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A queda em abril no volume de serviços do Brasil, divulgada na manhã desta quarta-feira (15) pelo IBGE, veio mais forte que a esperada pelo mercado – na comparação com março, houve retração de 1,6% ante consenso de recuo de 0,5% -, confirmando a tendência de desaceleração antecipada pelos analistas. Como o setor continuar a “andar de lado” nos próximo meses, as projeções são de que a alta acumulada em 2023 perderá força até fechar o ano entre 2% e 3%.
Para Rodolfo Margato, economista da XP, o dado de abril decepcionou, reforçando o cenário de enfraquecimento da atividade doméstica ao longo de 2023. Ele destacou que a queda interrompeu uma sequência de dois ganhos consecutivos na comparação mensal, levando a uma retração de 0,3% no trimestre móvel encerrado em abril.
Ele calculou que o efeito de carrego estatístico para o 2º trimestre – ou seja, assumindo taxas de variação nulas em maio e junho – equivale a um declínio de 0,5% na comparação com o 1º trimestre.
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Na análise desagregada por setores, ele citou o recuo de 4,4% na categoria “Serviços de Transporte e Armazenagem” respondeu por grande parte da surpresa negativa com o índice geral de serviços.
“Nossas estimativas já consideravam alguma compensação em abril após o forte desempenho desta atividade no 1º trimestre, impulsionado pela safra agrícola recorde, mas o declínio se mostrou mais acentuado do que imaginávamos”, explicou Margato.
Ele citou ainda números mais fracos em “Serviços de Transporte Terrestre”, “Serviços de Armazenagem” e o volátil grupo de “Serviços de Transporte Aéreo”, destacando que serviços de transporte e armazenagem representam mais de 35% do índice geral do setor terciário.
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Pelo lado positivo, o economistas destacou “Serviços Prestados às Famílias”, que retomaram crescimento em abril após três recuos mensais consecutivos. “A maior renda disponível às famílias e o alívio na inflação de curto prazo, particularmente de alimentos, contribuíram para tal melhoria”, afirmou.
Margato disse ainda que continua a acreditar que a maioria dos segmentos de serviços terão perda gradual de força em 2023, como reflexo da dissipação do “impulso pós-Covid”, somado ao enfraquecimento do setor industrial e alguma estabilização das condições do mercado de trabalho. A XP projeta elevação de 3,0% para as receitas reais de serviços no ano.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, também destacou a forte queda no segmento de transportes e de serviços de informação e comunicação, ambos com impacto importante no cálculo da Pesquisa Mensal de Serviços. “Esse recuo devolve a alta registrada pelos mesmos setores em março, que foi de 4,1% e 1,1% respectivamente”, comparou.
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Por outro lado, os serviços prestados às famílias tiveram movimento oposto, registrando alta de 1,2% em abril após queda de 1,1% em março. “Apesar da volatilidade no mês a mês, o resultado de hoje acaba nivelando o indicador ao patamar de setembro do ano passado. Ou seja, o setor de serviços parou de crescer desde então”, alertou.
Efeito dos juros
Para os meses à frente, Claudia afirmou que o segmento deve continuar andando de lado. “Isso se dá, sobretudo, por conta dos juros altos que vêm impactando o setor desde o final do ano passado e desacelerado a economia como um todo”, justificou. “Nossa previsão de crescimento do PIB para 2023 é de 2%. Para 2024, nossa estimativa é que o crescimento do PIB seja de 1%”, disse.
O Bradesco também considerou que a PMS de abril frustrou as expectativas, mas destacou que, quando a pesquisa é ponderada pelos pesos dos setores no PIB, a queda foi menos intensa, de 0,4% na margem. “Com isso, o carregamento estatístico para o 2º trimestre está em 0,8%, uma aceleração ante o resultado estável do 1º trimestre.”
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O banco concorda em sua análise que o dado de abril coloca um vetor de atenção para o setor no trimestre atual, mas comentou que há dois aspectos a serem considerados. O primeiro é que houve uma redução de dias úteis por conta de feriados prolongados no mês. O outro é exatamente a citada ponderação dos dados da PMS pelo PIB, que indicou desaceleração mais gradual. “Não alteramos nossa projeção de alta de 2,1% do PIB neste ano”, disse o Bradesco no relatório.
Já o Santander Brasil viu mais sinais negativos do que positivos na pesquisa, uma vez que apenas os serviços às famílias trouxeram algum alento. A análise assinada por Gabriel Couto destacou ainda as revisões para baixo na série: o dado de janeiro ante o mesmo mês do ano anterior passou de + 5,9% para +5,2%, o de fevereiro recuou de 5,2% para 4,8% e o de março saiu de 6,5% para 6,3%.
“Continuamos vendo sinais de desaceleração para a atividade ampla à frente, já que segmentos mais cíclicos indicam uma tendência contínua de desaceleração devido a condições financeiras altamente restritivas. Além disso, esperamos que o impacto positivo da safra recorde de verão se limite ao 1º trimestre e ao início do 2º trimestre”, comentou.
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O Goldman Sachs também projeta um enfraquecimento do impulso da reabertura econômica, com condições monetárias e financeiras domésticas apertadas e altos níveis de endividamento das famílias. Mas vê também alguma ajuda dos impactos de estímulos fiscais, expansão da renda real do trabalho, redução da inflação e renda agrícola robusta.