e varejo voltou a ser apontado como o favorito dos analistas nas carteiras do mês de julho. Porém, as recomendações para este mês somaram um número bem menor do que as 54 obtidas em junho, ficando em 43. 

O segundo lugar, o setor financeiro, aparece logo atrás, com 30. Já o setor de energia e saneamento ficou em terceiro lugar, com 27 recomendações, ultrapassando o setor siderúrgico, que havia obtido esta colocação no mês passado.

O menor número de recomendações ao setor de consumo decorrem do menor número de carteiras analisadas neste mês, bem como da maior diversificação dos portfólios para julho. Os setores imobiliário, mineração, siderurgia e petróleo e gás obtiveram 24 recomendações cada, empatados na quarta colocação do ranking de setores mais sugeridos nas carteiras para este mês. 

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As carteiras consideradas este mês, que incluíram bancos e corretoras, foram: BB Investimentos, Souza Barros, Morgan Stanley, Omar Camargo, Citigroup, Planner, Itaú, XP Investimentos, Link Investimentos, Bradesco, BTG Pactual, Ágora, Geração Futuro, Socopa, Bank of America Merrill Lynch, Senso, SLW, Ativa, Win, Banif, Coinvalores, Amaril Franklin, Spinelli e Fator. Ao todo, 24 carteiras foram compiladas em julho, ante 26 no mês anterior.

Consumo: 8 meses na liderança
O setor de consumo completou oito meses na liderança das carteiras recomendadas, impulsionado pelas perspectivas otimistas para a economia brasileira e pelos efeitos sazonais, que estimulam o crescimento deste segmento, como a Copa do Mundo e as férias escolares. 

A Copa do Mundo fez os consumidores gastarem mais em junho e aumentou a procura por aparelhos de TV. Ainda assim, o evento mundial elevou pouco as vendas do comércio varejista nacional, que cresceram apenas 0,1% no mês passado, frente a maio. O resultado das vendas poderia ser negativo, não fosse o segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática, cujas vendas em junho cresceram 1,5%. Todos os demais segmentos do setor registraram queda nas vendas no último mês.

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Setores   Recomendações  
Consumo e Varejo 43
Financeiro 30
Energia e Saneamento 27
Petróleo e Gás 24
Mineração 24
Siderurgia 24
Imobiliário e Construção 24
Transporte 17
Industrial 13
Telecomunicações 13
Petroquímico 7
Papel e Celulose 4
Tecnologia e Internet 1

Os dados são do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, divulgado recentemente, e mostram que, na comparação com junho do ano passado, houve alta de 9,2% na atividade do comércio – essa é a primeira vez desde outubro de 2009 que o crescimento do comércio fica abaixo de 10%.

De acordo com os técnicos da Serasa, como a economia brasileira começou a se acelerar a partir do final do primeiro semestre de 2009, as taxas anuais de crescimento ficarão inferiores a 10% com maior frequência. Nessa comparação, novamente, o segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática foi o que mais cresceu, 14,2%.

No acumulado do primeiro semestre, a atividade comercial cresceu 10,7%. Nesse período, os segmentos de veículos, motos e peças e de móveis, eletroeletrônicos e informática se destacaram com crescimentos de 18,7% e 18,1%, na ordem.

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Também influenciando as boas perspectivas para o setor de consumo, o varejo de shopping estima que as vendas deste mês devem ficar aquecidas por conta das férias escolares e dos últimos dias de jogos da Copa do Mundo.

Ainda sobre a Copa, os comerciantes da cidade de São Paulo não foram afetados pela eliminação da seleção brasileira, segundo pesquisa realizada pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) em parceria com o instituto Data Popular. Conforme a mostragem, 72% dos comerciantes da capital não acreditam que a eliminação da seleção da Copa veio a prejudicar seu faturamento.

Além disso, 23% dos comerciantes disseram que foram beneficiados, até as finais do torneio, com aumento nos lucros. De acordo com a pesquisa, 29% dos entrevistados avalia que o torneio de futebol é uma oportunidade de extrema importância para se ganhar dinheiro. “Em ano de Copa, de acordo com a pesquisa, o período se posiciona como o terceiro mais importante para o comércio em volume de vendas, perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães”, afirma a superintendente de Marketing da ACSP, Sandra Turchi.

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Outra fato que beneficia as perspectivas para as empresas do setor é que o consumo responsável ainda não é um hábito comum dos brasileiros. Segundo pesquisa O Observador Brasil, promovida pela Cetelem, 96% da população não é consciente em relação ao consumo. As perguntas realizadas para a pesquisa avaliam 13 comportamentos em certas situações, dentre eles, se a pessoa deixa lâmpada acesa em ambiente vazio, se fecha a torneira enquanto escova os dentes, se separa o lixo, se utiliza o verso do papel utilizado, se planeja compra se roupas.

Por fim, cabe destacar que as crescentes projeções para a economia brasileira também pesam favoravelmente sobre as recomendações das companhias do setor de consumo e varejo. Após 10 elevações semanais consecutivas, o mercado decidiu manter suas projeções para o crescimento da economia brasileira em 7,20% em 2010, além de diminuir a previsão para a taxa básica de juro do País ao final deste ano. As novas previsões estão na última edição do Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central do Brasil nesta semana.

Retomada econômica também impulsiona bancos
Em segundo lugar no ranking dos setores mais recomendados de maio, o setor financeiro também segue influenciado pelas boas perspectivas para a macroeconomia, que se refletem em expectativas positivas para o desempenho dos bancos. As operações de crédito para as pessoas físicas devem crescer 20,7% neste ano, na opinião das instituições pesquisadas pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

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A pesquisa de Projeções Macroeconômicas e Expectativas de Mercado divulgada no fim do mês passado prevê ainda um crescimento de 17,8% na carteira de crédito em 2011. Os dados revelam que as perspectivas com relação ao crédito para 2010 ficaram praticamente estáveis na comparação com a pesquisa realizada em maio, a qual previa crescimento de 20,6%. Mostram ainda que o crescimento esperado para este ano é maior do que o crescimento efetivo registrado de 2009, de 19,4%.

De acordo com a Febraban, as expectativas melhoraram em relação às últimas projeções coletadas (em dezembro do ano passado, previa-se aumento de 19,5% das operações de crédito à pessoa física para 2010). O otimismo quanto ao crédito está alinhado às perspectivas positivas para a economia brasileira: aumento do PIB (Produto Interno Bruto) na ordem de 7,1% para este ano e de 4,4% para 2011.

Confirmando as perspectivas, o volume das novas concessões de crédito para empresas, por meio de recursos livres, aumentou 6,3% no quinto mês do ano, tomando como base o mês anterior, passando de R$ 96,380 bilhões para R$ 102,444 bilhões. Na comparação com maio de 2009 (R$ 87,342 bilhões), houve alta de 17,3%.

De acordo com os dados da última Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, divulgada no final de junho, a média diária de concessões aumentou 1,2% em um mês, de R$ 4,819 bilhões em abril para R$ 4,878 bilhões em maio.

O otimismo dos bancos com relação à suas operações é um reflexo das boas perspectivas para a economia brasileira. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) revelou no final de junho as novas projeções à economia brasileira de 30 bancos brasileiros, prevendo maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) este ano.

Enquanto a estimativa anterior, divulgada pelo órgão em maio passado, ditava uma expansão do PIB brasileiro de 6,3% em 2010, agora a projeção é de crescimento da ordem de 7,1% esse ano. Já para 2011, a projeção foi levemente reduzida de uma alta de 4,5% para uma de 4,4%.

Setor de energia e saneamento
Em terceiro lugar, aparece o setor de energia e saneamento, guiado pelo noticiário movimentado do setor. A carga de energia elétrica no Brasil aumentou 10,6% em junho, frente ao mesmo mês do ano passado, segundo o Boletim de Carga Mensal do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgado no início deste mês. A análise leva em consideração tanto o consumo quanto as perdas de energia. Na comparação com maio deste ano, porém, houve pequena queda de 0,7%.

Além disso, também influenciou as recomendações a notícia de que o consumidor brasileiro vai pagar o reajuste imposto pelo Paraguai sobre o preço da energia elétrica excedente produzida pelo país na hidrelétrica de Itaipu. Segundo a proposta paraguaia, o valor anual passaria dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.

O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, criticou a proposta e afirmou que essa diferença de US$ 240 milhões por ano, se aprovada, acabará sendo paga pela população brasileira, já que o serviço de fornecimento de energia elétrica atende hoje a 95% da população.

Para a Bradesco Corretora, o consumo de energia elétrica no Brasil vai continuar apresentando crescimento acentuado nos próximos meses, principalmente por conta da forte demanda industrial por eletricidade. De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o consumo total de energia elétrica no Brasil atingiu 34.605 GWh (gigawatts / hora) em maio, o que representa um aumento de 10,5% em relação ao nível apurado em igual mês de 2009. A taxa de maio foi a segunda maior em 2010, atrás apenas do resultado de fevereiro.

Segundo os dados, o consumo industrial de energia foi o principal responsável pelo desempenho do mês em questão, apresentando alta de 15,4% em maio sobre o mesmo mês de 2009. No ano, o consumo de energia na indústria mostra alta de 13,6%.

De acordo com os analistas Vladimir Pinto e Marcelo Sá, “os preços à vista devem continuar se recuperando, tendo subido para R$ 66 por MW/h dos anteriores R$ 15 MW/h praticados no começo do ano”.

Contudo, eles fazem uma ressalva: os preços devem permanecer baixos neste ano dado o elevado nível dos reservatórios no País, mas devem voltar a subir ao final de 2010, se a temporada de chuvas não for tão agressiva como foi em 2009.

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