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Na noite da última terça-feira (6), a Petrobras (PETR3;PETR4) informou que o seu presidente, Caio Paes de Andrade, aceitou convite do futuro governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para compor a equipe do próximo governo paulista.
Contudo, a empresa informou que ele seguirá na sua atual função nas próximas semanas e não participará da transição em São Paulo. A Petrobras destacou que, como presidente da estatal durante esse período, o executivo continuará dando exclusiva atenção à passagem de comando que ocorrerá na companhia, colaborando em conjunto com os demais diretores “para uma transição profissional, transparente e aderente às boas regras de governança”.
Após essa notícia, analistas avaliaram quais são os próximos passos para a sucessão de Andrade.
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O Morgan Stanley destaca que, em um artigo recente, foi relatado que o CEO pensou em ficar no cargo até o final do mandato, em abril de 2023. “Nós entendemos que a notícia oficial mais recente torna provável que ele saia no início de janeiro, embora um cronograma firme seja desconhecido neste momento”, avaliam os analistas.
Com a renúncia do CEO antes do término de seu mandato, um assento no Conselho de Administração ficará vago, o que abre espaço para que o governo nomeie um novo Conselho e um novo CEO antes das expectativas, avalia o banco. Dado que o atual CEO era Conselheiro eleito pelo sistema de voto múltiplo, todos os demais conselheiros eleitos da mesma forma (oito dos onze membros) teriam que ser removidos ou renomeados em uma assembleia de acionistas, um processo que leva de 30 a 60 dias.
Enquanto isso, o Conselho interino pode nomear um novo CEO externo (sujeito aos procedimentos internos de governança da Petrobras) ou indicar um dos atuais membros como CEO interino. Ambas as situações já aconteceram no passado, avalia o Itaú BBA.
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O BBA também ressalta que a renúncia de Andrade abre a possibilidade de a nova administração indicar um novo CEO de forma mais rápida e que o anúncio também pode ser um sinal positivo de uma transição colaborativa. Cabe lembrar que os últimos dias foram marcados por reuniões entre a atual gestão da companhia e a equipe de transição do governo.
O banco cita os próximos passos para a escolha, com base no estatuto da Petrobras. Em caso de vacância do cargo de CEO, o presidente do Conselho de Administração, Gileno Gurjão Barreto, indicará o substituto dentre os demais membros do Conselho até a eleição de um novo CEO. O novo CEO deve ser eleito pelo Conselho e deve ser um de seus membros.
Como a renúncia de Andrade, abre-se a possibilidade de o novo governo indicar um novo CEO sem a necessidade de uma assembleia geral de acionistas, o que seria mais rápido. Porém, neste cenário, o novo CEO teria que ser aprovado pelo atual conselho de administração, que foi nomeado pelo atual governo.
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Dada a transição para a nova equipe do governo federal, as mudanças na gestão da Petrobras vão se estender além da posição de CEO, para o Conselho de Administração e o resto do Conselho Executivo. Para uma substituição integral, o Ministério de Minas e Energia (MME) teria que solicitar uma assembleia geral extraordinária (AGE) para nomear nova diretoria e um novo CEO (se o cargo ainda estiver vago).
A expectativa é que a carta do MME forneça uma lista de oito indicados para o Conselho de Administração, que estariam sujeitos à análise do Comitê de Pessoas para adequação ao compliance. Um dos indicados seriam nomeados para o cargo de CEO.
“Ressalta-se que há um prazo mínimo de 30 dias entre a convocação da AGE e a data marcada para a reunião, e somente após a nomeação de uma nova diretoria e novo CEO a empresa conseguiria substituir o restante da diretoria executiva – processo que leva pelo menos entre 40 e 60 dias para ser concluído”, avalia.
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O Bradesco BBI também ressalta que a atual diretoria deverá nomear um conselheiro para o cargo interino até que o próximo governo indique um nome a ser apreciado em assembleia extraordinária de acionistas (juntamente com os demais conselheiros), reunião essa que deve acontecer entre março e abril de 2023.
O JPMorgan vê a mudança anunciada como neutra pelo fato de que a renúncia de Andrade era esperada. “O que realmente importa para investidores agora é quem será o próximo CEO da Petrobras no governo do PT e quais mudanças esse executivo trará para a estratégia da empresa”, afirmam os analistas do banco. Cabe destacar que, desde a eleição, diversas casas de análise aumentaram o alerta sobre a estatal e reduziram a recomendação para os ativos, em meio à expectativa que a nova gestão aumente os investimentos em refinaria, reduza o pagamento de dividendos, além de projetarem mudanças na política de preços de combustíveis.
Para o cargo de CEO, exige-se que a pessoa tenha experiência profissional no âmbito da empresa, formação acadêmica compatível com o segmento e sólida reputação. O processo de aprovação exige que o próximo membro executivo seja indicado pelo Conselho de Administração e os candidatos precisam passar pela avaliação do Comitê de Elegibilidade, e então o Conselho pode aprovar o novo CEO.
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O Credit Suisse vê a notícia como neutra, afirmando que o executivo segue com foco exclusivo na Petrobras até que a troca de comando seja concluída.
Morgan Stanley, Itaú BBA, Credit Suisse e JPMorgan têm recomendação equivalente à neutra para os ativos da Petrobras.