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Após semanas de tensão provocada por fatores macroeconômicos, traders de criptomoedas estão focando no avanço interno do ecossistema de criptomoedas – mais especificamente, na transição da blockchain de contratos inteligentes Ethereum (ETH) para o mecanismo de prova de participação (proof-of-stake) e expectativa de alta do ETH.
“Para o verão, meu sentimento é de alta para o ETH, já que o staking, após a transição, vai oferecer retornos melhores do que os retornos reais ou ajustados à inflação dos mercados tradicionais”, afirmou trader e analista Alex Kruger em entrevista ao CoinDesk.
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Na semana passada, os desenvolvedores do Ethereum testaram com sucesso a esperada transição do mecanismo de prova de trabalho (proof-of-work) para prova de participação, chamada de ETH 2.0.
A mudança permitirá que usuários mantenham moedas depositadas em uma carteira para dar amparo a operações na rede em troca de recompensas em ETH – ou seja, funciona como investimento passivo em cripto.
Segundo Kruger, os rendimentos de staking de ETH devem ficar entre 10% e 15% ao ano. A empresa de análise de blockchain IntoTheBlock espera que os retornos sejam mais altos do que o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, que registrou 7,9% em fevereiro, um pico de quase 40 anos.
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“Com a transição [para prova de participação], quem vai receber as taxas é quem faz o staking, e não os mineradores. Espera-se que isso resulte em recompensas entre 7% e 12%”, declarou a IntoTheBlock em newsletter publicada na sexta-feira (18).
Investidores provavelmente vão preferir qualquer ativo ou estratégia de investimento que ofereça rendimentos reais positivos. No momento, a maioria dos investimentos tradicionais geram retornos negativos quando ajustados à inflação.
No universo cripto atual, o famoso trade de cash and carry do Bitcoin (BTC) rende -4,9% em termos reais, ao passo que depositar ETH no protocolo de staking Lido gera um retorno de -3,9% ajustado à inflação.
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ETH 2.0 para instituições
Após o sucesso do teste da transição, pesquisadores esperam que o lançamento da rede principal aconteça no final de junho. Observadores preveem um aumento na adoção institucional com o upgrade ETH 2.0.
“Estou bastante otimista. A estimativa dos rendimentos após a transição é de, no mínimo, 10%. Além disso, trocar para prova de participação facilita adoção de instituições, pois elas não precisam se defender quanto ao consumo de energia, uma das discussões associadas ao Bitcoin e às moedas que utilizam a prova de trabalho”, disse Ilan Solot, sócio da TagusCapital Multi-Strategy Fund, ao CoinDesk.
- Assista: O que é Staking? Entenda tudo sobre a renda passiva em criptomoedas
O mecanismo de consenso de prova de participação é mais ecológico do que o de prova de trabalho, que recompensa mineradores com tokens por resolver contas matemáticas complexas para validar transações. O consumo de energia desse processo é enorme.
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A mineração de BTC tem uma pegada de carbono equivalente à de algumas nações desenvolvidas, o que impede instituições de adotar a criptomoeda. A fabricante de carros elétricos Tesla suspendeu pagamentos com Bitcoin no ano passado, alegando preocupações com o meio ambiente associadas à mineração das moedas.
“A Beacon Chain [contrato de depósito lançado em dezembro de 2020] introduziu o staking mas não modificou fundamentalmente como o Ethereum funciona. Isso tudo muda em 2022, com a fusão na rede principal e a transição de mecanismo, reduzindo o consumo de energia em 99,95% e eliminando uma pegada de carbono do tamanho da Finlândia”, afirmou Ruben Merre, CEO da carteira de criptomoedas NGRAVE, no LinkedIn.
No começo do mês, o contrato inteligente do Ethereum 2.0 passou de 10 milhões de ETH depositados.
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Reserva de valor e escalabilidade
A transição do Ethereum deve deflacionar o ETH e poderá transformar a criptomoeda em reserva de valor, uma narrativa inicialmente ligada apenas ao Bitcoin. “Após a transição, estima-se que a quantidade de ETH emitido vai cair 90%, o que faria com que as taxas de rede [queimadas] levassem a oferta de ETH cair 5% ao ano”, disse a IntoTheBlock.
O ritmo de expansão da oferta de ETH já desacelerou. Uma atualização implementada no Ethereum em agosto do ano passado introduziu um mecanismo que queima (tira de circulação) uma porção das taxas pagas a mineradores.
Desde então, mais de 2 milhões de ETH — ou mais de US$ 5,78 milhões — foram destruídos, levando a uma redução de oferta líquida de 65,2%, segundo dados do site Watch the Burn.
Alguns especialistas afirmaram ainda que uma nova atualização prevista para depois da transição será um catalisador mais significativo para o preço da criptomoeda.
Trata-se do sharding, uma tecnologia que divide a rede do Ethereum em diversas porções chamadas de “shards” (fragmentos) para dividir a carga. A mudança deve ajudar a reduzir o congestionamento da rede e, com isso, aumentar a velocidade das transações.
“Depois da transição, vem o sharding, pelo qual a escalabilidade é facilitada”, disse Laurent Kssis, especialista em ETFs de criptomoedas e diretor da CEC Capital.
“Será que ela vai sinalizar que o status da Ethereum como a blockchain dominante da Web 3 é, de fato, merecido e sustentável? Na minha opinião, [o problema com] as taxas de rede não vai ser resolvido de imediato, porque o interesse pode aumentar e, consequentemente, as taxas também.
Mas, vai ser interessante ver como será a vantagem de ser a primeira rede a mudar e sua habilidade de atrair desenvolvedores. Os projetos de criptomoedas vão ter ainda menos motivos para escolher qualquer um dos concorrentes do Ethereum”, afirmou.
“Para mim, o importante é a velocidade das transações das cadeias de sharding, com maior eficiência energética e, no fim das contas, pagando taxas menores”, acrescentou Kssis.
Segundo dados da CoinDesk, o ETH subiu 13% na última semana, o maior crescimento das últimas sete semanas. No dia 15 de março, mais de 180 mil ETH foram sacados de exchanges centralizadas, indicando um declínio no número de moedas disponíveis para venda no mercado.
“A última vez que uma quantia tão alta de ETH saiu de exchanges foi em outubro de 2021, antes de um aumento de 15% no preço em dez dias”, apontou a IntoTheBlock no seu canal do Telegram.
Hoje, a criptomoeda é negociada na casa dos US$ 2.900, um ganho de 1% no dia.
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