Publicidade
SÃO PAULO – Queda na bolsa, ações registrando forte desvalorização, medo, movimentos irracionais. E no meio disso tudo, muitas companhias brasileiras têm anunciado planos de recompra de suas próprias ações. Com que intuito?
Basicamente, a queda das ações já torna-se um bom motivo para as empresas realizarem essas recompras, tendo em vista que o declínio recente do Ibovespa em uma forte intensidade acaba distanciando o preço desses ativos daquilo que eles realmente deveriam valer. Em outras palavras, nesse momento a ação está subprecificada por conta de motivos mercadológicos, e não por conta de uma deterioração nos fundamentos da empresa.
O que querem as empresas?
Há de se lembrar que se há uma lógica que governa os mercados, essa é a do próprio interesse. As empresas não fazem esse tipo de programa por pura benevolência, já que elas podem ser instrumentos úteis tanto para a empresa, quanto para os seus acionistas.
Continua depois da publicidade
Assim, basicamente, ganha-se de duas maneiras distintas: “quando você compra ações e cancela, você tem menos acionistas e portanto o lucro é dividido entre menos sócios, fazendo um provento maior por ação. Outra forma é que a empresa vai ter um ganho financeiro na venda.”, diz Eduardo Dias, analista de investimentos da Omar Camargo.
Contudo, qualquer movimentação pública – esse tipo de programa precisa ser comunicada ao mercado – é também uma forma de transmitir um pensamento, comunicar uma intenção. Comprando suas próprias ações, a empresa busca expressar que possui clara confiança em seu negócio.
“Essa decisão tem como objetivo mostrar que o grupo está acreditando no seu negócio, sinalizando que o ativo está barato”, explica Ivanor Torres, analista da Geral Investimentos. Torres também chama a atenção para o fato de que um programa desses, de uma forma ou de outra, eleva a liquidez das ações a serem recompradas.
Continua depois da publicidade
O bom, o ruim e o programa
Vale mencionar, porém, que mesmo empresas em momentos distintos na bolsa têm realizado essas operações. Basta pegar os dois casos de recompra de ações recentemente vistos nesta semana – MRV (MRVE3) e Telesp (TLPP4). Enquanto os papéis da construtora acumulam perdas de 24,27% em 2011, os ativos da companhia de telecomunicações já subiram 18,43% no acumulado do ano – até o fechamento da última quinta-feira (11).
Segundo os especialistas, embora um momento de desvalorização das ações seja um bom motivo para a recompra, o principal fator deve-se mesmo à expectativa dessas empresas aos seus resultados futuros. No caso acima, se ambas acreditam em um cenário positivo para elas mesmas no longo prazo, então o programa de recompra é válido para as duas, seja qual for o preço atual do papel.
“Isso vem de fatores diferentes, que cada empresa considera, como o valor patrimonial. Vai da administração de cada empresa”, explica Dias, Omar Camargo.
Continua depois da publicidade
Crise e confiança
Contudo, se o preço da ação está relativamente “barato”, a operação torna-se ainda mais atrativa, ressalta Dias. Assim, o investidor há de lembrar que a crise financeira de 2008 fora um período onde esses programas também ganharam maior frequência. Em meio aos movimentações irracionais que o mercado tem apresentado, a tendência é de que essas recompras continuem ocorrendo no curto prazo.
Empresas que anunciaram recompra de ações nos últimos 30 dias:
Empresa | Ações da Empresa | Anúncio | Total de ações compradas | Prazo |
---|---|---|---|---|
Natura | NATU3 | 21/07 | 2,3% | 365 dias |
Cyrela Realty | CYRE3 | 04/08 | Até 10% | – |
Odontoprev | ODPV3 | 05/08 | 0,87% | 229 dias |
Marcopolo | POMO4 | 08/08 | 1,59% | 120 dias |
MRV Engenharia | MRVE3 | 10/08 | 3,23% | – |
Telesp | TLPP4 | 11/08 | 10% de ações PN | Até 20 de outubro |
GOL | GOLL4 | 12/08 | 10% | 356 dias |