Petroreconcavo (RECV3) reafirma que não recebeu comunicado da Petrobras (PETR4) sobre suspensão da venda de Bahia Terra

Executivo da companhia deu a entender que está disposto a conversar com a estatal sobre a finalização do acordo.

Augusto Diniz

(Shutterstock)
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Depois de apresentar dias atrás o relatório de certificação de suas reservas de petróleo (no qual revelou forte pressão de custos nos projetos), a Petroreconcavo (RECV3) realizou nesta quinta (22) nova teleconferência para, dessa vez, relatar os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) a analistas de mercado.

A empresa, no entanto, teve que retomar mais uma vez as discussões em torno da assinatura final ou não com a Petrobras (PETR4) da aquisição do Polo Bahia Terra. O CEO da petroleira junior, Marcelo Magalhães, disse que “não está formalmente interrompido” o processo de closing do contrato.

“Não está claro do lado de lá exatamente qual é a decisão. A gente vai e volta. Até mesmo coisas assinadas dá a impressão que serão revistas. Coisas não assinadas estão em processo. Quanto tempo esse processo vai levar, talvez 90 dias”, comentou o executivo.

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Campos maduros

“A mensagem que a gente tem capturada da nova gestão da Petrobras é que eles não querem sair da Bahia (local do Polo Bahia Terra)”, disse. Por outro lado, Guimarães diz que “não captou necessariamente a mensagem que eles querem continuar operando campos (de petróleo) maduros”.

O CEO da Petroreconcavo exemplifica que, em um dos textos recentes de Jean Paul Prates, novo CEO da Petrobras, ele cita que a estatal não pretende atuar em campos maduros – os campos maduros são aqueles que já atingiram pico de produção e exigem revitalização e investimentos para continuar operando a níveis elevados.

“Não estamos aqui na espera, nós estamos tocando nossa vida. Como mencionei mais cedo, a grande prioridade da companhia é manter níveis de eficiência que permitam executar o que estava previsto”, acrescentou o executivo.

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Campo da estatal segue no radar

Mas o Bahia Terra segue no radar da companhia, disse Magalhães. Ele considera a Petroreconcavo com situação financeira e capacidade para assumir o polo. “Precisa entender melhor qual é efetivamente a diretriz da Petrobras. A Bahia Terra é uma um ativo que a gente acha que tem a contribuir”, destacou a analistas de mercado.

Marcelo Magalhães destacou o longo relacionamento que mantém com a Petrobras, inclusive na divisão de utilização de estruturas da estatal na Bahia e venda de óleo.

Abertura de diálogo

“A gente se posiciona como uma empresa muito específica onshore, campos maduros e de upstream. A gente se posiciona mais de forma complementar do que competitiva à Petrobras”, ressaltou. O executivo deu a entender que está disposto a conversar com a estatal sobre a finalização do acordo.

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“Temos uma perspectiva bastante favorável de voltar a conversar com a Petrobras, ainda que dentro de outros parâmetros em que a gente possa enxergar valor para os acionistas deles e eles possam criar valor para gente”, complementou.

O CEO comentou também as ressalvas feitas pelos analistas de mercado sobre o capex bem acima as estimativas apresentado durante a teleconferência do relatório de certificação das reservas de petróleo. Segundo ele, a Petroreconcavo quer ser mais transparente com o mercado nesse item, realizando encontros com analistas para explicar detalhadamente como a companhia define seu capex e qual o nível de atividade que ele vai gerar.

O executivo destacou na abertura que o setor experimentou em 2022 um ano de muita volatilidade, causada principalmente pela combinação de eventos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia. O cenário macroeconômico mundial foi bastante complexo, caracterizado por uma inflação alta e persistente, acrescentou ele.

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“Mesmo em um cenário de muitas incertezas e com novos ativos em seu portfólio, a companhia entregou um crescimento robusto, consistente e sustentável”, disse.

Os resultados

Os analistas de mercado destacaram os números da companhia como em linha com o esperado.

Segundo o Itaú BBA, a queda no preço do petróleo foi parcialmente neutralizada pelo aumento na produção de petróleo e gás, previamente divulgado pela companhia, ditando o ritmo do trimestre. Isto levou a PetroReconcavo a reportar um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de R$ 391 milhões, superando as expectativas do banco de R$ 360 milhões, mas abaixo do consenso do mercado. O BBA manteve recomendação de “compra” para RECV3, com preço-alvo de R$ 38 ao fim de 2023.

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A XP também avalia que embora o novo relatório de certificação tenha sido uma notícia negativa, não concorda com os níveis de valuation atuais e vê isso como uma reação exagerada.

“Para além de mais enfraquecimento nos preços do Brent (não é nosso cenário base, mas não deixa de ser um risco importante considerando o ambiente macroeconômico internacional), vemos a maioria de potenciais cenários ruins embutidos nos preços atuais das ações e mantemos nossa recomendação de compra”, afirmam os analistas da casa.