Prefeito de Chapecó é investigado por pedir que empresários orientem trabalhadores a votar em Bolsonaro

Caso se soma a outras denúncias de assédio eleitoral contra empresas, que se avolumaram na reta final da campanha opondo Bolsonaro a Lula

Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em audiência com o Secretário-Geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). (Foto: Isac Nóbrega/PR)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) em audiência com o Secretário-Geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues, está sob investigação por dizer a líderes empresariais da cidade, um polo de frigoríficos, que devem orientar colaboradores a votar no presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), de acordo com três pessoas familiarizadas com o caso.

As fontes disseram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Santa Catarina instaurou um procedimento investigatório contra o prefeito. Em nota, a Procuradoria Geral de Chapecó disse à Reuters que desconhece o procedimento e irá se manifestar após ter ciência oficial do conteúdo.

“Reúnam os seus colaboradores e orientem eles. O Brasil não pode virar uma Venezuela. E só não vai virar se Bolsonaro continuar presidente do Brasil”, disse Rodrigues em um vídeo visto pela Reuters, dirigindo-se à comunidade empresarial local, declarando em seguida o seu nome e cargo.

O caso se soma a outras denúncias de assédio eleitoral contra empresas, que se avolumaram na reta final da campanha opondo Bolsonaro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o MPT, são crimes eleitorais a concessão ou promessa de benefício ou vantagem em troca do voto, bem como o uso de violência ou ameaça com o intuito de coagir alguém a votar ou não em determinado candidato.

Quase 850 denúncias desse tipo foram registradas este ano, ante 212 na eleição de 2018, de acordo com dados compilados por procuradores do MPT em Brasília.

Uma das fontes familiarizadas com o caso do prefeito de Chapecó, que pediu anonimato, disse que a investigação foi desencadeada pelo vídeo em que ele se refere ao segundo turno de 30 de outubro.

“Com o Lula como presidente, nós vamos enfrentar uma crise gravíssima”, diz Rodrigues no vídeo, alertando os empresários sobre um suposto plano de Lula de elevar impostos para impulsionar programas sociais.

“Ele não está preocupado com a indústria brasileira. Ele quer aumentar a carga tributária para aumentar os programas sociais”, acrescentou.

No final do vídeo de 55 segundos, Rodrigues diz aos líderes empresariais para colocar “mãos à obra”.