Saiba como analistas e entidades avaliam a redução acima do esperado da Selic

Mercado se mostra preocupado com pressões inflacionárias, enquanto associações elogiam incentivo à atividade econômica

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Em sua segunda reunião no ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu intensificar o ciclo de alívio monetário e cortar a taxa básica de juro em 0,75 ponto percentual, levando-a para 9,75% ao ano. Anteriormente, as reduções na Selic haviam sido de 0,5 p.p.

Em reação, analistas do mercado se mostraram preocupados com a possível retomada da pressão inflacionária. A equipe do banco britânico Barclays Capital chegou a comentar que talvez a medida tenha feito o Brasil entrar na “guerra cambial”, expressão criada no ano passado pelo ministro da Fazenda Guido Mantega para designar depreciações artificiais no câmbio.

Algumas instituições também viram o movimento do Banco Central como uma resposta à injeção de liquidez proporcionada pelo BCE (Banco Central Europeu) nos últimos meses. Mais de € 1 trilhão foi oferecido em empréstimos com vencimento de três anos aos bancos da região. A presidente Dilma Rousseff chamou as operações de “tsunami monetário”.

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Associações patronais
Em geral, as associações patronais do varejo e da indústria elogiaram o corte realizado pelo comitê, citando também o incentivo ao crescimento da economia. Em 2011, o PIB (Produto Interno Bruto) subiu 2,7%, contrariando as empresas. Entre os órgãos, estão a Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) de São Paulo e do Rio de Janeiro, a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Apenas a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) fez a ressalva de que o alívio é insuficiente para impulsionar a economia. Segundo o comunicado, a decisão é bem-vinda, mas também chega atrasada.

Confira os comentários sobre a decisão do Copom compilados pelo Portal InfoMoney: 

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Comentários sobre a redução da Selic em 75 pontos-base

“Tendo a achar que não existe mais uma determinação de entregar os 4,5% de inflação estipulados pelo CMN [Conselho Monetário Nacional]”, Carlos Eduardo Gonçalves, consultor sênio da LCA e professor FEA-USP.

“O Banco Central decidiu agir mais agressivamente para ajudar a conter a apreciação da moeda e impulsionar a atividade doméstica, refletindo a surpresa quanto ao crescimento de 2,7% no PIB real no ano passado. (…) Os mercados devem precificar outro corte em 75 p.b. na próxima reunião, de abril”, opinião da Barclays Capital

“O comunicado pós-reunião foi lacônico, ampliando a percepção de mais ajustes a seguir, trazendo a taxa para 9% [ao ano] ou até inferior a este patamar, ao longo de 2012”, opinião da Rosenberg e Associados

“Continuamos, por ora, a avaliar que a Selic será reduzida para 9% ao ano até a reunião do Copom de 30 de maio”, opinião da LCA Consultores.

“Uma queda de 0,75 ponto percentual significa economia, ao ano, de mais de R$ 11 bilhões, ou quase R$ 1 bilhão por mês, aos cofres públicos [em gastos com a dívida soberana]”, opinião da Fecomércio-SP.

“É fundamental executar uma política fiscal não expansionista, o que proporcionaria maior espaço para cortes adicionais nos juros”, opinião da CNI.

“Precisamos de ações imediatas para recuperar a competitividade brasileira em relação ao câmbio, juros, custo de energia e infraestrutura para que nosso País pare de exportar empregos”, Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp.

“Com o cenário de forte expansão monetária nas economias desenvolvidas e juros próximos de zero, a queda da Selic permite minimizar os diferenciais de juros e a pressão sobre o real”, opinião da Firjan. 

“A redução acelerada dos juros é condição essencial para ampliarmos nossa capacidade de crescer sem gerar inflação, por meio do impulso aos investimentos, do maior fôlego às contas públicas e pela atração de recursos internacionais voltados à economia real”,  Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ.

“O Brasil não tem muito o que fazer em relação à desvalorização artifical que a Europa promove sobre o euro. (…) Cabe a nós, no entanto, tentar reduzir a atratividade do capital especulativo. (…) É esse dinheiro, o de curto prazo, que rapidamente vai embora do País, que preocupa, não o investimento produtivo”, Roque Pellizzaro Júnior, presidente da CNDL.