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SÃO PAULO – O setor de açúcar e etanol está próximo de passar por um dos momentos mais marcantes de sua história recente: um forte movimento de consolidação para os próximos meses. Essa movimentação depende da efetivação do RenovaBio, um programa de incentivo aos biocombustíveis lançado no final do ano passado pelo Governo Federal, mas que ainda permanece parado no Ministério da Casa Civil desde agosto.
“Se o RenovaBio emplacar, eu não tenho a menor dúvida de que vamos ter um movimento de consolidação no setor de açúcar e etanol como jamais visto”, afirmou Alexandre Figliolino, sócio da consultoria MB Agro, durante o evento Agrifinance Brazil.
O RenovaBio tem como objetivo expandir a produção de biocombustíveis do Brasil adotando regras previsíveis e em linha com a sustentabilidade econômica, social e ambiental. A ideia é que o programa também contribua para o Brasil alcançar as metas de redução nas emissões de gases de efeito estufa.
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De acordo com Figliolino, as condições intrínsecas para a consolidação do setor estão dadas, mas as fusões e aquisições ainda não ocorrem por conta de um nível de incertezas muito elevado. O setor atravessa cinco anos de estagnação, refletindo um período de forte intervenção governamental, como o congelamento dos preços da gasolina a níveis baixos, o que impactou os números do setor para a produção de etanol.
O sócio da MB Agro lembra que o setor sucroenergético apresenta uma “disparidade enorme” em termos de eficiência das usinas, dando abertura a um cenário no qual os participantes mais eficientes podem liderar um forte movimento de consolidação. É essa pulverização do setor, acrescenta, que faz com que o Brasil não consiga ditar os preços no mercado internacional de açúcar, embora seja o líder mundial na comercialização da commodity.
O otimismo de Figliolino com o RenovaBio também é compartilhado por Guilherme Nastari, diretor da consultoria agrícola independente DATAGRO. Ele sugeriu que a aprovação do RenovaBio pode ser o gatilho necessário para a próxima grande onda de produção do setor, para um salto significativo nos próximos anos. “Estamos muito próximos de conseguir assinar o RenovaBio”, comemora.
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Por enquanto, o que tem sido observado no setor sucroenergético é o que Figliolino chama de “consolidação silenciosa”, ou seja, apenas pequenos movimentos de aquisição, no qual as usinas assumem canaviais de produtores vizinhos.
Caso a aprovação do RenovaBio realmente seja anunciada, os reflexos podem chegar até mesmo ao mercado acionário. Mais cedo, o diretor financeiro do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato, também comentou o assunto e sugeriu que a novidade pode, também, incentivar para que mais empresas do setor busquem a listagem na Bolsa.