Setúbal fala sobre STJ, eleição e atesta: Brasil não fez um bom trabalho para a Copa

Em evento realizado pela Bloomberg, presidente do Itaú apontou estar otimista com economia brasileira no longo prazo e avalia que eleições não devem afetar tanto num horizonte de tempo maior

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Inflação em alta, Copa do Mundo, eleições, crescimento econômico em baixa e, somado a isso, preocupação adicional sobre os emergentes. Neste cenário, a preocupação do presidente executivo de um dos maiores bancos do Brasil deveria ser grande, não seria?

Não de acordo com Roberto Setúbal, presidente-executivo do Itaú Unibanco (ITUB4), que afirmou estar otimista com o Brasil no longo prazo em evento realizado nesta quinta-feira pela Bloomberg em São Paulo. 

“O Brasil tem diversas potencialidades e acredito que voltaremos a registrar alto crescimento muito em breve”, afirma. Neste sentido, aponta, a população segue de olho nos fatores internos, apesar de haver muita influência dos fatores externos do que as pessoas pensam. “As pessoas em geral acham que tupo é culpa do Brasil mesmo, mas também há fatores externos que temos que considerar”, afirmar. 

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Enquanto isso, as eleições presidenciais não são uma preocupação para os investimentos, já que deve-se olhar para o longo prazo, aponta o presidente do Itaú. 

Sobre a Copa do Mundo, Setúbal reconheceu que o Brasil não fez um bom trabalho.”Poderíamos ter feito um trabalho melhor. O Brasil é melhor do que isso”, afirma, mas destacou estar confiante que a seleção nacional irá ganhar o torneio. 

Aquisições
O Itaú Unibanco registra uma expansão na América Latina, evidenciada pela compra do Corpbanca, do Chile, e do BMG, especialista em crédito consignado. E, para Setúbal, a região latino-americana é o foco do grupo, com chances mínimas de buscar ativos na Europa e nos EUA. “Na Europa seríamos apenas um banco”, destacou, enquanto que, nos EUA, dada à alta competitividade por lá, seria muito difícil buscar ativos.

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Crise financeira
O mercado financeiro brasileiro não foi tão afetado pela crise financeira mundial de 2008 e, segundo Setúbal, isso se caracteriza pela baixa exposição das instituições financeiras do País ao crédito imobiliário da forma como ocorre nos EUA. “Com uma forte capitalização, podemos passar pela crise sem maiores problemas”, afirmou. 

Setúbal aponta que o alto nível de endividamento das pessoas no Brasil exige que os bancos peçam mais garantias dos clientes. “Há oportunidade de aumentar empréstimos a consumidores no Brasil. As vendas de carros estão crescendo e o financiamento ao consumo fez muito por isso. Mas hoje os consumidores não conseguem ter mais dívida. Haverá algo mais em linha com a renda no Brasil. Não tem espaço para alavancagem na renda”, avaliou ele.

A oferta de crédito está em linha com o nível de dívida que o consumidor tem condições de lidar. Setúbal citou negócios específicos como crédito consignado (com desconto em folha), no qual o banco está mais bem posicionado após a joint venture com o BMG, especializado nesta área. Falou ainda sobre crédito imobiliário, no qual o Itaú vem crescendo 30% ao ano e ainda há potencial de expansão. “Essa indústria (imobiliária) ainda está se desenvolvendo e há grande potencial”, afirmou ele.

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Julgamento da poupança
Para Setúbal, a retomada da discussão sobre planos econômicos 40 anos depois é uma “coisa louca”. “Basicamente o que fizemos é o que a lei exige que façamos. Não tivemos nenhuma vantagem. No fim do dia estamos sendo solicitados a pagar uma conta que não faz sentido”, afirmou ele, durante evento em São Paulo, nesta quinta-feira, 22.

Sobre a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que o cálculo de juros de mora deve ter início na citação da ação civil pública e não na citação da execução, Setúbal disse que a determinação amplia o cálculo de perdas potenciais para os bancos com os planos econômicos.

Entretanto, lembrou da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reduz a elegibilidade de pessoas que têm direito a receber o benefício. Trata-se de uma determinação anunciada na semana passada, na qual o Supremo determinou que somente poupadores associados às classes que entraram com a ação terão direito de receber a correção dos planos, caso a decisão do STF também seja favorável aos poupadores. “A decisão de ontem não foi na Suprema Corte, foi na anterior, mas é uma decisão final”, avaliou Setúbal.

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(Com Agência Estado e Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.