Procurando segurança? Veja 10 motivos para comprar ou evitar ações do setor elétrico

Inelasticidade da demanda garante que empresas apresentem menor volatilidade; pagamento de bons dividendos é atrativo

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A crise da dívida soberana europeia e os temores de uma possível recessão nos Estados Unidos têm pressionado o desempenho do mercado acionário brasileiro, levando o Ibovespa a acumular uma queda de 19,86% até o fechamento de terça-feira (13). Neste cenário, o setor de energia elétrica pode ser uma forma de proteção contra a atual crise vivida nas economias desenvolvidas e contra a intensa volatilidade.

Os investidores se refugiam no mercado doméstico brasileiro, cuja perspectiva de crescimento permanece mais sólida. Para aumentar ainda mais a proteção, optam por setores com menor elasticidade de demanda, mais resistentes e com melhor desempenho durante a crise. Composto por empresas com demanda previsível e contratos de longo prazo, consumo e receitas relativamente estáveis, o setor elétrico aparece como a estrela de muitas carteiras conservadoras e de dividendos.

Avaliando o atual momento vivido pelo mercado, a InfoMoney lista 10 motivos para comprar ou vender as ações do setor de energia, seja para aproveitar o aspecto defensivo e os bons dividendos, ou para não esquecer dos riscos de execução. 

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1- Comprar: aspecto defensivo
Proteção: essa talvez seja a palavra que chama mais atenção quando se trata do setor de energia elétrica. A crise de dívida na Europa, o frágil crescimento da economia norte-americana e a volatilidade nos mercados fazem “a estabilidade dessas ações ser uma coisa valiosa nesse períodos. O mercado passa por épocas excelentes e ruins, e nessa última o setor é superior”, afirma Gregório Matias, analista da Pax Corretora.

O índice do setor na BM&F Bovespa é um prova da segurança do setor. Até o fechamento de terça-feira (13), os papéis medidos pelo IEE, avançavam 4,08%, enquanto as ações que compilam o IMOB, de imobiliárias, setor com maior elasticidade de demanda e menos resiliente nesses momentos, recuavam 19,36%

“É uma ótima opção para quem esta receoso com a evolução da economia, com possíveis problemas no futuro que venham acarretar pioras no mercado”, diz Eduardo Oliveira, da equipe de análise da Um Investimentos.

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2 – Comprar: solidez das empresas
“As empresas tem um nível de lucratividade bom, são boas pagadoras de dividendos, com yields elevados e geram bons resultados”, afirma Gregório Matias. O analista também lembra que as empresas possuem uma baixa necessidade de contrair empréstimos por conta de sua baixa necessidade de novos investimentos, o que colabora para fortalecer o perfil de solidez.

3 – Comprar: forte marco regulatório
O setor de energia elétrica também é um dos mais regulados no Brasil, o que induz a ideia de solidez e estabilidade para o setor, protegendo-o contra oscilações e choques bruscos que poderiam atrapalhar a performance das empresas e das suas ações. “O sistema tem uma agencia reguladora forte, a Aneel (Agência Nacional Energia Elétrica), o que ajuda bastante em relação de contratos de longo prazo”, destaca Matias. 

A regulação, por outro lado, também implica em fatores negativos, ao influenciar um dos principais drivers para o setor: o reajuste tarifário. A própria Aneel autoriza ou nega esse tipo de reajuste nos preços, tornando as empresas reféns desse tipo de arbitrariedade. O governo também é responsável por concessões, e a falta de renovação, ou renovação em termos inferiores, pode pesar no desempenho da companhia.

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4 – Comprar: setor acompanha crescimento da economia
A dupla de analistas acredita que o principal fator que influencia o setor é o próprio crescimento da economia brasileira. “Na próxima década precisaremos de grandes projetos, como para as Olimpíadas e para a Copa do Mundo, com uma população querendo consumir, o que vai gerar crescimento e maior demanda por energia”, lembra Matias.

Já Oliveira fala de números que podem ser analisados para uma melhor compreensão das perspectivas para essas empresas, como o crescimento da indústria. Embora as perspectivas para o crescimento da economia nacional estejam sendo reduzidas ao longo do ano pelo Banco Central, ainda há um grande espaço para suprir a demanda para o crescimento do país, ou uma nova época de racionamento pode acontecer.

5 – Comprar: foco no mercado interno
A crise no exterior traz um atrativo a mais para as ações voltadas para o mercado interno, como o setor de consumo e mesmo de energia elétrica, já que, expostos à menores riscos, deverão apresentar menores recuos. Outros setores, como o de mineração, são especialmente voltados ao mercado externo, e as menores perspectivas para o desempenho das principais economias mundiais, como Estados Unidos e Europa, colabora para a queda dos papéis ligados à empresas dependente dessas economias.

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E por ora, a economia brasileira tem estado mais pressionada em relação à novos investimentos no setor que estes mercados, visto que a indústria norte-americana, por exemplo, tem operado com capacidade ociosa elevada e taxa de desemprego por lá é elevada, ao contrário da versão nacional desse mesmo indicador. “É natural que o setor siderúrgico apresente melhores taxas em momentos de extremo crescimento chinês, tendência que se inverte quando tratamos o cenário externo se apresenta pior”, lembra Matias.

6 – Comprar: setor diversificado
A energia elétrica pode ser gerada de diversas maneiras, o que garante que o setor acabe por ter uma diversificação natural. “Há usinas termoelétricas, hidráulicas e vemos algumas de biomassa. E o petróleo pode entrar nas usinas de gás, se ocorrer algum problema”, garante o analista da Pax Corretora.

Dessa forma, o setor acaba por ser menos frágil à fatores específicos, como uma alta exacerbada do preço do gás, o que danificaria parte da matriz energética brasileira, mas não ela por inteiro. A oscilação nos papéis gerada por esses fatores, também pode ser benefíca para os investidores, que podem tirar proveito da mesma.

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Há empresas, por exemplo, que apostam em diferentes tipos de energia, como a Renova (RNEW11), com foco em energia eólica, e a MPX Energia (MPXE3), que foca em gás natural. A existência dessa divergência garanta que as empresas se beneficiem por uma queda da demanda dos serviços de suas rivais.

Além da diferença na forma de geração, há também a diferença no ponto da cadeia produtiva em que as empresas se encontram. Estas podem ser tanto geradoras, transmissoras e distribuidoras, apresentando características próprias e ganhos e riscos regulatórios próprios. Há empresas mais integralizadas, como a estatal mineira Cemig (CMIG4), que se encontra em todo o processo. 

7 – Comprar: bons dividendos
A característica mais vísivel das empresas de energia elétrica é a alta taxa de pagamento de dividendos, fato que leva esse tipo de papel a dominar as carteiras recomendadas com esse intuíto. Por não terem a necessidade de intensos investimentos, as empresas acabam por ter uma grande disponibilidade de pagar proventos.

8 – Comprar: regularização de desvios de energia
A perda de energia, por conta de irregularidades, como gatos, atrapalha sistematicamente o setor, já que representa um roubo de um produto, pressionando a tarifa para aqueles que pagam pelo mesmo. Casos específicos já foram capazes de reduzir esse problema e propulsionar a performance das ações das empresas. “Quando houve o apaziguamento dos morros no rio, e cortou-se muitos gatos, aumentou-se bastante a receita da Light (LIGT3) na época”, destaca Oliveira.

Não só as ações públicas de redução de desvios têm colaborado, como a própria evolução demográfica brasileira. Conforme mais pessoas deixam a pobreza e passam a viver em áreas de maior atuação estatal, a tendência é de mais fiscalização, o que reduziria os roubos e colaboraria para um menor nível de perdas. 

9 – Vender: performance fraca em bons momentos
Se por um lado as ações recuam menos, ou até avançam, nos momentos macroecônomicos ruins, há de se lembrar que a performance de outros setores tende a superar o setor em momentos bons. “Os papéis costumam ficar para trás de ações como de consumo e siderurgia. É normal que quando a economia está indo bem isso ocorra”, lembra Matias.

Para certos investidores, a segurança é mais valiosa do que uma margem de ganhos maior. “O setor de energia elétrica é ideal para os conservadores e aqueles que pretendem manter a renda”, diz o analista. Tal característica, contudo, não torna o setor em um investimento ruim, na visão de Matias, mesmo em momentos positivos para o mercado. “A performance quando a economia cresce também é boa, só fica atrás de empresas com demanda mais elástica”, aponta.

10 – Vender: risco de execução
Riscos para o setor existem e continuarão a existir. A alta demanda, aliada ao baixo crescimento da oferta, pode resultar em um deles. “Alguns projetos podem não entrar em vigor na data prevista”, destaca o analista da Pax Corretora.

O fato é que alguns megaprojetos em execução têm apresentado vida conturbada, seja por detalhes de sua execução ou seja por atrasos sistemáticos. Um exemplo é a construção da Usina de Belo Monte, que com potencial de geração de 11,2 mil MW (megawatts) se tornaria a terceira maior usina hidrelétrica mundial e poderia, sozinha, abastecer mais de 12% de toda a população nacional, mas cuja construção tem sido desafiada por ambientalistas.

Atentar-se para o aumento exacerbado do consumo ante a disponibilidade da oferta pode se tornar um indicativo interessante para avaliar as ações do setor.”O país voltar a passar por um racionamento, embora este ainda seja um risco controlado”, finaliza Matias, aliviando o que poderia ser um dos piores cenários para o setor. 

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