Semana deve ser tranquila nos mercados, na espera por novos estímulos nos EUA

Semana mais curta por conta do feriado nacional e dados esparsados devem manter a tranquilidade, avaliam analistas

Tainara Machado

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SÃO PAULO – O otimismo dominou o início da semana, com o rompimento do patamar dos 70 mil pontos na sexta-feira passada (1) e o fechamento de terça-feira (5), em que o Ibovespa encerrou em 71.283 pontos, maior patamar desde o dia 9 de abril. No entanto, logo o sentimento positivo foi substituído por preocupação, mais especificamente com as ações da Petrobras (PETR3PETR4). 

Após um processo de capitalização visto pelo mercado como bem sucedido, as ações da estatal sofreram fortes quedas na semana, em meio a rebaixamentos de recomendação. Múltiplos altos em relação à média do mercado e diluição da base acionária após a oferta de ações são dois dos principais motivos citados pelos analistas como justificativas dos cortes.

Por fim, na sexta-feira (8), foi divulgado o indicador mais aguardado da semana: o Relatório de Emprego nos Estados Unidos mostrou corte de 95 mil postos de trabalho, resultado bem abaixo do esperado. O setor privado adicionou 64 mil empregos à folha de pagamentos norte-americana, número também inferior à estimativa.

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Ajuda adicional
Se a reação deveria ser negativa ao fato de que o mercado de trabalho continua em situação debilitada, a alta dos mercados nesta sexta-feira seria uma contradição. Para Kelly Trentin, analista-chefe da Spinelli Corretora, a resposta para esse suposto descolamento está na aposta que os participantes fazem em uma ajuda adicional do Fed. 

O Barclays Capital, por exemplo, espera que a instituição anuncie um incremente em larga escala ao seu programa de compras de títulos do Tesouro em novembro, quando ocorrerá a próxima reunião do Fomc (Federal Open Market Comittee), de cerca de US$ 100 bilhões por mês, sem ponto pré-fixado para o término. 

A semana será marcada por discursos de autoridades do Fed, com pronunciamento de Ben Bernanke, presidente da autoridade monetária, na sexta-feira (15), o que deve contribui para aumentar a expectativa em relação a possíveis anúncios. Para Kelly Trentin, a perspectiva de novos estímulos é real porque a recuperação econômica norte-americana se mostra aquém do que os dirigentes do Fed estavam esperando, enquanto a inflação permanece contida. 

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Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW Corretora, também aposta em anúncio apenas na próxima reunião da autoridade, embora acredite que a intervenção tenha que ser feita aos poucos para ter o efeito desejado. Esse panorama também reforça a importância da ata da última reunião do Fomc, quando o comitê se disse preparado para fazer o que for necessário para manter a retomada da economia. 

Galdi acredita que o investidor tentará ler nas entrelinhas, para antecipar qualquer possível movimentação. Vale notar que a ata será publicada às 15h00 (Horário de Brasília) de terça-feira (12), já próximo ao fechamento das bolsas internacionais. Por aqui, não haverá negociações, por conta do feriado de Nossa Senhora. 

A semana
Assim, o estrategista da SLW acredita que a quarta-feira será marcada pela reação ao documento, enquanto por aqui ainda haverá replicação do movimento dominante na cena externa enquanto o mercado ficou fechado. A semana mais curta, acredita Galdi, será mais tranquila, até mesmo porque, além da ata do Fomc, os outros indicadores importantes da agenda, como vendas no varejo e confiança do consumidor nos EUA, estão concentrados apenas na sexta-feira. 

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Para Kelly, no entanto, os dados deverão continuar a trazer volatilidade, embora a temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos possa aumentar a movimentação de certos papéis, mas dessa vez com viés positivo, já que a expectativa é de aumento dos lucros das empresas. 

Além disso, na quinta-feira (14) à noite, horário de Brasília, será anunciado na China o Leading Indicators, que mensura a tendência futura de atividade no país. Para Kelly, da Spinelli, caso os números fiquem dentro da estimativa, é possível que os preços das commodities continue em alta, embora uma desvalorização do euro em função da expectativa de novos estímulos nos EUA possa anular essa notícia. “Teremos esses dois lados, e uma visão mais clara só será possível na próxima semana”, completou. 

Também a tendência dos próximos pregões dependerá da agenda como um todo, avalia Kelly, embora a analista espere, até o final do ano, valorização do Ibovespa, com as condições internas bastante favoráveis a esse movimento. Galdi concorda, acreditando que o índice tem que, no mínimo, voltar para o patamar dos 73 mil pontos, próximo aos níveis pré-crise, até o final de 2010.

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