Personagens: Quem é Carl Icahn, pesadelo dos CEOs, defensor dos acionistas?

O filósofo que compra empresas mal administradas, senta à mesa do Conselho e supera os limites do investidor individual

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “Carl Icahn oferece US$ 6 bilhões ao CIT Group e critica reestruturação de dívidas”. “Acionista do Yahoo! traça manobra para fechar negócio com a Microsoft”.

Quem é esse tal Carl Icahn, pesadelo dos Conselhos de Administração, um modelo raro de acionista que supera os habituais limites do investidor individual?

Talvez a palavra que melhor resuma o seu perfil é ativista. De fato, Icahn aparece nos noticiários não por seu sucesso como investidor, mas porque costuma abalar a estrutura societária das empresas às quais seu nome é associado. Atrai atenção porque costuma atrair resultados, traz retorno para o investidor.

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Estratégia clara
Sua estratégia é bem clara e foge das tradicionais abordagens de growth ou value investing. Icahn compra ações de companhias mal administradas, ou que julga mal administradas. Outro requisito indispensável é que estes ativos estejam subvalorizados, ou baratos para suas pretensões.

O retorno não vem exclusivamente da dinâmica dos mercados ou da mera recuperação de preço destas ações subvalorizadas. Quando o mercado todo está vendendo, o filósofo de formação aproveita para entrar comprando de forma maciça.

Na mesa com o Conselho
Seu aparato financeiro permite a aquisição de boas parcelas do capital destas empresas, para seu potencial político então concluir a estratégia. Icahn vai comprando gradativamente as ações até conseguir um assento diante de seu bloco controlador.

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O objetivo é trocar a administração ou impor sua maneira de conduzir os negócios de forma a torná-lo lucrativo. Diversos são os casos em que Icahn chega até o bloco de controle e faz alterações drásticas na estrutura organizacional da companhia, muitas vezes, as fragmentando e vendendo as partes menos rentáveis.

Foi assim com nomes como Time Warner, Texaco, Western Union, Revlon e Motorola. Mais recentemente, suas incursões atingiram o grupo financeiro CIT. Mas o caso mais famoso é do rebuliço que Icahn causou na mesa de diretores do Yahoo!. Contra os argumentos do fundador da empresa e então CEO (Chief Executive Officer) Jerry Yang, Icahn liderou uma força-tarefa de acionistas que defendiam a concretização da fusão do Yahoo! com a Microsoft.

Embate
O desgastante embate chegou a tirar Yang do cargo de CEO da empresa e a selar um acordo menos abrangente entre as partes, de colaboração em ramos específicos de atuação com a Microsoft. Após promover uma série de disputas internas no Conselho da empresa, Icahn se retirou do caso alegando novos objetivos pessoais.

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Apesar de controversa, a figura de Icahn acende como nenhuma outra atualmente o debate sobre a assimetria de interesses entre acionistas e gestores da companhia. Os resultados de Carl Icahn, mesmo envolvendo algumas decisões polêmicas, são inegáveis.

Resultados em números
De recente fundação, seu fundo Icahn Partners relacionou retorno anualizado médio de 40% nos primeiros anos de atuação, o que coloca Icahn entre as maiores fortunas do mundo de acordo com a listagem da revista Forbes. Descontando tarifas, o retorno líquido embolsado pelos cotistas do fundo é de 28% ao ano na média, bem acima dos benchmarks do mercado acionário norte-americano.

“Quando a maioria dos investidores (incluindo os profissionais) concorda com a mesma coisa, habitualmente estão errados”