Queda do preço do petróleo prejudicaria meta para emissões de carbono

Ao mesmo tempo em que implica uma energia mais barata para os países consumidores, a queda do preço do petróleo bruto também ameaça os esforços globais de longo prazo para controle da poluição

Bloomberg

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8 de janeiro (Bloomberg) — Ao mesmo tempo em que implica uma energia mais barata para os países consumidores, a queda do preço do petróleo bruto também ameaça os esforços globais de longo prazo para controle da poluição.

A redução da renda nacional com impostos do setor de energia e “o ambiente econômico de baixo crescimento” poderiam fazer com que os países restringissem suas promessas de imposição de limites às emissões para depois de 2020, levando a mais emissões de carbono por um período maior, disse Zoe Knight, chefe do centro de mudança climática do HSBC Holdings Inc. em Londres. Essas propostas serão apresentadas durante um processo de proteção climática da Organização das Nações Unidas que começa em março.

O dinheiro público “para o aumento do financiamento às energias de baixo carbono e para melhora da eficiência energética pode ser mais escasso”, disse Knight, ontem em uma nota enviada por e-mail. A redução dos fundos do governo “levam a escolhas difíceis a respeito da alocação de fontes de capital, que em contrapartida poderiam redundar em uma ligação às energias de alto carbono a longo prazo”, disse ela.

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A Agência Internacional de Energia disse em novembro que até 2040 o mundo provavelmente alcançaria o teto de emissões recomendado por um painel de cientistas formado pela ONU. Se esse limite de um total extra equivalente a 1 trilhão de toneladas de dióxido de carbono for excedido, é improvável que os aumentos de temperatura permaneçam dentro da meta de 2 graus Celsius acima do nível de 1880, segundo a AIE, que tem sede em Paris.

Ontem, o petróleo Brent ficou abaixo dos US$ 50 por barril pela primeira vez desde maio de 2009 em meio a sinais de continuidade de excedente de oferta. Os contratos futuros subiram 58 centavos, a US$ 51,73, hoje nas negociações na ICE Futures Europe, com sede em Londres. Eles caíram 52 por cento nos últimos 12 meses.

Os países emergentes deverão registrar as maiores perdas com a queda do preço, porque os países de fora da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico produziram 76 por cento do petróleo do mundo em 2013, segundo dados publicados pela BP Plc em junho.

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Os 66,3 milhões de barris por dia em média produzidos por essas economias em desenvolvimento foram avaliados em US$ 2,6 trilhões naquele ano, baseados em um preço médio para o Brent de US$ 108,71 por barril. A US$ 50 por barril, o valor cairia para US$ 1,2 trilhão.

‘Risco limitado’
Os esforços nacionais para limitar as emissões continuarão apesar da redução da expansão econômica e há apenas um “risco limitado” de que o acordo climático fechado no fim deste ano em uma reunião em Paris seja desfeito, disse o HSBC. Contudo, é “duvidoso” que as promessas nacionais, colocadas juntas, sejam suficientemente ambiciosas como para atender a meta dos 2 graus, disse o banco.

Os países emergentes “têm recursos financeiros limitados para incorporação de uma resiliência aos fatores de risco, o que afetará o ritmo do desenvolvimento econômico”, disse Knight. “Os países em desenvolvimento continuam preocupados de que as nações desenvolvidas não estão fazendo o suficiente para mitigar o aquecimento ou fornecer recursos financeiros suficientes para a adaptação. Nós esperamos que isso seja apresentado claramente no acordo de Paris”.

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Em dezembro, enviados de 190 países se reuniram em Lima, no Peru, e deram um primeiro passo em direção à meta de comprometer todos os países com os limites para o gás de efeito estufa. Apesar de delinear as informações que os países precisam fornecer para apoiar suas promessas, os compromissos serão voluntários.

Capital necessário
Os níveis mais baixos de capital do governo por causa da queda dos preços do petróleo fazem com que seja ainda mais importante que países e empresas “deem sinais de que entendem os desafios de longo prazo que possibilitarão um mundo de baixo carbono e de que estão ampliando os esforços para atacar esses desafios empregando o capital de forma apropriada”, disse Knight.

Os enviados a Lima não chegaram a um acordo a respeito de como diferenciar o que os países ricos precisam fazer para reduzir a poluição e que compromissos precisam ser aceitos por países em desenvolvimento como a Índia e o Brasil.

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“As quedas do preço do petróleo mostram o perigo de se ter uma economia pesadamente dependente dos combustíveis fósseis”, disse Bob Ward, diretor de políticas do Instituto de Pesquisa Grantham para a Mudança Climática e o Meio Ambiente da London School of Economics.

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