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O risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS), um título que protege contra calotes da dívida soberana, atingiu nesta quinta-feira, 19, o menor nível em seis anos, aos 116 pontos, mas os investidores estrangeiros continuam cautelosos. Embora antecipem um cenário doméstico melhor, eles tendem a não colocar recursos no País sem maior crescimento econômico e avanço de outras reformas.
Segundo economistas e gestores ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa resistência dos investidores está refletida no “descolamento” do risco país de outros ativos, como a Bolsa e o dólar, que não estão acompanhando, no mesmo ritmo, a melhora na percepção de risco.
Historicamente, o CDS, a moeda americana e o Ibovespa, principal índice da Bolsa paulista, têm correlação próxima, ou seja, costumam se movimentar juntos – sendo dólar e risco na mesma direção, e Bolsa no sentido contrário. Mas desde o segundo semestre do ano passado, os comportamentos passaram a divergir. Um ex-diretor do Banco Central calcula que, com o CDS no patamar atual, o dólar deveria estar em R$ 3,60 ou abaixo. Mas a moeda fechou a R$ 4,16 nesta quinta, sem sinais de que deve deixar o patamar dos R$ 4.
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De acordo o Itaú BBA, na ausência de boas notícias externas, principalmente em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o real deve permanecer depreciado.
Para o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, o desempenho do risco país mostra que “a solvência externa do Brasil está sendo vista como positiva”. Segundo ele, no entanto, o que falta para o estrangeiro entrar aqui é crescimento econômico. “O Brasil não tem PIB para mostrar ao investidor estrangeiro”, afirma.
O Bradesco calcula que o País perdeu ao redor de US$ 50 bilhões em recursos externos nos últimos meses. Três fatores têm contribuído para esse movimento, segundo o economista. Primeiro, a redução do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, o que deixa o País menos atrativo para os estrangeiros. Segundo, o fato de que muitas empresas passaram a trocar dívida externa por dívida em real, por conta da queda nos custos de captação de recursos no mercado de capitais brasileiro. Por fim, pesa a questão de o Brasil não ser mais classificado como grau de investimento, o que impede determinados investidores de aplicar no País.
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Risco país e Bolsa
Lucas Tambellini, estrategista de renda variável do Itaú BBA, afirma que, entre as diversas variáveis para os cálculos do preço justo do Ibovespa, um CDS em 200 pontos já permitiria a projeção para o índice perto de 132 mil pontos em dezembro de 2020. Mas com o risco país hoje abaixo disso, há espaço para ver a Bolsa avançando mais.
Regina Nunes, sócia-fundadora da RNA Capital, diz que, apesar do risco país, o Ibovespa só não estabelece uma tendência mais forte de alta porque, comparado a outros emergentes, o Brasil sofre com retiradas quando os investidores precisam de liquidez. Neste ano, os estrangeiros já retiraram R$ 22 bilhões da Bolsa. “Quando querem fugir de risco, os investidores tiram dos países mais líquidos e aqui a liquidez é brutal”, afirma.
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O economista para Brasil do Citi, Leonardo Porto, afirma que o CDS brasileiro vem caindo desde as eleições presidenciais, mas o movimento tem sido em linha com outros emergentes, a exceção da Argentina. A evolução de indicadores externos, como a redução do déficit da conta corrente para 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB), além do crescimento das reservas internacionais nos últimos anos, ajudaram a melhorar a percepção do Brasil.
As obrigações externas do País (incluindo dívida pública e privada) caíram de 47% do PIB em 2001 para 33% no primeiro trimestre deste ano.
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