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Enquanto a Petrobras (PETR4) sofre com a pressão política em razão da alta do preço da gasolina, que já custou o cargo de dois presidentes da estatal, outras petroleiras que atuam no Brasil só têm a celebrar a cotação do petróleo acima dos US$ 100 por barril. Empresas como PetroRio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3), Enauta (ENAT3) e PetroReconcavo (RECV3) estão batendo recordes de lucro e programando investimentos bilionários e aquisições.
O mercado de petroleiras médias no Brasil se desenvolveu exatamente após a decisão da Petrobras, na década passada, de se desfazer de campos de extração mais maduros para focar na exploração do pré-sal, o que é mais rentável para a companhia. Com isso, as petroleiras médias passaram a disputar os ativos da estatal.
Essa missão ficou mais fácil nos últimos anos. Após o preço do petróleo ter chegado a níveis negativos em 2020, no início da pandemia de covid-19, o barril da commodity já é negociado há mais de um ano a valores superiores ao patamar pré-pandemia. E a guerra entre Rússia e Ucrânia veio para consolidar o movimento de elevação da commodity.
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O atual nível de preços – o maior em sete anos – faz essas petroleiras de menor porte registrarem valorizações de suas ações na Bolsa bem acima do índice Ibovespa e dos registrados pela própria Petrobras. “Estamos em um cenário animador e de grandes perspectivas com a demanda crescente para as companhias. O mercado está atribuindo um risco menor a essas empresas em relação aos papéis da Petrobras”, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
A maior dessas companhias é a PetroRio, que vem sendo apontada por analistas como a empresa mais eficiente do setor na América Latina. No ano passado, a empresa teve receita de R$ 4,4 bilhões, alta de 131% em relação a 2020. Mas o que chamou mais a atenção dos analistas foi o crescimento de 152% do seu lucro, para R$ 1,3 bilhão. De acordo com Milton Rangel, diretor financeiro da petroleira, um dos pontos mais importantes para esse resultado foi a redução de 20% no seu custo de extração, para US$ 11,80 por barril.
Com isso, a empresa está de olho em novos investimentos e aquisições. “A PetroRio estendeu em mais de dez anos a vida útil de todos os seus ativos, produzindo mais óleo com menos emissões de carbono, movimentando a economia e gerando empregos. Devemos seguir assim”, afirma Rangel.
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E ainda vai entrar na conta da empresa a exploração do Campo de Wahoo, na Bacia de Campos, que tem potencial para 125 milhões de barris. Desde a sua estreia na Bolsa, em 2015, as ações da companhia já registram valorização de mais de 5.000% – o que a colocou no posto de queridinha dos investidores nesse período.
Aumento da competição
Porém, a PetroRio não está sozinha nesse mercado, que está ficando mais competitivo. A 3R Petroleum, que é fruto da união das empresas 3R e Ouro Preto, estreou na B3 em 2020 e, de lá para cá, se tornou uma máquina de aquisições. Com três poços em operação, a empresa tem outros seis que irão começar a operação nos próximos anos. “Vamos ter de 400 a 500 milhões de barris de reservas de 2P (classificação de reservas provadas e prováveis)”, afirma Ricardo Savini, presidente da 3R Petroleum.
De 2020 para 2021, a companhia mais que triplicou o faturamento, que fechou em R$ 727,8 milhões. Agora, depois de tantas aquisições, a 3R quer rentabilizar os negócios – parte das compras são ativos que a Petrobras não queria mais. “Agora é o momento de crescimento orgânico e de revitalizar os negócios”, afirma Savini.
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Provar ser capaz de tirar o máximo de seus ativos é o desafio da companhia no curto a médio prazos, de acordo com analistas. Para a XP, como a 3R está no mercado há pouco tempo, a falta de histórico de produção joga contra a empresa, cujo papel está sendo negociado a um valor relativamente baixo na Bolsa, apesar de ter duplicado de preço desde sua estreia no mercado.
“Muitos investidores questionam se a 3R será capaz de extrair valor do campo de Papa Terra, onde a Petrobras falhou. Com óleo pesado e baixo fator de recuperação, o VPL (valor presente líquido) do campo é altamente dependente da produtividade futura dos poços”, escreveram os analistas André Vidal, Victor Burke e Marcella Ungaretti.
Riscos à frente
Os riscos, porém, não estão concentrados somente no fato de que os campos podem ter menos petróleo do que se imaginava – como ocorreu com a OGX, de Eike Batista – e na desvalorização do preço do petróleo com o ajuste de demanda esperado para os próximos anos. No mundo, há um movimento de transição energética para fontes mais limpas. Diversos países na Europa, por exemplo, já assumiram o compromisso de eletrificar toda a sua frota de carros entre 2030 e 2050.
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Para Márcio Couto, consultor sênior da FGV Energia, essa transição não vai ocorrer nessa velocidade especialmente em países de economias emergentes – e a alta dos preços do petróleo durante a pandemia só corroboraram o argumento. Logo, Décio Oddone, presidente da Enauta, quer aproveitar o momento para continuar o processo de expansão da empresa.
“Vamos no mínimo duplicar nossa operação e focar em trazer o máximo de valor aos acionistas”, diz Oddone. No ano passado, a petroleira alcançou seu maior lucro da história, de R$ 1,4 bilhão, número que ajudou a Enauta a ter a maior alta dentre as companhias do setor listadas na B3.
O executivo aponta que não enxerga que a transição do petróleo para energias renováveis se dará antes de 2100, então os planos da companhia se mantém em um horizonte de médio a longo prazo. “O petróleo pode diminuir a participação na matriz energética, mas vejo a produção aumentando. Mas a Enauta também está de olho em investir em novas frentes de energia limpa no futuro”, diz Oddone.
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