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SÃO PAULO – A Petrobras (PÈTR3;PETR4) anunciou na quarta-feira, 24, um aumento de US$ 13 bilhões, ou 24%, em seu plano de investimentos para os próximos cinco anos. O Plano Estratégico para o período de 2022-2026 prevê US$ 68 bilhões, com a maior parte dos recursos destinada ao pré-sal.
Conforme a empresa, a produção do pré-sal vai representar 79% do total produzido pela Petrobras em 2026, após rever a produção de petróleo para o ano que vem, de 2,3 milhões de barris diários de petróleo (bpd) do plano anterior, para 2,1 milhões de bpd, com variação de 4% para mais ou para menos.
O motivo, informou a Petrobras, foi principalmente devido aos impactos da pandemia do covid-19 e os desinvestimentos ocorridos no final de 2021. Já a produção de petróleo e gás natural caiu para 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), contra 2,9 milhões de boe/d projetados anteriormente.
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Segundo a Petrobras, a curva de produção de óleo e gás para o período do novo plano indica um crescimento contínuo. As perspectivas são de elevar a atuação da empresa em águas profundas e ultraprofundas de 92% em 2022 para 100% em 2026.
Petrobras busca diversificar investimentos
Pela primeira vez, o Plano Estratégico da Petrobras trouxe a possibilidade de a estatal diversificar seus negócios para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, mas sem alocar Capex nem detalhar as possíveis iniciativas.
O movimento vem sendo feito pelas suas concorrentes no mundo todo, investindo em usinas eólicas em terra e mar, e também em usinas solares, mas a estatal brasileira tem priorizado a descarbonização dos seus produtos para reduzir emissões de gases efeito estufa (GEE).
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No novo Plano, a companhia diz que está avançando na análise de possíveis novos negócios, que sejam rentáveis, e para isso criou uma governança de aprovação, priorizando negócios relacionados ao segmento de energia ou de novos produtos que não estejam previstos no Plano.
De concreto, a empresa manteve o compromisso de descarbonizar suas operações e anunciou investimento de US$ 1,8 bilhão, com destaque para a separação de gás carbônico (CO2), sistemas de detecção de metano, projetos nas refinarias para reduzir emissões, entre outros.
Silva e Luna
Este é o primeiro plano sob comando do general Joaquim Silva e Luna, que assumiu em abril, em meio a debates sobre reajustes nos preços dos combustíveis – discussão que continua.
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Na gestão de Roberto Castello Branco, nos dois anos anteriores, a empresa cortou investimentos num contexto de queda do preço do petróleo. Em um passado mais distante, a Petrobras chegou a ter planos com investimento de US$ 236,7 bilhões, como no período de 2013-2017.
Desinvestimentos
Dentro da estratégia de focar em ativos mais rentáveis e de maior retorno, a Petrobras prevê realizar desinvestimentos de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões de 2022 a 2026, ante até US$ 35 bilhões do período anterior.
Segundo a empresa, os desinvestimentos vão contribuir para a geração de caixa necessária para manter a dívida em patamar adequado nos próximos anos.
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No terceiro trimestre de 2021, a Petrobras reportou dívida bruta de US$ 59,6 bilhões, batendo antecipadamente sua meta de 2022. Com isso, a métrica da dívida bruta foi excluída do plano de negócios da Petrobras.
A Petrobras acrescentou que vai manter um limite de endividamento bruto de US$ 65 bilhões para os próximos anos que, se descumprido, terá influência sobre a remuneração de executivos.
Dividendos da Petrobras
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A companhia disse em fato relevante que a medida vem após a antecipação do alcance de sua meta de endividamento bruto de menos de 60 bilhões de dólares –originalmente previsto para 2022, o objetivo foi atingido no terceiro trimestre deste ano.
A estatal afirmou que terá uma “flexibilidade em torno desse endividamento alvo”, passando a adotar uma dívida bruta de 65 bilhões de dólares como parâmetro para o cálculo da remuneração a ser distribuída.
Segundo a petroleira, também foi estabelecida uma remuneração anual mínima de 4 bilhões de dólares para exercícios em que o preço médio do petróleo Brent supere os 40 dólares por barril, independente do nível de endividamento da empresa.
“Em caso de dívida bruta igual ou inferior a 65 bilhões de dólares e de resultado positivo acumulado…, a companhia deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos”, acrescentou a Petrobras.
A empresa também poderá pagar dividendos extraordinários que superem o mínimo legal obrigatório em “casos excepcionais”, bem como distribuir dividendos extraordinários mesmo na hipótese de não verificação de lucro líquido.
Repercussões do plano
Para Bradesco BBI, o plano estratégico da estatal foi muito sóbrio, e mais uma vez mostrou a força dos ativos de longo ciclo do pré-sal que permitem uma sólida remuneração ao acionista, mesmo após grandes investimentos em exploração, desenvolvimento e produção.
Os dividendos anuais esperados a serem pagos pela empresa somam rendimento de US$ 13 bilhões (20%), mas poderiam ser mais se o Brent de longo prazo de US$ 60 / bbl se materializar contra os US$ 55 / bbl da empresa. O plano reforçou a visão do banco de que provavelmente ocorrerá um pagamento extraordinário de dividendos neste ano.
O banco também comentou que a elevação dos investimentos no quinquênio pela estatal era esperado, principalmente devido a projetos de E&P que foram readicionados ao portfólio (graças a premissas mais altas do Brent, agora em US$ 55 / bbl vs. US $ 50 / bbl anteriormente).
Além disso, o banco destaca dos esforços evidentes da empresa para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Por fim, o Bradesco BBI mantém avaliação outperform para ações da Petrobras, e preço-alvo de R$ 42,00, frente à cotação de quarta-feira (24) de R$ 28,37.
Foco na criação de valor ao acionista
O Credit Suisse comentou que o novo plano estratégico da Petrobras segue as mesmas diretrizes dos planos recentes, mas com foco ainda maior na criação de valor e retorno ao acionista.
Para o banco, os principais destaques são os maiores compromissos com ESG e descarbonização, rendimentos de dividendos muito elevados implícitos no plano; e a barra alta para retornos de capital (por exemplo, delta EVA alvos, Brent US$ 35 / bbl máximo ponto de equilíbrio, etc).
Com relação aos proventos, a Petrobras espera pagamentos de dividendos de US$ 60-70 bilhões no período de 2022-26. Na capitalização de mercado atual de US$ 67 bilhões, isso significa efetivamente que os acionistas “receberão seu dinheiro de volta” em cinco anos se o preço do Brent for em média US$ 61 / bbl. Isso é um dividend yield anual de 20%.
Além disso, espera-se que a dívida líquida diminua em US$ 10-15 bilhões no mesmo período, o que significa que o rendimento do fluxo de caixa do acionista (FCFE, na sigla em inglês) é ainda maior, cerca de 25%.
O banco também diz que a produção de petróleo a curto prazo de 2,1 Mbpd em 2022 foi inferior ao consenso (2,3Mbpd). No entanto, a diferença é explicada pelas próximas vendas de ativos e pelo aumento de 5% da participação da CNOOC em Búzios.
No entanto, o banco reduziu suas estimativas de EBITDA em -6% e -3%, para 2022 e 2023, respectivamente, impulsionados pela curva de produção mais baixa no curto prazo devido ao programa de desinvestimentos da estatal, que é compensado pelo caixa desses desinvestimentos.
Dessa forma, o banco mantém avaliação outperform para ações da Petrobras, e preço-alvo de US$ 14,00, frente à cotação de quarta-feira (24) de US$ 10,48.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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