Quais ações de varejistas devem ganhar mais com o início do ciclo de cortes na taxa de juros?

XP mantém preferências por Vivara, Soma e Grupo Mateus, enquanto destaca Assaí e Renner como nomes interessantes para ter em cenário de recuperação

Felipe Moreira

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Na semana passada, o Banco Central deu início ao ciclo de afrouxamento mentário com um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, para 13,25%, o que surpreendeu boa parte do mercado, além de sinalizar cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões.

Com base nisso, em relatório, a XP Investimentos destacou os potenciais impactos do começo do ciclo de cortes nas taxas de juros no lucro líquido das varejistas.

O estudo foi feito com base em uma análise de sensibilidade da alavancagem financeira das varejistas, que revelou que cerca de 80% da dívida das varejistas sob a cobertura da XP é atrelada ao CDI.

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Ainda segundo relatório, a média de alavancagem das companhias é de aproximadamente 1,5 vez a relação entre dívida Líquida/Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (sem IFRS) no primeiro trimestre de 2023 (1T23), apesar de algumas contarem com uma posição de caixa líquido (como Renner LREN3, Track&Field TFCO4 e Petz PETZ3), enquanto outras ultrapassam 2 vezes o múltiplo de alavancagem (como Via VIIA3, Magalu MGLU3, Assaí MGLU3, Carrefour CRFB3 e Pague Menos PGMN3).

Nesse contexto, as principais beneficiadas com a queda de juros seriam C&A (CEAB3), Via (VIIA3), Guararapes (GUAR3) e Assaí (ASAI3), enquanto Lojas Renner LREN3), Petz (PETZ3) e Vulcabras (VULC3) estão entre as menos afetadas, seja por conta de uma baixa alavancagem ou pela posição de caixa líquido.

De acordo com a análise da XP, para cada corte de 1 ponto percentual na Selic, na média o lucro das varejistas cresce 2%, enquanto observa ganhos de mais de 5% em companhias alavancadas.

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Em termos de avaliação, a XP destaca que a performance das varejistas tem sido mista desde o corte nos juros: “por um lado, um ciclo de cortes mais acelerado poderia significar um alívio nos resultados financeiros versus o esperado; por outro, o poder de compra dos consumidores ainda está pressionado e deve levar um tempo até se recuperar, especialmente em categorias mais sensíveis ao crédito”.

Com isso, analistas acreditam que o efeito de curto prazo do ciclo de cortes será nos resultados financeiros, enquanto os efeitos na demanda devem ser observados com mais força no final do ano e em 2024, uma vez que o endividamento dos consumidores se mantém e deve tomar um tempo até que seja ajustado.

Por fim, a instituição financeira mantém suas preferências por Vivara (VIVA3), Grupo Soma (SOMA3), Grupo Mateus (GMAT3), enquanto destaca Assaí e Lojas Renner como nomes interessantes para ter exposição em um cenário de recuperação macroeconômica.