Snap (S1NA34) desaba quase 30% após balanço e derruba ações de outras techs nos EUA: há motivos para tanta preocupação?

Alerta sobre publicidade afeta outros proprietários de plataformas de mídia social, mas analistas veem impacto maior para Pinterest, que vê ação caindo 8%

Equipe InfoMoney

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A Snap (S1NA34) vê as suas ações tendo em derrocada no pré-market em Wall Street na manhã desta sexta-feira (21) e, somado aos rendimentos elevados dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, ajuda a derrubar as empresas de tecnologia. Às 9h40 (horário de Brasília), o ativo SNAP desabava 28,64%, a US$ 7,70, no pré-market da Bolsa de Nova York.

A companhia reportou resultados com receita de US$ 1,1 bilhão, em linha com o esperado. A receita do terceiro trimestre cresceu 6% em relação ao ano anterior, a primeira vez que esse número fica na casa de um dígito e no menor crescimento de receita trimestral em cinco anos.

Enquanto isso, mesmo com um lucro ajustado surpreendendo positivamente – com o lucro por ação (LPA) de US$ 0,08, versus expectativa de prejuízo de US$ 0,02 -, o prejuízo líquido da Snap aumentou 400%, para US$ 360 milhões, em parte devido aos custos de reestruturação na ordem de US$ 155 milhões.

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Em agosto, a Snap anunciou que demitiria 20% dos cerca de 6 mil funcionários como parte de um grande plano de reestruturação. As indenizações e custos relacionados representam uma grande parte do encargo de reestruturação no período.

Os usuários ativos diários aumentaram 19% ano a ano, mostrando que a empresa ainda é capaz de atrair pessoas, mas a receita média por usuário caiu 11%, para US$ 3,11.

A Snap também disse que não daria guidance para o quarto trimestre, marcando um segundo período consecutivo em que optou por não oferecer uma previsão.

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A companhia acrescentou que o crescimento da receita provavelmente continuará desacelerando no quarto trimestre, já que esse período “tem sido relativamente mais dependente da receita de publicidade”, que vem caindo.

A desaceleração econômica levou muitos anunciantes a reduzir gastos com campanhas. Outro fator que atrapalhou foi a atualização de privacidade da Apple em 2021, que continua sendo uma barreira para o Snap rastrear usuários, enfraquecendo o resultado de publicidade. Assim como no segundo trimestre, a empresa autorizou um programa de recompra de ações de até US$ 500 milhões.

Com anunciantes cortando gastos devido à inflação em espiral e problemas geopolíticos, outras empresas que dependem fortemente da receita de anúncios, incluindo Alphabet, Twitter Inc, Meta Platforms e Pinterest, com baixas respectivas de 1%, 4%, 4% e 8%.

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O JPMorgan avaliou o resultado como decepcionante, à luz de sua última atualização de números mais positiva em agosto e reiterou recomendação equivalente à venda para a ação, destacando a demanda instável dos anunciantes continua instável e desafios de demanda e mix de engajamento de plataforma.

Pressões macro, mudanças na política da plataforma e competição resultaram em uma demanda mais suave, enquanto a mudança de mix no engajamento e ida a segmentos pouco monetizados têm agravado o impacto.

“Celebramos os esforços da gestão para controlar o que eles podem – reduzindo custos e dobrando anúncios baseados em desempenho mais resilientes – mas as tendências permanecem instáveis ​​e o cenário macro provavelmente será ainda mais difícil em 2023. (…) Esperamos que a fraqueza do Snap tenha impacto na visão dos compartilhamentos no espaço de anúncios online, mas isso nos faz preocupar mais com Pinterest do que com Meta. O Pinterest provavelmente tem maior exposição da marca, enquanto o Meta é mais baseado em desempenho e tem uma longa cauda de mais de 10 milhões de anunciantes”, avalia o JP.

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Porém, há visões diferentes. “Embora seu alerta (Snap Inc) sobre publicidade afete outros proprietários de plataformas de mídia social, como Meta e Pinterest, pode ser que a relevância do Snapchat com uma base de usuários jovem e inconstante esteja começando a diminuir”, disse à Reuters Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell.

A queda nas ações de crescimento de mega capitalização também ocorre em um momento em que o rendimento dos Treasuries de referência de 10 anos atinge os maiores níveis em 15 anos diante da expectativa de aumentos agressivos contínuos das taxas de juros pelo banco central dos EUA. Os mercados estão esperando um quarto aumento de 75 pontos-base na reunião do Federal Reserve em novembro. O futuro do Nasdaq caía cerca de 0,6%.

O Twitter, por sua vez, também é afetado por notícias da Bloomberg de que o governo Joe Biden pondera se os Estados Unidos deveriam submeter alguns dos empreendimentos do bilionário, incluindo o acordo de compra pela empresa de mídia social, a revisões de segurança nacional.

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(com Reuters)