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Nas últimas semanas, já havia a expectativa de que a política da Petrobras (PETR3;PETR4) de paridade internacional de preços fosse ainda mais pressionada por conta da tendência de forte alta dos valores do petróleo com a guerra na Ucrânia.
E a pressão para a ação da companhia ganhou força total na sessão desta segunda-feira (7), com os papéis ON fechando em queda de 7,65%, a R$ 34,14, e os PN em baixa de 7,10%, a R$ 31,80. Isso levou a uma perda de valor de mercado de R$ 34,675 bilhões para a estatal em apenas uma sessão, com a petroleira passando de um total de R$ 466,9 bilhões de valor na sexta para R$ 432,23 bilhões nesta data.
Confira os gráficos das fortes quedas dos ativos da Petrobras nesta sessão:
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Na madrugada desta segunda, o petróleo tipo Brent saltou para quase US$ 140 por barril, nas máximas desde 2008, após notícia de que os EUA e aliados europeus consideram banir importações de petróleo russo, em mais uma sanção pela guerra na Ucrânia, ainda que os americanos tenham falado que não há uma decisão tomada.
A commodity amenizou os ganhos, mas ainda fechou em alta expressiva. O brent para maio avançou 4,32%, a US$ 123,21 o barril, enquanto o WTI para abril subiu 3,21%, a US$ 119,40.
“A visão maior é que as interrupções no fornecimento estão piorando”, disse Andrew Lipow, presidente da Lipow Oil Associates em Houston. “Ninguém quer tocar em nada relacionado à Rússia.”
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Os preços globais do petróleo aumentaram cerca de 60% desde o início de 2022, levantando preocupações sobre o crescimento econômico global e a estagflação.
Tal disparada do petróleo levou a mais discussões e críticas sobre a política de preços da companhia, em um dia marcado por expectativa sobre uma reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, Ministérios da Economia, Minas e Energia e a Petrobras em que o tema é o salto dos preços do petróleo.
Em entrevista nesta manhã, Bolsonaro voltou a criticar a política de preços da estatal, que alinha a variação dos combustíveis à cotação internacional do petróleo. “Não pode continuar”, declarou o chefe do Executivo.
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Segundo o Broadcast, o governo avalia um novo programa de subsídio aos combustíveis, com validade de três a seis meses. O objetivo é evitar um repasse dos preços para as bombas dos postos de gasolina.
“O preço altíssimo do petróleo é anormal, atípico. O governo federal, nós, juntamente com Economia agora à tarde, Ministério de Minas e Energia e própria Petrobras, vamos buscar alternativa. Porque se for repassar isso tudo para o preço dos combustíveis, tem que dar aumento de 50%, não é admissível”, afirmou o presidente em entrevista à Rádio Folha de Roraima.
Mais tarde, perto do final do pregão, o Estadão informou que o governo teria passado a discutir o congelamento temporário do preço de combustíveis pela Petrobras, o que seria oneroso para a companhia.
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O Estadão apurou que o custo de não repassar a alta do petróleo no mercado internacional seria bancado pela Petrobras e, em última instância, pelos seus acionistas. Um dos argumentos que ganha força no governo é o de que a empresa tem custo em real e pode segurar o reajuste nesse período de instabilidade da guerra depois do lucro elevado do ano passado, que recheou os bolsos dos acionistas minoritários.
O Conselho da Petrobras, por sua vez, teria que aprovar a decisão, em um momento em que estão sendo feitas diversas mudanças no colegiado, inclusive com a indicação de Rodolfo Landim.
Projetos de lei em pauta
Já dois projetos de lei – o que cria a conta de compensação e o que altera a forma de cobrança de ICMS e desonera o diesel – estão na pauta da sessão de quarta-feira no Senado.
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De acordo com um integrante do governo ouvido pela Reuters, a área econômica considera “muito melhor” o projeto de lei que tramita no Congresso para alterar a fórmula de cálculo do ICMS, ainda que o relator do texto tenha incluído na medida um expansão de R$ 1,9 bilhão em 2022 no programa que paga auxílio gás a famílias carentes.
Contudo, outra fonte destacou que o Ministério da Economia não está discutindo diretamente a política de preços da Petrobras, sinalizando que não haverá apoio ou oposição a uma mudança na forma como os preços dos combustíveis flutuam dependendo do preço do petróleo no mercado internacional. De acordo com a fonte, que falou sob condição de anonimato, o debate será liderado pelo Ministério de Minas e Energia e pela própria estatal.
Para o Bradesco BBI, o projeto de lei de número 1.472, a ser discutido no Senado do Brasil nesta semana, é muito oportuno nesse cenário de alta de preços.
Os analistas do banco explicam que o projeto citado basicamente introduz o mecanismo de estabilização de combustível que permite que os produtores de gasolina e diesel sejam subsidiados por um fundo de estabilização de combustível a
ser criado com dinheiro proveniente de várias fontes (incluindo impostos sobre petróleo e dividendos da Petrobras).
A retirada do projeto de um imposto sobre a exportação de petróleo bruto como fonte de financiamento (o que seria prejudicial para o setor) foi fundamental para que o projeto seguisse para o Senado.
“A leitura do projeto na íntegra nos leva a conclusão que os subsídios são muito parecidos com que o governo Temer implementou em 2018 (após a greve dos caminhoneiros). Basicamente, estabelece que os preços domésticos para os produtores/importadores terão um piso e um teto. Se a paridade ultrapassar o teto, os produtores/importadores serão subsidiados pelo fundo. Se a paridade cair abaixo do piso, os produtores/importadores pagam a diferença a favor do fundo de estabilização”, apontam os analistas.
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O principal risco, na opinião do BBI, é que o artigo 3º estabelece uma definição muito ampla do que é paridade.
“Em última análise, acreditamos que a paridade precisará ser calculada pelo regulador (ANP) como no esquema de subsídio de Temer. No geral, o processo de subsídio em 2018 era burocrático, mas acabou funcionando bem para os produtores/importadores. A ANP publicou semanalmente o cálculo atualizado da paridade, e o processo foi bastante transparente”, avalia.
Olhando para o cenário atual, os analistas do banco destacaram a alta defasagem dos preços de combustíveis e que, neste caso, as empresas puras de Exploração & Produção, como PetroRio (PRIO3) e 3R (RRRP3), se beneficiam de forma mais incremental dos preços mais altos do petróleo do que a Petrobras. Contudo, mesmo elas tiveram quedas nesta sessão, ainda que menos expressivas, de 0,83% (R$ 38,30) para RRRP3 e de 2,30% (R$ 27,55) para PRIO3.
Aéreas e varejistas bastante impactadas na sessão
Contudo, não foi só a Petrobras que sofreu bastante nesta sessão. Aéreas e varejistas tiveram uma sessão de derrocada em meio à percepção de alta dos preços podendo impactar consumo e inflação. Em destaque, Gol (GOLL4) fechou em queda de 17,36%, a R$ 12,28, enquanto Azul (AZUL4) teve uma baixa ainda mais expressiva, de 18%, a R$ 17,90. CVC (CVCB3) fechou em queda de 10,49%, a R$ 9,90.
Confira abaixo o gráfico que mostra a forte queda dos papéis de Azul e Gol nesta segunda-feira:
Americanas (AMER3) se destacou entre as varejistas do Ibovespa com maiores quedas, fechando em baixa de 10,24%, a R$ 27,01, enquanto outros ativos do setor tiveram forte desvalorização.
A XP destaca que, para a economia, mais importante do que o nível do preço do petróleo em dólares por barril é a variação percentual de preços em um período curto de tempo.
“Nem toda recessão se deu por fortes aumentos no preço do petróleo, mas praticamente todas as vezes que o petróleo subiu mais de 50% em um período de 12 meses, esse fato acabou antecipando um cenário recessivo”, aponta.
Declarações durante todo o dia mostram ainda estimativas mais bruscas para o preço do petróleo. O vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, destacou que os valores da commodity podem subir para mais de US$ 300 por barril se os Estados Unidos e a União Europeia proibirem as importações de petróleo do seu país.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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