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SÃO PAULO – Embora capazes de sustentar as fortes altas observadas no setor financeiro europeu no pregão desta segunda-feira (26), os resultados dos teste de estresse com 91 bancos do continente estão sendo encarados com certa desconfiança por parte dos investidores e economistas.
Na última sexta-feira, o CEBS (Comitê de Supervisores Bancários Europeu) revelou o desempenho obtido nos testes, com sete instituições reprovadas: o Hypo Real State na Alemanha, o ATEBank da Grécia e outros cinco bancos de pequeno porte espanhóis. Juntas, tais instituições mostraram um déficit de capital de € 3,5 bilhões.
Perda de tempo
E é com uma avaliação de demérito que Jim Rogers afirma que os testes não foram suficientemente rigorosos. Encarando-os como um exercício de relações públicas, o investidor chega a classificá-los como uma “perda de tempo e de tinta jornalística”.
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“[Os testes] foram um mero exercício de relações públicas, assim como ocorreu na América”, afirmou em entrevista à CNBC, fazendo alusão aos mesmos tipos de testes realizados em 2009 com instituições financeiras norte-americanas.
Outros problemas
Para o investidor, existem outros fatores que deveriam ter sido levados em conta na avaliação dos 91 bancos: “há mais problemas a surgir nos mercados cambiais, nos fundos de pensões, em alguns estados e cidades norte-americanas”.
Os resultados também não foram capazes de convencer Nouriel Roubini. O economista, famoso por antever a crise de 2008, afirmou que “as suposições assumidas sobre o crescimento econômico e sobre o risco soberano não são suficientemente realistas”, acrescentando ainda que elas poderiam não refletir o futuro agravamento das condições econômicas europeias.
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Também retomando os testes com bancos dos EUA, Roubini exibe a mesma linha de pensamento de Rogers, avaliando que não foram duros o suficiente, mas resultaram em uma disparada no preço das ações de alguns dos maiores bancos do país.
No mesmo tom, Steve Bernstein, CEO (Chief Executive Officer) da Oppenheimer Investment Ásia, avalia que os testes foram lenientes. “O teste não foi rigoroso o suficiente. Com o passar do tempo, deve haver outros bancos que precisarão levantar mais capital”, afirma, referindo-se aos sete bancos cujos capitais foram considerados insuficientes em caso de um agravamento da frágil situação da economia local. “É menos do que eu esperava”, conclui.
Bom demais para ser verdade?
“Que os bancos iriam passar no teste isso era óbvio: seria improvável que o próprio BC europeu criasse um problema para si mesmo em meio à atual crise financeira”, afirma a equipe da Gradual Investimentos. “No entanto, ficou no ar uma sensação que o resultado ‘foi bom demais para ser verdade’”, dispara.
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Para seus analista, houve dois problemas na questão: um do lado do “teste”, e outro por parte do “estresse”. “Do lado do Teste só foram testados os Trading Books dessas instituições, excluindo assim a totalidade dos ativos destes bancos”, avaliam.
Por seu turno, “o cenário adverso que o BCE (Banco Central Europeu) trabalhou é significativamente ruim” por não ter levado em consideração uma possível quebra de algum país da Zona do Euro.
Adoção de estresses variados
Rebatendo a crítica de que os cenários utilizados não foram dos mais austeros, Giovanni Carosio, líder do Comitê de Supervisão Bancária Europeia, afirmou que os resultados são detalhados o bastante para que os investidores possam trabalhar eles mesmos com o quadro de estresse que desejarem.
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Objetivo cumprido
Enquanto isso, o governo alemão acredita que a reação positiva do mercado aos resultados sinaliza que eles atingiram os seus objetivos e que não há mais necessidade de mais medidas sobre as instituições, afirmou a porta-voz do Ministério das Finanças, Jeanette Schwamberger, nesta segunda-feira (26).
“É um sinal muito encorajador que nós tenhamos atingido o objetivo dos testes”, afirmou.