Por que o primeiro pregão de 2016 deve ser (muito) agitado na Bovespa

Dia de forte queda para as bolsas mundiais, rebalanceamento do Ibovespa, discurso do Fed e MP que trata sobre tributação de bebidas são destaques

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ano de 2016 mal começou e o primeiro pregão do Ibovespa deve ser bastante movimentado, com diversos acontecimentos logo nos primeiros dias do ano. Os mercados mundiais têm um dia de forte queda nesta segunda-feira (4), principalmente por conta do sell-off chinês, enquanto as tensões no Oriente Médio aumentam e prometem levar à volatilidade do preço do petróleo. Por aqui, destaque para o rebalanceamento do Ibovespa. Confira abaixo no que se atentar nesta segunda-feira:

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1 – Bolsa chinesas caem 7%
As bolsas chinesas iniciaram 2016 com uma forte queda, de quase 7%, e também inauguraram o mecanismo de “circuit breaker”, destinado a restringir a volatilidade. Xangai fechou em queda de 6,86% com as pesquisas da atividade industrial fraca e com a queda do iuan aumentando as preocupações sobre a economia em dificuldade, forçando as bolsas a suspenderem as operações pela primeira vez.  Já a queda de cerca de 7% foi o pior começo de ano da história para índice chinês CSI 300.

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 As perdas no começo da sessão cresceram rapidamente, com as operações sendo suspensas por volta das 3h30 (horário de Brasília), cerca de 90 minutos antes do horário regular de fechamento. 

As vendas se intensificaram após breve interrupção das operações de 15 minutos, quando os principais índices recuavam 5 por cento, e a atividade do dia em Xangai e Shenzhen foi interrompida logo depois. Perdas no começo da sessão cresceram rapidamente, com as operações sendo suspensas por volta das 3h30 (horário de Brasília), cerca de 90 minutos antes do horário regular de fechamento.

Além disso, o Banco Central da China fixou a cotação do yuan frente ao dólar hoje em 6,5032, enfraquecendo a moeda chinesa ante a última cotação, de 6,4936, e levando o yuan ao nível mais baixo frente à moeda americana desde 2011.

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2 – Tensões no Oriente Médio
Além da China, as atenções se voltam para as tensões no Oriente Médio. Após abrir em forte alta, o petróleo amenizou. A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com o Irã após a execução do líder religioso xiita Nimr al-Nimr.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, condenou a execução do líder religioso e afirmou que os sauditas sofrerão “uma vingança divina” pelo ato. O ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Adel Al Jubeir, disse que os diplomatas iranianos tinham 48 horas para deixar o país. O líder supremo do Irã afirmou que a Arábia Saudita enfrentaria “rápidas consequências” pela execução do clérigo.  

O religioso era opositor declarado da família real saudita e havia sido preso em 2012, após uma série de protestos da minoria xiita no Bahrein. A manifestação no país vizinho foi contida em uma ação conjunta das autoridades sauditas e barenitas e foi considerada extremamente violenta pelas entidades de defesa dos direitos humanos. Após a execução, centenas de muçulmanos xiitas foram às ruas protestar pela morte de al-Nimr na Arábia Saudita, no Bahrein, no Iêmen, no Irã e no Líbano. Às 8h04 (horário de Brasília), o brent tinha alta de 0,54%, a US$ 37,48 o barril.

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3 – Discursos do Fed
O ano já começou com discursos de alguns membros do Federal Reserve. No domingo, o presidente do Federal Reserve de San Francisco, John Williams, afirmou que um ambiente de demanda persistentemente fraca pode exigir mais ajuda do que as políticas de taxa de juros podem oferecer. 
“Há outras políticas que poderiam ser melhor implementadas para ajudar à economia do que o baixo nível dos juros. Isso não empurraria nem para cima nem para baixo a inflação”, disse.

Já o vice-presidente da autoridade monetária, Stanley Fischer, afirmou que uma série de novas ferramentas financeiras destinadas a ajudar o Federal Reserve a alcançar sua alta histórica de juros no mês passado “provaram-se efetivas” e reduziram preocupações internas. 

“Uma possível preocupação com as nossas políticas não convencionais tem diminuído recentemente, com os instrumentos de normalização do Federal Reserve mostrando-se eficazes no aumento da taxa de fundos federais seguindo a nossa reunião de dezembro”, disse Stanley Fischer, segundo no comando do Fed, em uma conferência de economia. O Fed apertou a política monetária no mês passado pela primeira vez em quase uma década.

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4 – Rebalanceamento do Ibovespa
Hoje acontecerá o rebalanceamento do Ibovespa, que deve mexer com algumas ações da Bolsa. As ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) saíram do índice. 
A nova carteira aparece com 61 ações, frente 64 anteriormente, com a retirada, além da Eletrobras ON, dos papéis da BR Properties (BRPR3) e Gol (GOLL4). A Souza Cruz também ficará de fora do Ibovespa, já que deixou de ser listada na Bolsa após cancelamento de registro de companhia aberta. A única inclusão ficou com a ação da Weg (WEGE3). 

5 – Medidas Provisórias
Na última sexta-feira (1), a presidente Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisória 690, que dispõe sobre a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre bebidas quentes, como vinho e destilados, convertida agora na Lei 13.241. 

A proposta aprovada pelo Congresso aumenta a tributação sobre essas bebidas quentes e acaba com a isenção do PIS/Pasep e da Cofins concedida a produtos eletrônicos, aumentando também a tributação a computadores, smartphones, roteadores e tablets.

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Pela lei, o IPI incidente sobre as bebidas quentes passará a ser calculado com uma alíquota sobre o valor do produto (é a chamada alíquota ad valorem). Até então, o IPI era um valor fixo por determinada quantidade produzida (alíquota ad rem).

Na prática, será cobrado um valor porcentual sobre o valor do produto na saída da indústria. As alíquotas vão variar de 10% a 30%, dependendo do tipo de bebida. Os porcentuais foram definidos por decreto já editado pelo governo. No caso da industrialização por encomenda, quando uma empresa produz a bebida para outra, o IPI será cobrado tanto na saída da empresa que produziu como na da que encomendou.

No caso dos produtos de informática, a lei revoga legislação anterior que isenta os produtos de informática do pagamento da contribuição do PIS/Pasep e da Cofins nas vendas do varejo. O estímulo integrava o Programa de Inclusão Digital, criado para ampliar a produção nacional de equipamentos de informática em 2005.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.