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SÃO PAULO – As medidas anunciadas pelo governo Temer nesta terça-feira (24) dividiram as opiniões dos economistas, mas quase todos concordam que foram boas sinalizações, principalmente por mostrarem mudanças estruturais no quadro fiscal brasileiro. Veja as principais opiniões divulgadas hoje:
Monica de Bolle
As medidas iniciais para economia anunciadas por Temer “não têm nada de irrealistas, a não ser talvez a reforma da Previdência, que é algo politicamente muito complicado para emplacar em 2 anos por um governo interino”, disse Monica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional em Washington DC e professora da Johns Hopkins University. O conjunto de propostas “constrói um caminho e começa a resolver algumas coisas, como a questão dos gastos”.
“O mais importante é o pano de fundo de que dinheiro não pertence ao governo, mas ao povo, que paga impostos”, afirma ela. “Essa foi a tônica da mensagem de Temer, com o compromisso do governo de proteger esses recursos e usá-los da melhor maneira possível.” As medidas que mais ilustram isso, segundo Monica, são a não-permissão para que governo gaste em excesso, a reafirmação da necessidade de governança de fundos e estatais, a exigência de que BNDES pague uma parte da dívida com Tesouro, o limite aos subsídios.
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Capital Economics
Em relatório, a Capital Economics disse que o plano divulgado por Meirelles é ambicioso, mas faltam detalhes. O research lembra que a maioria das medidas mais importantes requer mudanças substanciais na Constituição e que a devolução de recursos do BNDES vai ajudar o fluxo de caixa do governo sem alterar fundamentalmente a posição da dívida pública. “Meirelles evitou tendência do governo anterior de ir para reparos rápidos e, em vez disso, parece estar optando por reformas estruturais mais profundas”, de acordo com relatório.
Raul Velloso
A série de medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta terça-feira (24) foi elogiada também pelo economista especializado em contas públicas, Raul Velloso. “Foram na direção certa. Era preciso mostrar que se fará um ajuste sério sem ser detalhado o suficiente para gerar resistência em alguns setores”, afirmou em entrevista por telefone ao InfoMoney.
Na sua avaliação, a medida mais importante é a fixação de um teto para o gasto público, porque coíbe a irresponsabilidade fiscal e o avanço do endividamento público. Sobre outros anúncios, como o do pagamento de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ele afirmou que era uma providência óbvia: “há de se admirar que não tenha sido feita antes.”
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Ele disse que o mesmo vale para a extinção do Fundo Soberano. “Para quê deixar esse dinheiro lá dormindo à espera de que alguém vá lá e gaste? É melhor usá-lo para abater a dívida sem passar pelo Orçamento do governo”, explica.
Goldman Sachs
Em relatório, a equipe de análise do banco americano disse que o foco em medidas estruturais de cunho fiscal é positivo, já que poderia melhorar a baixa eficiência do gasto público e contribuir para impedir uma deterioração ainda maior do quadro fiscal. “Também é inquestionável que a nova equipe econômica gerou um choque de confiança e credibilidade, mas isso não é o bastante para entregar um ajuste fiscal da magnitude necessária e estabilizar a economia”, diz o research.
O que vai garantir a efetividade dessas medidas, segundo o Goldman, é o grau de de apoio político e capacidade do governo Temer para angariar apoio no Congresso. Para o banco, além das medidas anunciadas hoje, o aprofundamento do ajuste fiscal e a redução do déficit público só serão obtidos em uma longa jornada, de vários anos, na qual a sociedade e o Congresso terão que enfrentar escolhas difíceis.
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BNP Paribas
A transferência de recursos do BNDES para o Tesouro pode indiretamente permitir uma maior queda na taxa de juros pelo Banco Central, diz Marcelo Carvalho, economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, em webcast.