Petrobras, Vale e siderúrgicas caem até 3%; JBS vai de alta de 6% à queda de 2% com falso alarme sobre oferta

Confira o que é destaque na bolsa nesta sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Refletindo a forte desvalorização dos ADRs (American Depositary Receipts) na quinta-feira (15), o Ibovespa encerrou a sexta-feira (16) em queda de 0,48%, aos 61.626 pontos, menor patamar de fechamento do mercado desde 18 de maio, quando foi relevada a delação de Joesley Batista, dono da JBS, e o índice desabou 8,8%.

Esse movimento do índice vem acompanhado por mais 14 ações, que ainda não conseguiram se recuperar do baque do pregão do “circuit breaker”. Entre elas, os papéis da Petrobras e Ambev (veja aqui). 

Hoje, as ações da Petrobras e Vale figuraram entre as maiores quedas da carteira teórica do benchmark, descoladas dos preços do petróleo, que subiu 0,5%, e do minério de ferro (+1,5%) na China. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações desta sexta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 13,49, -0,37%; PETR4, R$ 12,28, -2,69%)
Digerindo a queda dos ADRs (American Depositary Receipts) da véspera, as ações da Petrobras caem nesta sessão, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Os contratos futuros do WTI fecharam em alta de 0,6%, a US$ 44,74 o barril. 

Na quarta-feira à noite, a companhia anunciou um novo reajuste de preços nos combustíveis. Segundo a estatal, será feita uma redução do preço médio nas refinarias em 2,3% para a gasolina e em 5,8% para o diesel. A decisão foi anunciada menos de um mês após o ajuste anterior e novos preços entraram em vigor nesta quinta-feira. A estatal disse que iniciará a prática de ajustes de preços
em períodos mais curtos.

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Credit Suisse diz, em relatório, que não surpreendeu a Petrobras ter agido rapidamente para reduzir o prêmio do diesel, que agora está em 9,2%, e da gasolina, em 15,7%. Eles citam que, desde o último reajuste, o prêmio havia aumentado significativamente de 10,5% para 16% e de 12% para 19%. Os analistas destacam que esses valores ainda são acima da posição defensiva de market share de 6% (o que acreditam que seja positivo) e estão próximos dos valores observados desde o começo da politica (9% de diesel e 17% gasolina).

BTG Pactual comenta que a revisão vem 20 dias após a última, o que indica que as revisões devem ocorrer com mais freqüência, assim como a estatal sinalizou que faria. O comitê da Petrobras reiterou que a partir de agora pretende fazer revisões em intervalos menores que 30 dias, devido à forte volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional. 

Segundo os analistas do banco, isso tende a aumentar a percepção de “non-event”, o que consideram como positivo. “Com base nas decisões tomadas até agora, pode-se afirmar que as médias são favorecidas pelos preços spot e que os níveis de prêmios ideais não são estáticos, ou seja, a Petrobras sempre considerará os preços do Brent, o dólar e a utilização da refinaria para tomar a decisão adequada, dependendo das condições do mercado”, ressaltam. 

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JBS (JBSS3, R$ 6,62, -2,07%)
As ações da JBS mergulharam 7% da máxima do dia, após uma fonte negar à Reuters que o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, estava encorajando parceiros a fazer uma oferta pela maior processadora de carnes do mundo. No melhor momento deste pregão, os papéis da companhia subiram 5,92%, a R$ 7,16.

Uma pessoa com conhecimento direto do assunto, que pediu anonimato, disse que a reportagem da revista Exame, de que o Mubadala estava formando um consórcio para fazer uma oferta pela JBS, é imprecisa.

A Exame, que não detalhou como obteve a informação, disse que outros grupos, incluindo o norte-americano Cargill, estariam interessados em comprar certos ativos da JBS, o que poderia levar a uma divisão da companhia. A Exame não mencionou o nome de outros parceiros potenciais com quem o Mubadala estava falando para uma oferta da JBS.

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No radar, a processadora de proteína animal comunicou na noite de quarta a nomeação do diretor-presidente da Vigor, empresa do setor de lácteos da holding J&F, Gilberto Xandó, para o seu Conselho de Administração. O executivo substitui Joesley Batista, que renunciou à sua posição de membro desse conselho no último dia 26 de maio, após sua delação premiada que incluiu gravação de conversa com o presidente Michel Temer.

Além disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating da holding J&F de B+ para B-, após promover downgrades nas notas de crédito das controladas JBS e Eldorado. A instituição vê casos de corrupção como destaque em relação à inabilidade do grupo, no passado, para implementar controles de risco eficientes.

O jornal O Estado de S. Paulo de hoje também informa que já estão aparecendo interessados na compra da Alpargatas (ALPA4, R$ 12,65, +1,28%), dona da marca Havaianas. Segundo a publicação, um dos nomes cogitados é o do fundo Cambuhy, que tem entre os sócios a família Moreira Salles. Mas há uma série de outros interessados, apesar de se dizer que o cheque é alto e que o processo de desinvestimento ainda está confuso por não ter sido formalizado.

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Ainda no noticiário do grupo, Wesley Batista, acionista da J&F Investimentos, deixou a presidência do conselho de administração da Pilgrim’s Pride, processadora de carne de frango norte-americana, cujo acionista majoritário é a JBS. Segundo a empresa, o executivo renunciou e será substituído pelo diretor financeiro da divisão de alimentos da JBS nos Estados Unidos, Denilson Molina. O irmão Joesley Batista também deixou o conselho.

Vale e siderúrgicas
Na contramão dos preços do minério de ferro, as ações da Vale (VALE3, R$ 25,56, -2,07%; VALE5, R$ 24,32, -0,37%) tiveram queda nesta sessão, digerindo o pregão negativo dos ADRs na véspera, quando o mercado brasileiro esteve fechado por conta do feriado de Corpus Christi. Hoje, o minério de ferro subiu 1,5% no porto de Qingdao, na China, a US$ 55,23 a tonelada, enquanto os contratos futuros da commodity registraram alta de 0,95%, a 427 iuanes. 

Acompanham o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 17,89, -1,60%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, cujos ADRs também caíram forte ontem. São elas: Gerdau (GGBR4, R$ 9,02, -2,28%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,45, +2,30%), CSN (CSNA3, R$ 6,24, -3,55%). A exceção foi a Usiminas (USIM5, R$ 3,99, +0,76%), que viram para alta ao longo do pregão.  

Eletrobras (ELET3, R$ 12,40, +0,40%; ELET6, R$ 16,85, +1,51%)
A Eletrobras deverá suspender a operação comercial de duas turbinas da termelétrica Presidente Médici – Fase B, em Candiota, no Rio Grande do Sul, “até que a condição operativa das unidades seja restabelecida”, segundo despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Diário Oficial da União desta sexta-feira. A usina, movida a carvão mineral, é operada pela CGTEE, subsidiária de geração termelétrica da Eletrobras. As unidades que serão paralisadas somam um total de 320 megawatts em capacidade instalada.

O complexo termelétrico do Candiota, com três fases (A, B e C), soma um total de quase 800 megawatts em potência instalada. As primeiras fases foram implementadas nos anos 70 e 80, enquanto a terceira foi concluída em 2011.

O empreendimento chegou a ser multado pelo Ibama no ano passado em meio a acusações de descumprimento de regras estabelecidas para suas emissões nas fases A e B, mais antigas. O despacho da Aneel no Diário Oficial não detalha os motivos da suspensão da operação, ressaltando apenas que a paralisação é temporária.

Papel e celulose

A Arauco, unidade do grupo chileno Copec, apresentou uma proposta pela Eldorado Celulose, controlada pela J&F Investimentos, disse nesta sexta-feira uma pessoa com envolvimento direto no acordo à Reuters. Conforme a fonte, que pediu para não ser identificada porque os termos do acordo ainda são confidenciais, a Eldorado Brasil também é alvo de interesse da Suzano Papel (SUZB5, R$ 15,32, +2,47%) e Celulose e da Fibria (FIBR3, R$ 37,00, -0,40%). Ambas foram atraídas pela possibilidade de significativa redução de custos decorrente da aquisição, de acordo com a fonte.

Um representante da chilena Copec não pode ser imediatamente contatado para comentar o assunto. J&F Investimentos, Fibria e Suzano não comentaram imediatamente.

Fleury (FLRY3, R$ 57,20, +1,35%)
A companhia informou o mercado, na noite de quarta, que o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro) reformou parcialmente a decisão de primeira instância da Ação Civil Pública na qual se discute a legalidade da contratação, pela companhia, de empresas médicas especializadas e que ela irá interpor recurso de revista e medida cautelar aos tribunais superiores. Segundo a Fleury, “a possibilidade de êxito não foi alterada na avaliação dos assessores jurídicos, em razão de precedentes já existentes no Tribunal Superior do Trabalho”.

O processo consta na mais recente versão do formulário de referência enviado pela companhia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), datada de 14 de junho deste ano. No documento, a companhia diz que “a ação questiona a legalidade da contratação de empresas médicas especializadas e, atualmente feito via pessoa jurídica, e requer o pagamento de multa a título de danos morais coletivos”, na cifra de R$ 3 milhões. A primeira instância julgou a ação improcedente, mas foi reformada por acórdão do TRT, que determinou: 1) liminarmente que a companhia se abstenha de realizar novas contratações de trabalhadores na forma de pessoa jurídica para funções relacionadas à atividade-fim; 2) que a companhia efetive o registro em carteira dos profissionais médicos, que tiverem efetiva subordinação; 3) o pagamento de multa por dano moral coletivo no valor de R$ 3 milhões.

A chance de perda é avaliada pelos advogados contratados pela empresa como “possível”. Ainda segundo o documento, em 31 de dezembro, a Fleury figurava no polo passivo aproximadamente 1.013 processos judiciais e procedimentos administrativos trabalhistas, com valor total em discussão de aproximadamente R$ 160,8 milhões. As estimativas do passivo provável são de R$ 21,2 milhões, que, de acordo com a empresa, estão “totalmente provisionados para fazer frente a eventuais resultados adversos”.

BR Properties (BRPR3, R$ 8,92, +1,71%)
O conselho de administração da companhia aprovou a realização de oferta pública de distribuição primária de ações, com esforços restritos de colocação, em operação que pode movimentar cerca de R$ 955 milhões. Serão ofertadas 94.701.608 ações ordinárias, que podem ser acrescidas de um lote suplementar de até 15%, ou 14.205.241 ações, segundo fato relevante divulgado nesta sexta. Tendo como indicativo o preço de fechamento de 14 de junho, de R$ 8,77 por ação, a transação pode movimentar cerca de R$ 955,1 milhões.

Triunfo (TPIS3, R$ 2,99, +2,40%)
Em dados operacionais referentes ao período entre janeiro e maio apresentados ao mercado, a companhia informou que o tráfego em rodovias caiu 2,6% na comparação anual. Já a movimentação de contêineres cresceu 2,8% nos mesmos parâmetros. O total de passageiros em Viracopos, por sua vez, teve alta de 3,5%, e o volume de cargas cresceu 17,3% em suas áreas de atuação.

Contax (CTAX3, R$ 4,40, -0,23%)
A companhia informou o mercado que foi aprovado em assembleia geral de debenturistas  a postergação dos vencimentos dos pagamentos de juros remuneratórios das debêntures de 3ª emissão, previstos anteriormente para 15 de junho. Depois disso, a assembleia foi suspensa, com reabertura prevista para 28 de junho.

Locamerica (LCAM3, R$ 9,17, +2,12%)
A locadora de automóveis comunicou que foi aprovada pelo conselho de administração a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, em série única, no total de R$ 300 milhões, com prazo de duração de cinco anos e vencimento previsto para 20 de junho de 2022.

Prumo (PRML3, R$ 8,41, +1,94%)
A Prumo Logística assinou contrato para assumir a responsabilidade pela construção e futura operação da termelétrica Novo Tempo, com 1,2 gigawatt em capacidade instalada, um empreendimento que pertencia anteriormente à Bolognesi Energia, segundo comunicado da empresa ao mercado nesta sexta-feira.

De acordo com a Prumo, o contrato está sujeito a condições precedentes e prevê ainda a transferência a ela de todos os 37 contratos de comercialização de energia fechados pela usina junto a distribuidoras de eletricidade. O empreendimento selou os contratos em um leilão de energia promovido pelo governo em 2014, mas posteriormente a Bolognesi passou a procurar sócios ou compradores para a usina devido à falta de recursos para a construção.

Recomendações

As ações de Tenda (TEND3, R$ 14,01, +0,07%) foram iniciadas com recomendação outperform pelos analistas do Banco do Brasil. Já os papéis da Gafisa (GFSA3, R$ 11,22, -0,36%) receberam recomendação de market perform. Os papéis da BR Malls (BRML3, R$ 12,35, +0,82%), por sua vez, foram elevadas de underperform para neutras pelo Safra, ao passo que as ações da Cesp (CESP6, R$ 15,98, -0,44%) foram rebaixadas de outperform para neutras pelo Credit Suisse.