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Após três semanas com foco quase que exclusivo na guerra dos russos contra os ucranianos, o mercado volta a olhar para a China com preocupação. Além do alinhamento com o governo de Vladimir Putin, o que poderia gerar retaliações e sanções também contra a economia chinesa, o país asiático, que tem uma política de “zero Covid”, enfrenta mais uma onda do coronavírus. Em caso de novos lockdowns, são esperados novos impactos na cadeia de suprimentos, que ainda não havia retornado aos níveis pré-pandemia.
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Mas houve um terceiro motivo para índices e ações de tecnologia recuarem hoje: a mão pesada do regulador. A Tencent Holdings, um dos maiores provedores de internet da China, poderá pagar uma multa nunca antes vista na indústria, por violar regras anti-lavagem de dinheiro. Segundo o Wall Street Journal, o WeChat Pay, instituição de pagamento da gigante de tecnologia, estaria permitindo a transferência de recursos para atividades consideradas ilícitas, como jogos de azar. O aplicativo também não teria cumprido com regras de transparência, para identificar os usuários que fazem esse tipo de transação. Com a notícia, as ações da Tencent caíram mais de 10%. O índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, que conta com ações de várias techs chinesas, registrou forte queda de 4,97%.
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“Isso abriria precedentes para mais multas e mais investigações sobre outras empresas chinesas de tecnologia, o que já vinha acontecendo”, afirma Jennie Li, estrategista de ações da XP, em entrevista ao Radar InfoMoney desta segunda (assista acima). O cerco do governo chinês contra empresas de tecnologia acontece há pelo menos dois anos e já custou bilhões de dólares às techs.
No final de 2020, a gigante de comércio on-line Alibaba foi alvo de uma investigação das autoridades chinesa por suspeita de prática de monopólio. Em abril do ano passado, a estatal chinesa de regulamentação do mercado impôs uma multa de 18,2 bilhões de yuans (US$ 2,86 bilhões) – cifra correspondente a 4% das vendas da Alibaba na China em 2019.
O órgão antitruste chinês concluiu que a empresa do bilionário Jack Ma impedia que os comerciantes de sua plataforma anunciassem produtos em empresas rivais, por meio de acordos de negociação exclusiva. Antes disso, o Ant Group, que faz parte do conglomerado Alibaba, teve seu IPO suspenso após Ma dizer que o sistema regulatório chinês estava “sufocando a inovação”. O governo de Xi Jinping ordenou uma investigação sobre a oferta pública de ações, que estava prevista para novembro de 2020 ficou conhecida na época como “o maior IPO do mundo”, pois levantaria US$ 34 bilhões nas Bolsas de Shangai e Hong Kong.
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No final do ano passado, a Didi, dona do aplicativo 99, anunciou a saída da Bolsa de Nova York pouco meses depois de seu IPO sob pressão do governo chinês. A empresa havia levantado US$ 4,4 bilhões em sua oferta de ações, com uma alta demanda de investidores. A temporada da Didi em Nova York foi marcada por sanções do governo chinês, que chegou e exigir que a empresa fosse banida das lojas de aplicativos da China. O governo de Xi Jinping alegava que a Didi representava riscos à segurança cibernética e infringia leis de privacidade.
Na sexta-feira, cabe ressaltar, os papéis da companhia desabaram 44%, após a Bloomberg informar que a companhia não cumpriu os requisitos de segurança de dados necessários para prosseguir com a oferta de ações em Hong Kong. A decisão foi tomada no momento em que a Administração do Ciberespaço da China (CAC) informou aos executivos da empresa que suas propostas para evitar vazamentos de segurança e dados ficaram aquém dos requisitos de exigência. Os principais aplicativos da Didi, retirados das lojas locais no ano passado, permanecerão suspensos por enquanto.
“A China foi um dos piores mercados no ano passado por conta desse excesso de regulação”, afirma Jennie Li. Segundo ela, muitos analistas esperavam a mão pesada do regulador daria um alívio agora em 2022. O caso da Tencent pode mostrar que eles estavam errados.
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