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SÃO PAULO – Após um ano de 2009 positivo para a maoria das empresas de tecnologia, performando acima do índice Ibovespa, 2010 deverá continuar sendo um bom ano para o setor. Entretanto, as altas não devem ser tão significativas como 2009, e o setor deve performar em linha com os demais. Para Kleber Hernandez, analista da Gradual, os investidores buscarão ações de segunda linha em 2010, cenário que favorece o setor de tecnologia.
Como foi a performance em 2009?
O setor de tecnologia viveu dois períodos distintos em 2009: enquanto o Ibovespa caía, ainda sentindo os impactos da crise financeira, as ações das empresas de tecnologia também recuavam, mas de forma menos aguda que os demais setores, sofrendo menos que empresas de commodities ou ligadas ao mercado interno, por exemplo. “Um dos motivos é que essas ações estavam em média muito descontadas”, afirma Kleber.
Em um segundo momento, essas empresas começaram a avançar – antes e mais do que os demais setores – chegando a um patamar de estabilidade por volta do meio ano. “A partir daí, o setor passou a performar em linha com o Ibovespa, na casa dos 80%”, afirma o analista da Gradual.
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Mas ainda assim o desempenho melhor no início do ano pode ser percebido na variação acumulada das principais empresas do setor. Até o dia 15 de dezembro, enquanto o Ibovespa teve alta de 84,58%, as ações da Positivo Informática registraram ganhos de 217% e as da Totvs 219,61%.
Visão positiva para 2010
Em linhas gerais, a visão é positiva para o setor de tecnologia em 2010. Kleber destaca que, com o Ibovespa já chegando ao preço-alvo de muitos analistas, o investidor buscará meios de diversificar, olhando para ações de segunda linha. “Este cenário favorece bastante as ações de tecnologia”, afirma o analista.
Uma característica importante do setor que deve ser levada em conta pelos investidores são as especificidades de cada empresa. “Não é possível falar do setor como um todo, porque as empresas têm business diferentes e em muitos casos até complementares”, afirma Kleber.
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Um exemplo é o caso da ABNote e CardSystem, onde a primeira fabrica o cartão plástico e a segunda trabalha com operações em cartões de serviços financeiros. Listadas como empresas do setor de serviço na Bovespa, também podem ser consideradas empresas de tecnologia e não chegam a ser concorrentes, pois seus serviços se complementam, na visão do analista.
Embora com a ressalva de que traçar previsões seja um tiro no escuro, o analista acredita que em 2010 o setor deve crescer, mas não tanto quanto 2009. A previsão de expansão da economia brasileira é um dado positivo para o setor, mas devem ser olhadas oportunidades pontuais de negócio. “Uma variável importante a ser analisada são as especificidades de cada subsetor”, resume Kleber.
Empresas
Duas empresas que possuem parecer favorável do analista são a Bematech (BEMA3) e a IdeiasNet (IDNT3). A primeira pode ser usada como exemplo de tese de investimento que leva em conta aspectos muito específicos: produtora de equipamentos de nota fiscal, entre outras coisas, a Bematech se beneficiou da Nota Fiscal Paulista, com grande aumento da demanda por seus produtos.
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Embora tenha desempenho inferior ao índice no ano – valorização de 45,76% até dia 15 de dezembro – o analista lembra que os custos de grandes aquisições realizadas em 2008 estão sendo diluídos e o resultado da empresa vem melhorando desde o primeiro trimestre do ano.
Já a IdeaisNet mostrou 121,76% de valorização no mesmo período, e é vista como um business interessante – “pode ser considerada uma empresa de private equity mais voltada para venture capital”, afirma Kleber, realizando investimentos na empresa até maturar. Muitas das empresas em que a IdeiasNet investiu tiveram prejuízo e agora estão maturando, mostrando grande potencial para 2010. “É de ficar atento’, completa o analista.
Tivit
Sobre as empresas de TI (tecnologia da informação), Kleber lembra que no geral o setor é um dos que mais cresceu, não em termos do mercado acionário, mas no sentido de maior demanda das empresas por tecnologia.
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O IPO (Oferta Inicial de Ações) da Tivit (TVIT3), realizado em setembro deste ano, captou R$ 574,6 milhões, com participação estrangeira de 98%. Sobre a empresa, a Bradesco Corretora destaca o bom portfólio de clientes e a exposição ao setor financeiro, fazendo como que a corretora recomende as ações como acima da média do mercado.
Totvs
Já a Totvs (TOTS3) teve um ano marcado por incorporações – desde 2008, com aquisição da Datasul, tendência mantida em 2009 com incorpoação da Hery Software, Totalbanco e da R.O. Resultados em Outsorcing. Até a metade de dezembro, as ações da empresa tiveram forte valorização de 219,61%, e a empresa viu forte aumento na sua base de clientes.
Para Kleber, a empresa tende a pisar no freio nas consolidações em 2010. “A tendência é manter as aquisições enquanto o caixa permitir”, completa o analista. Em relatório divulgado pela Ativa após a divulgação dos resultados trimestrais da empresa, foi destacado o bom posicionamento para se beneficiar de conjuntura positiva, com projetos do pré-sal, gastos com infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016.
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Positivo Informática
Líder do mercado de vendas de notebooks e desktop, a Positivo Informática (POSI3) viu aumento de participação de mercado durante o ano, e sua ações tiveram valorização de 217% em 2009, um dos melhores desempenhos do setor.
Os analistas da Omar Camargo preveem bom desempenho do papel, citando a extensão do prazo de desoneração do PIS/Cofins sobre a venda de computadores até 2014 e a penetração da empresa em todas as classes sociais do País.
UOL
O UOL (UOLL4) realizou IPO em novembro de 2005, com uma proposta de ser consolidador. Quatro anos depois, a empresa é motivo de insatisfação por parte dos acionistas: nem assumiu esse papel, tampouco vem destruindo caixa para distribuição de dividendo. Embora seja cauteloso para prever o futuro da empresa, o analista da Gradual acredita que a situação deve mudar em 2010. “Dá forma como está, deve ter muita gente insatisfeita”, afirma Kleber.
Em relatório divulgado na primeira semana de dezembro pela Itaú Corretora, foram citados a falta de potenciais catalisadores, o limitado poder de valorização das ações e a baixa liquidez dos papéis, de modo que os analistas da corretora acreditam que no próximo ano o UOL deve ter desempenho abaixo do apresentado pelo mercado.