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SÃO PAULO – Maio começou e, como todo ano, os investidores começam a discutir a velha máxima do mercado do “Sell in May and go away” (“Venda em Maio e Vá Embora”), questionando se valeria a pena sair da Bolsa agora para voltar daqui a alguns meses.
E se depender do histórico do Ibovespa, o investidor brasileiro realmente pode ter essa dúvida. Segundo dados da consultoria Economatica, maio é o pior mês da Bolsa desde 1995 com 17 quedas e 9 altas, sendo que janeiro é o segundo pior mês (15 quedas e 11 altas até 2020).
Por outro lado, não há nada que garanta um desempenho negativo do Ibovespa nos meses de maio. Em 2020, por exemplo, após a derrocada de março por conta do estouro da pandemia do coronavírus, o índice engatou uma recuperação e subiu 8,57% em maio. De acordo com a Economatica, nestes 26 anos, o melhor pior maio teve uma queda de 15,68%, enquanto o melhor mostrou um ganho de 13,64%.
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Em Wall Street, o “Sell in May and go away” diz que os investidores deveriam ficar fora da Bolsa até outubro, para então retornar por mais seis meses com ganhos melhores. Porém, aqui no Brasil, os dados da Economatica mostram que o segundo semestre como um todo tem os melhores desempenhos do ano.
Entre julho e dezembro, até 2020, quatro meses tem um histórico de 18 altas e 8 quedas (julho, setembro, outubro e dezembro), enquanto novembro tem uma base de 17 ganhos e 9 recuos. São os cinco melhores meses da Bolsa nos últimos 26 anos.
Mas se o investidor está preocupado com o que esperar para este mês na B3, os analistas do Morgan Stanley avaliam que o impacto em 2021 do “Sell in May and go away” pode não ser tão forte, especialmente nos mercados de câmbio e juros nos países emergentes.
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Segundo os dados do banco, maio tende a ser mais positivo quando os primeiros quatro meses do ano trazem retornos fracos, e vice-versa. Em 2021, o Ibovespa encerrou abril praticamente estável no desempenho acumulado do ano.
“Isso, junto com o fato de que a maioria das moedas e taxas de juros de emergentes teve desempenho pior no acumulado do ano, sugere que a sazonalidade do ‘Sell in May’ pode ser menos significativa neste ano e pode até dar suporte a uma recuperação na dívida em moeda local”, afirmam os analistas em relatório.
No câmbio, o Morgan espera uma estabilização do real no curto prazo após a aprovação do Orçamento 2021 amenizar “ruído fiscal”, enquanto o Banco Central deve continuar a subir os juros. “Contudo, nosso modelo de prêmio de risco sugere que os valuations do real estão atualmente mais neutros, sugerindo que a moeda deve permanecer altamente sensível a mais riscos de notícias negativas”, avaliam.
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Enquanto isso, a Levante Ideias de Investimentos se mostra bastante otimista com o mercado brasileiro, dizendo que o ditado poderia ser alterado para “Compre em Maio e Lucre”. Segundo os analistas, dois fatores justificam essa visão.
O primeiro é o fluxo de recursos internacionais para o mercado brasileiro. Citando dados da B3, a Levante ressalta que, após dois meses de saldos negativos, o capital externo deve ser positivo em abril, sendo que até dia 28 de abril os estrangeiros entraram com R$ 7,4 bilhões, sem considerar lançamento de ações.
“Os resgates dos estrangeiros [em fevereiro e março] foram provocados por notícias específicas, como a intervenção do presidente no comando de estatais e o impasse na votação do Orçamento de 2021. O que justificou o retorno dos estrangeiros foram as condições favoráveis do mercado internacional. Os preços das commodities minerais e agrícolas vêm cravando recordes sucessivos, os indicadores econômicos melhoram nos Estados Unidos, na China e na Europa e os juros no mercado secundário americano interromperam sua trajetória de alta”, explicam os analistas.
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Junto com isso, a Levante aponta o segundo fator como a “prova que boas perspectivas de retorno sempre encontram interessados”, citando os recentes leilões de infraestrutura ocorridos no país e que tiveram arrecadações maiores que o esperado, como o caso da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
“Todas essas notícias indicam que, apesar da volatilidade, ainda há muito interesse por ativos brasileiros. E essa demanda subjacente permite supor que, apesar dos trancos e solavancos, ainda há boas oportunidades no mercado acionário brasileiro”, conclui a Levante.
Por outro lado, Tai Hui, estrategista-chefe de mercado asiático da JPMorgan Asset Management, em Hong Kong, destacou em entrevista à Bloomberg que os mercados emergentes continuarão divididos entre fatores positivos da recuperação econômica dos EUA e a situação de infecções muito difícil em países como Brasil e Índia.
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Hiu ainda destacou que “uma recuperação mais forte dos EUA também poderia trazer possível inflação e rendimentos mais altos, o que pode limitar o avanço de mercados que são tradicionalmente vulneráveis ao aumento dos yields dos Treasuries.”
Com relação ao mercado americano, do lado do fluxo de boas perspectivas que pode mudar o histórico do “Sell in May”, o Bank of America apontou em relatório que dados desde 1928 mostram que realmente o período entre maio e outubro tem os menores retornos médios (+2,2%) e medianos (+3,1%) entre qualquer período de seis meses do S&P 500. Mas, como os retornos não são negativos, “a estratégia de ‘vender em maio e ir embora’ deixa muito a desejar”.
Olhando para esses dados, os analistas afirmam que a sazonalidade mostra que costuma haver um rali de verão (no hemisfério norte) e portanto a sugestão do histórico é de venda no forte mês de abril, para comprar na fraqueza da bolsa em maio e vender novamente entre julho e agosto quando ocorre uma nova alta. A ideia é realizar os lucros antes de setembro, que os dados mostram ser o ano mais fraco do ano.
O BofA ainda cita que anos em que ocorrem o início de um mandato presidencial tendem a reforçar um rali de verão, sendo que o período entre abril e julho costuma ser bom para o mercado, levando também a um maio mais forte, o que ajuda na visão que 2021 pode não ser um bom ano para se aplicar o ditado mais famoso do mercado.
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