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SÃO PAULO – Um ano atrás, o mercado enfrentava sua fase mais traumática diante da crise. Os tombos rotineiros, seguidos por alguns saltos expressivos, desafiavam o poder de compreensão dos principais indicadores de volatilidade do mercado, que quebravam recordes históricos diariamente. Foi a fase dos circuit breakers para a bolsa brasileira. E de seu fundo do poço desavisado.
Diante da volatilidade extrema, se tornava praticamente impossível fazer qualquer previsão para o movimento das ações. Até porque o cenário era de total incerteza. Os governos anunciavam pacotes diariamente, enquanto o mercado demorava a interpretar a potencial eficácia de cada um. As reais proporções da crise ainda não passavam de projeções.
Foi neste ambiente que o Ibovespa atingiu seu fundo do poço desta crise, exatamente no dia 27 de outubro de 2008. O fechamento daquele pregão marcava 29.435 pontos, graças a mais uma queda impressionante, desta vez de 6,50%. Cinco meses antes, o mesmo índice apontava 73.516 pontos com a esperança trazida pelos primeiros investment grades.
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Mas a história deste fundo do poço vai muito além; afinal, são 60% de desvalorização em cinco meses. O pregão de 27 de outubro fica como a marca mais agressiva da crise para a bolsa brasileira, mais pelos números do que pelo contexto.
Sem novidade, aversão ao risco
Isto porque aquela sessão, apesar da pontuação histórica do índice, não trouxe grandes novidades para o mercado. É um claro exemplo da aversão ao risco em estado bruto. Na ausência de uma informação relevante, para o bem ou para o mal, o investidor se apegou à falta de esperança diante de tantos eventos atípicos em curto espaço de tempo.
A segunda-feira trazia apenas expectativas quanto a agenda de indicadores do dias seguintes, que reservava, entre outras divulgações, a apresentação do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano no terceiro trimestre de 2008. Certeza de novas preocupações. Ironicamente, o evento mais importante do dia sugeria otimismo: com o governo dos EUA anunciando aporte de US$ 31 bilhões aos bancos médios.
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Algumas comparações | Um ano atrás | Out/2009* | % |
Ibovespa | 29.435 | 65.085 | +121% |
Dow Jones | 8.100 | 9.868 | +21,8% |
Risco-Brasil | 607 pontos-base | 221 pontos-base | -386 pb |
Petróleo NY | US$ 63,22 | US$ 78,68 | +24% |
A queda de 6,5% do Ibovespa reserva algumas oscilações significativas, como a das ações preferenciais da Petrobras, que despencaram 11,2% diante da trajetória declinante dos preços do petróleo. Naquela fase, o indicador de risco-Brasil contornava o patamar de 600 pontos, enquanto o Dow Jones operava em volta de 8.100 pontos.
120% até aqui
Em si, alguns pregões apresentam movimentação bem mais significativa que a segunda-feira de 27 de outubro de 2008. Para se ter uma ideia, o Ibovespa vinha de cinco baixas consecutivas até consolidar seu menor patamar em três anos e seu fundo do poço na crise. Mais do que estes 6,5%, havia caído 10,2% três dias antes e 14,6% uma semana antes.
Mas toda a trajetória negativa precisa de um pregão que a simbolize. Mas apesar do simbolismo ser negativo, os 29.435 pontos também representam o ponto de inflexão do Ibovespa. Dali em diante, o predomínio de uma trajetória ascendente trouxe o índice de volta à casa de 65 mil pontos um ano depois. Se por um lado a queda foi de 60% em cinco, a recuperação proporcionou 120% deste fundo do poço até aqui.
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*Cotações de “outubro de 2009” na tabela com base nos fechamentos de 26/10/2009.
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