Qual será a reação dos mercados à inflação do consumidor dos EUA? Analistas fazem projeções para o S&P500

Índice de Wall Street pode representar fortes variações, de queda à alta expressivas caso seja divulgado um número muito diferente das projeções

Lara Rizério

(Getty Images)
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Depois da ata da última reunião do Federal Open Market Committee (Fomc) e da inflação ao produtor nos EUA, os olhos do mercado se voltam nesta quinta-feira (13) para a divulgação do índice de preços ao consumidor no país, o dado mais importante da semana.

Mesmo com a visão de uma política monetária mais branda (“dovish”) a princípio descartada após os dados de emprego apresentados na semana passada e com os integrantes do Fed reforçando a preocupação com a inflação, analistas de mercado destacam que uma alta forte da inflação a ser divulgada nesta sessão pode ser um fator a mais de preocupação para os mercados. As projeções Refinitiv são de alta de 0,2% em setembro do índice cheio frente agosto e de 8,1% na comparação anual.

Segundo a mesa de trading do JPMorgan Chase, qualquer número acima do dado anterior, de variação positiva de 8,3% ano a ano, pode representar um fator de baixa para o mercado acionário. O S&P500 poderia cair 5% caso esse dado se concretize. A equipe de análise do banco ainda lembra que o índice teve queda de 4,3% em 13 de setembro após o dado de agosto,  que ficou acima do esperado.

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Já se os dados vierem em um intervalo de 8,1% a 8,3% (os economistas do JPMorgan esperam um número de 8,1%), o S&P500 ainda teria queda, mas menos expressiva, entre baixa de 1,5% e 2%.

“O CPI desta semana será o catalisador mais importante para a reunião do Fed de 2 de novembro; [alta de] 0,75 ponto percentual parece uma conclusão precipitada, mas as duas reuniões seguintes carecem de consenso”, escreveu a equipe do JPMorgan. Um dado de inflação mais forte pode levar o mercado de títulos a reprecificar outro aumento significativo da taxa de juro em dezembro.

Já uma inflação mais branda poderia estimular um rali das bolsas, com o S&P 500 podendo subir de 2% a 3% se a inflação ao consumidor ficar abaixo de 7,9%. A reação positiva pode ser mais pronunciada se a inflação recuar mais do que os 60 pontos-base vistos em julho.

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A equipe de análise da XP aponta estar mais otimista do que o consenso de mercado sobre os números do CPI, esperando que o índice de inflação “cheio” tenha queda de 0,07% na base mensal e que o núcleo do índice (que exclui alimentos e energia, cujos preços são mais voláteis) suba 0,24%, levando a aumentos respectivos de 7,7% e 6,3%, respectivamente, na comparação anual. Isso enquanto o  consenso de mercado projeta alta de 0,2% na base mensal para o CPI “cheio” e de 0,4% para o núcleo.

Os analistas da casa veem uma probabilidade material de que o desempenho dos preços de carros e caminhões usados ​​surpreenda os mercados para o lado positivo (ou seja, a deflação se mostrar mais significativa do que o esperado).

Para eles, este é o grande dado econômico do mês junto com o relatório de emprego divulgado na semana passada e deve ter grande impacto no mercado.

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“Se nossa previsão se mostrar precisa para o núcleo da inflação, não ficaríamos surpresos ao ver o o S&P500 saltando entre 3% e 4% com o aumento da probabilidade do Fomc decidir a favor da alta dos juros em ‘apenas’ 50 pontos-base na reunião de novembro. Se o dado do CPI principal imprimir um número em torno de 0,4%, achamos que a venda contínua do mercado irá acelerar, à medida que os futuros dos Fed Funds ajustariam os preços para taxas terminais ainda mais altas”, apontam.

A XP reitera a sua visão de que o Fomc pode cometer um erro de política monetária ao aumentar as taxas tão rápido, pois os efeitos sobre a economia agregada de um aperto agressivo que já foi entregue ainda não se tornou evidente e porque a maioria dos indicadores de alta frequência estão mostrando que a economia está desacelerando de forma agressiva no momento.

“Se nossa previsão do CPI se mostrar correta, acreditamos que o Fed decidirá a favor do aumento das taxas em apenas 50 pontos-base na reunião de novembro, e a decisão a ser tomada na reunião de dezembro estará sujeita a quão bom ou ruim o emprego e o dado de inflação ao consumidor de outubro e novembro se mostrarem”, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.