Por que algumas criptomoedas dispararam até 45% após ofensiva regulatória nos EUA?

Na segunda-feira (13), a empresa cripto Paxos anunciou a interrupção da emissão de sua stablecoin por causa da pressão do regulador dos EUA

Lucas Gabriel Marins Paulo Alves

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A investida do regulador financeiro dos Estados Unidos contra a empresa cripto Paxos e suas stablecoins Binance USD (BUSD) e Pax Dollar (USDP) gerou efeito positivo nas criptomoedas de plataformas descentralizadas (DeFi).

DeFi é o nome dado ao conjunto de serviços financeiros, como empréstimos, transferências e sistemas de pagamentos, que rodam em uma blockchain e não dependem de intermediários.

O LQTY, token nativo da plataforma de stablecoin descentralizada Liquity, disparou 45% nas últimas 24 horas, alcançando US$ 1,07, o maior valor de dois meses. A Liquity é um protocolo de empréstimo descentralizado que permite sacar empréstimos com criptomoedas.

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O GMX, token nativo de uma exchange descentralizada (DEX) homônima, subiu 13% desde ontem. Uma DEX é uma corretora que permite a negociação peer-to-peer (P2P) de criptoativos.

O CRV, ativo digital do protocolo de finança descentralizada baseado no Ethereum (ETH) Curve Finace, valorizou 11% no período. Já o MKR, token do MakerDAO, que foi um dos primeiros protocolos de empréstimos descentralizados do mercado, deu um salto de 3% nas últimas 24 horas.

O possível motivo para o rali dos ativos digitais descentralizados é que os tokens DeFi, por natureza, não são administrados ou coordenados por nenhuma entidade, como grupo ou empresa. Portanto, teoricamente eles ficam fora do radar dos órgãos reguladores e da censura.

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“A minha opinião é que a gente vai fortalecer ainda mais os ativos de DeFi, vai conscientizar as pessoas a utilizar o meio descentralizado”, avalia Luísa Pires, head de criptoativos da Levante, em participação no Cripto+, o programa semanal do InfoMoney sobre o mundo cripto.

“Não é possível banir um criptoativo”, continua Luísa. “A Índia, a Nigéria e a China já tentaram banir, mas o que de fato acontece é que, quando um governo tenta banir [as criptomoedas], há um efeito rebote”.

Outras criptos que dispararam nos últimos dias, como a Lido, que sobe 17% nas últimas 24 horas, estão ligadas à descentralização do staking, o mecanismo pelo qual investidores depositam ativos em um software de blockchain para se habilitar como validador de dados e receber uma remuneração pela tarefa.

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“No médio prazo, esses ativos tendem a valorizar, tanto os que suportam o staking de cripto de forma descentralizada, e a tese de finanças descentralizadas, vão se maturar de forma mais rápida, e veremos uma adoção muito mais interessante”, explica a analista da Levante.

Na segunda-feira (13), a Paxos anunciou que iria interromper a emissão do BUSD no dia 21 de fevereiro após pedido do regulador de capitais. Os resgastes das unidades já existentes poderão ser feitos até fevereiro de 2024.

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A empresa, segundo reportagem publicada no final de semana pelo The Wall Street Journal, também está sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC). O regulador acredita que a BUSD pode ser um valor mobiliário não registrado.

“O (caso) BUSD prova a necessidade de stablecoins descentralizadas e resistentes à censura”, disse Ignas, pseudônimo de um pesquisador do mercado DeFi, ao CoinDesk.

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Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney