Santander (SANB11) vai manter seletividade, com foco em clientes e produtos de menor risco, diz CEO

Segundo Mario Leão, banco mantém preferência por um crescimento de qualidade, ainda que em menor proporção

Mitchel Diniz

Cristina Arias/Cover/Getty Images
Cristina Arias/Cover/Getty Images

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Os executivos do Santander Brasil (SANB11) reforçaram que o banco vai manter a estratégia conservadora pelo menos até o final deste ano. “Nosso apetite por risco não muda antes de 2024”, afirmou o CEO, Mario Leão, na teleconferência sobre os resultados da instituição financeira no primeiro trimestre de 2023.

Como de costume, o Santander foi o primeiro dos grandes bancos listados na Bolsa brasileira a divulgar balanço nesta temporada. O lucro líquido do “bancão” nos três primeiros meses do ano foi de R$ 2,140 bilhões. Ainda que tenha recuado 46,6% em bases anuais, o número veio acima do consenso do mercado, que apontava para uma cifra de R$ 1,83 bilhão.

O retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) do Santander também surpreendeu positivamente, em 10,6%. Os analistas previam que o indicador ficasse abaixo de dois dígitos.

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O resultado foi beneficiado pela reversão de provisões fiscais, de R$ 4,236 bilhões, valor contabilizado como outras receitas operacionais.

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Leão disse que o balanço do primeiro trimestre veio dentro do esperado, mas ao ser questionado por um analista sobre expectativas futuras, afirmou acreditar que o banco “vale alguns bilhões a mais por trimestre”.

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A principal mensagem da teleconferência dos resultados foi a de que o banco continua comprometido com produtos e clientes de menor risco.

Gustavo Alejo, vice-presidente financeiro do Santander Brasil, destacou a melhora na margem com clientes do banco, depois de quatro trimestres seguidos de queda.

“São sinais de que a reprecificação dos empréstimos está acontecendo e deve seguir melhorando”, afirmou Alejo.

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Em uma parte da apresentação, os executivos disseram que o Santander pretende alcançar 1 milhão de clientes em seu segmento de alta renda, o Select, até o final deste ano. Hoje o banco tem 834 mil correntistas com esse perfil. Esses clientes geram, em média, oito vezes mais receita para o Santander do que um cliente do varejo.

Na visão da administração, o foco nesse tipo de correntista pode ajudar o banco a aumentar spreads, ainda que não haja previsão de melhora substancial nos próximos trimestres. Mario Leão disse que o Santander continua prezando pela qualidade de seu crescimento, ainda que cresça menor por isso.

Banco quer ser referência em empréstimos corporativos

Ainda na teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre, Mario Leão afirmou que o Santander Brasil pretende ser a plataforma mais relevante em empréstimos corporativos. No primeiro trimestre, o banco focou em grandes empresas (large corporate), mas também houve expansão entre pequenas e médias, com mais seletividade.

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Com o mercado de capitais escasso de operações e praticamente parado, o banco vê oportunidade para financiar empresas. O CEO afirmou que as companhias ainda precisam de crédito e, por isso, existem oportunidades para o Santander se expandir nesse segmento.

“É importante que os mercados reabram, porque também é parte do nosso negócio, mas vamos continuar buscando oportunidades de crescer nossa carteira de empréstimos”, afirmou.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados