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SÃO PAULO – A forte euforia nos mercados no último pregão de setembro, repercutindo o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras, os “bons ventos” no noticiário político brasileiro e os estímulos da China, rendeu mais do que um dia positivo para a bolsa: ela foi capaz de salvar o Ibovespa do amargo recorde de pior desempenho trimestral desde 2008.
O principal índice de ações da bolsa brasileira subiu 2,10%, para 45.059 pontos – maior alta desde 16 de setembro. No entanto, mantendo esses patamares, ele fecha setembro com queda de 3,36%, sendo o 3º mês seguido no vermelho, acumulando no trimestre uma queda de 15,11%.
Foi o pior trimestre do Ibovespa desde o 2º quarto de 2013, quando ele caiu 15,74% entre abril e junho. Contudo, se o trimestre tivesse fechado ontem, em 44.131 pontos, a queda trimestral seria de 16,86%, superando assim outros recorde negativo (-16,15%, do 3º trimestre de 2011) e voltando para o último trimestre de 2008, quando o Ibovespa despencou 24,20% no ápice da crise do subprime.
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Por aqui, a Petrobras (PETR3; PETR4) marcou ganhos de até 10%, alcançando sua maior alta diária desde fevereiro, repercutindo o anúncio de reajuste de 6% nos preços da gasolina e de 4% do diesel. Das 64 ações que fazem parte do índice, apenas 11 operavam em queda no final do pregão, enquanto 10 papéis subiam mais de 4%.
As bolsas internacionais também mostravam forte alta neste fechamento de mês, repercutindo as notícias da China – o gigante asiático reduziu os impostos na compra de carros e na entrada para a compra do primeiro imóvel de 30% para 25%. No entanto, muitas delas também tiveram recordes negativos neste trimestre.
O dólar comercial teve queda de 2,30% a R$ 3,9655 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro recuou 2,31% a R$ 3,972. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 caiu 41 pontos-base a 15,56%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 teve queda de 57 pontos-base a 15,54%.
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Cenário político
O Ibope revelou mais uma pesquisa de avaliação da presidente Dilma Rousseff nesta quarta, com a aprovação bom/ótimo do governo da presidente oscilando para cima, passando de 9% para 10%. 69% consideram o governo ruim/péssimo e 21% veem o governo como regular. A desaprovação do modo de governar da presidente passou de 82% para 83%.
Além disso, a votação dos vetos presidenciais está ameaçada por sessão convocada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estaria irritado com a aprovação do fim do financiamento privado de campanha. Ontem, o clima de disputa entre Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aumentou por conta do tema. Na semana passada, o Congresso analisou 26 dos 32 vetos da presidente Dilma em pautas bomba que poderiam prejudicar o esforço fiscal. A maioria foi mantida, mas a sessão acabou interrompida por falta de quórum antes do voto de questões importantes como o reajuste dos servidores do judiciário.
Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,54, +8,79%; PETR4, R$ 7,24, +9,86%) fecharam em alta depois de subir mais de 10% na máxima do dia, pós-anúncio do aumento dos preços dos combustíveis. O aumento veio em um momento em que a estatal se confronta com dívida crescente, a queda dos preços do petróleo e um escândalo de corrupção de grandes proporções. Alinhar os preços domésticos aos níveis internacionais é vital para as finanças da Petrobras e permitir que a companhia venda ativos de refinarias, afirmaram fontes com conhecimento direto do tema anteriormente à Reuters.
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Além da notícia do reajuste, a Petrobras teve cobertura iniciada pelo Macquarie, com recomendação underperform (desempenho abaixo da média). O preço-alvo para os próximos 12 meses é de US$ 2,80 por ação.
O aumento dos preços também impulsionou a companhia do setor sucroalcooleiro Cosan (CSAN3, R$ 20,13, +5,95%), que deve ver o preço do álcool ficar mais competitivo.
A Vale (VALE3, R$ 16,58, +0,61%; VALE5, R$ 13,32, +0,763%), que chegou a subir mais de 3% na máxima do dia, fechou em uma alta mais modesta com a melhora no cenário externo após estímulos na China. O minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em alta de 0,48%, a US$ 56,32. Hoje, às 22h45, serão divulgados três PMIs da China, lembrando que o gigante asiático tem bastante influência por ser o maior consumidor de commodities mundial.
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As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 7,24 | +9,86 | -27,74 | 766,02M |
ESTC3 | ESTACIO PART ON | 14,10 | +9,30 | -39,75 | 36,92M |
PETR3 | PETROBRAS ON | 8,54 | +8,79 | -10,95 | 272,78M |
GOLL4 | GOL PN N2 | 3,67 | +7,00 | -75,82 | 6,72M |
BBAS3 | BRASIL ON | 15,20 | +6,07 | -30,90 | 183,57M |
Entre as quedas ficaram as ações de exportadoras como Fibria (FIBR3, R$ 53,80, -1,21%), que, por possuir sua receita denominada na moeda norte-americana, costuma sofrer na Bolsa quando o dólar cai.
O setor siderúrgico também terminou o pregão do lado das quedas com: Gerdau (GOAU4, R$2,95, -4,53%) e Gerdau Metalúrgica (GGBR4, R$ 5,47, -3,70%) caindo mais de 3%.
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As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
GOAU4 | GERDAU MET PN | 2,92 | -5,50 | -73,74 | 23,13M |
GGBR4 | GERDAU PN | 5,47 | -3,70 | -41,55 | 124,10M |
MRVE3 | MRV ON | 6,09 | -3,18 | -14,80 | 26,43M |
OIBR4 | OI PN | 2,79 | -2,45 | -67,60 | 8,29M |
USIM5 | USIMINAS PNA | 3,35 | -2,33 | -33,30 | 34,37M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 7,24 | +9,86 | 766,02M | 413,48M | 77.204 |
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN | 26,51 | +2,28 | 612,60M | 528,65M | 49.571 |
BRFS3 | BRF SA ON | 70,59 | +0,54 | 360,99M | 200,14M | 15.742 |
BBDC4 | BRADESCO PN | 21,42 | +1,95 | 360,12M | 308,68M | 44.709 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 8,54 | +8,79 | 272,78M | 184,36M | 35.521 |
CIEL3 | CIELO ON | 36,66 | +0,77 | 240,93M | 183,76M | 21.623 |
VALE5 | VALE PNA | 13,32 | +0,76 | 230,66M | 379,87M | 29.591 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 19,42 | +0,31 | 230,19M | 295,35M | 22.348 |
JBSS3 | JBS ON | 16,80 | +1,27 | 216,30M | 177,53M | 29.450 |
FIBR3 | FIBRIA ON | 53,80 | -1,21 | 195,93M | 116,78M | 15.753 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
Cenário externo
Nos Estados Unidos, o dia também foi de alta com os principais índices acionários subindo mais de 2%. O índice Dow Jones subiu 1,47%, a 16.285, e o Nasdaq teve alta de 2,27%, a 4.620 pontos. Hoje foi divulgada a pesquisa ADP Employment, com o número de novos empregos criados, que foi de 200 mil em agosto, em linha com as expectativas do mercado. Em julho foram gerados 186 mil empregos.
As bolsas europeias tiveram alta, seguindo avanços em Tóquio e Xangai. Os índices FTSE 100, DAX e CAC 40 registraram ganhos entre 2% e 3%. No noticiário europeu, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro caiu 0,1% em setembro ante igual mês do ano passado, após mostrar ganho anual de 0,1% em agosto, segundo números preliminares divulgados hoje pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. A prévia de setembro veio abaixo da expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que previam estabilidade do indicador.
Os mercados acionários asiáticos tiveram um rali nesta quarta-feira, após recuar para mínimas de 3 anos. Hoje, o gigante asiático reduziu seu imposto na compra de carros e cortou a entrada para compra do 1º imóvel de 30% para 25% em cidades sem restrições à compra de moradias. O mercado chinês tem feriado de 5 dias a partir de amanhã.
O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão subiu 1,92%, depois de ter chegado a cair 2,3%, atingindo seu nível mais baixo desde junho de 2012 na terça-feira devido a temores de que a desaceleração na China pode frear o enorme apetite do país por commodities e recursos.
“O ambiente atual representa uma inversão das expectativas, sobretudo altistas da demanda por commodities e crescimento da China, para expectativas mais balanceadas de crescimento progressivo, e não exponencial”, disse o diretor administrativo da White Funds Management AngusGluskie.
E o pregão de amanhã?
No radar do primeiro dia de outubro, fica a reunião de conclusão da reforma ministerial da presidente Dilma Rouseff, ainda sem hora marcada, a divulgação do PMI Industrial do Brasil às 11h00 e o discurso do presidente do Fed de São Francisco, John Williams, às 15h30.
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