Stablecoin TUSD move US$ 1 bilhão para as Bahamas após queda do Signature Bank

Quinta maior stablecoin do mundo cresceu após crise com a Binance USD (BUSD); brasileiros compraram R$ 113,5 bilhões nesse tipo de ativo em 2022

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)
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A operadora da quinta maior stablecoin do mundo transferiu US$ 1 bilhão em reservas que lastreiam o token para um banco nas Bahamas, em meio a um movimento de empresas de ativos digitais que continuam buscando alternativas para seu dinheiro após o colapso de vários bancos abertos a criptos nos EUA.

A Archblock, que supervisiona os cerca de US$ 2 bilhões em reservas que sustentam sua stablecoin TrueUSD (TUSD), agora detém mais de US$ 1,4 bilhão desses fundos no Capital Union Bank, com sede em Nassau, mostrou na quarta-feira (15) um documento emitido por uma empresa de contabilidade independente. Em 10 de março, o montante era de US$ 438 milhões.

A Archblock começou a movimentar fundos depois que o Signature Bank, com sede em Nova York, anteriormente seu maior parceiro bancário, foi fechado repentinamente pelos reguladores dos EUA dois dias depois. A empresa agora não tem dinheiro custodiado pelo Signature Bank, mostrou o documento.

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Stablecoins como a TrueUSD são tokens digitais projetados para manter um valor de 1 para 1 com um ativo menos volátil, como o dólar americano. Normalmente, esses ativos mantêm grandes reservas em dinheiro e ativos equivalentes a dinheiro como garantia.

As stablecoins são comumente usadas por traders como uma forma de transferência de fundos entre bolsas e como um porto seguro contra oscilações de preços, tornando-os uma engrenagem vital no sistema como alguns dos tokens mais negociados do setor cripto.

Esse tipo de ativo também é muito usado por brasileiros. Em 2022, brasileiros adquiriram R$ 113,5 bilhões em stablecoins (R$ 4,6 bilhões em TUSD), contra R$ 20,2 bilhões em Bitcoin, segundo dados informados por corretoras de criptomoedas que atuam no Brasil à Receita Federal.

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A decisão da controladora da TUSD de transferir fundos para a Capital Union nos últimos dias foi resultado da piora das condições bancárias para empresas de criptomoedas nos EUA, disse Alex de Lorraine, diretor financeiro e operacional da Archblock, à Bloomberg.

“Mesmo contas operacionais para apenas pagar impostos, administrar folha de pagamento e pagar despesas são muito difíceis de obter se não for um negócio multibilionário”, disse ele em mensagem na noite de terça-feira (14).

Estresse bancários nos EUA

A falência de três bancos em sequência – Silvergate Bank, Silicon Valley Bank e Signature Bank foram fechados pelos reguladores dos EUA ou liquidados voluntariamente este mês – deixou muitas empresas de ativos digitais em apuros enquanto corriam para encontrar novas soluções para depositar seu próprio dinheiro e permitindo que os clientes transfiram fundos.

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Outra operadora de stablecoin, a Circle Internet Financial Ltd., viu seu token USD Coin perder temporariamente sua paridade com o dólar depois de revelar que tinha US$ 3,3 bilhões depositados no Silicon Valley Bank.

As empresas cripto têm tradicionalmente lutado para estabelecer relações bancárias, com bancos cautelosos com a reputação do setor de controles frouxos anti-lavagem de dinheiro e de verificação de identidade de clientes.

“A falência dos bancos recentes apenas destaca o risco de concentração criado pela falta de regulamentação clara”, disse de Lorraine. “Duvido que você tivesse visto algo parecido com a turbulência nas últimas 72 horas se empresas como a nossa tivessem permissão para fazer transações bancárias com o Citi ou o JPMorgan”.

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A Archblock tinha mais de US$ 852 milhões depositados no Signature Bank na segunda-feira, mostraram capturas de tela de atestados registrados pela empresa de análise de dados ChainArgos, com mais US$ 202 milhões já em trânsito para a Capital Union na época. A Archblock confirmou as transferências. Um representante da Capital Union não respondeu a um pedido de comentário.

Guerra de stablecoins

Os reguladores dos EUA e alguns executivos do setor expressaram preocupações crescentes sobre empresas de criptomoedas indo para o exterior, deixando-as ainda mais longe do alcance das autoridades. O colapso da exchange cripto FTX em novembro foi visto por muitos como uma manifestação desse problema, com grande parte das atividades do grupo realizadas por sua entidade internacional nas Bahamas.

O Capital Union Bank já é um parceiro conhecido para empresas de criptomoedas e oferece aos clientes a capacidade de depositar e realizar transações em ativos digitais na mesma conta que moedas ou ativos tradicionais. A empresa é um dos parceiros bancários da emissora de stablecoin Tether Holdings Ltd., dona da USDT, a maior do mundo, informou o Financial Times no ano passado.

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“Transferimos dinheiro para o Capital Union Bank principalmente para garantir fundos, pois podemos ir direto para títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, o que em si é engraçado”, disse de Lorraine. “Os recursos estão com os EUA, mas precisamos usar um banco offshore para conseguir isso”.

A TrueUSD mais que dobrou sua circulação no mês passado, depois que a rival stablecoin BUSD, um token da maior exchange do mundo, a Binance, foi forçada a fechar por reguladores de Nova York em fevereiro. A Binance disse na quarta-feira que planeja abandonar a taxa zero oferecida para compra de Bitcoin com BUSD e, em vez disso, transferir a promoção para a TrueUSD, reforçando ainda mais suas perspectivas de crescimento.

No entanto, o mercado de stablecoin ainda é extremamente desigual e dominado por alguns poucos. O USDT da Tether é de longe o maior, com US$ 74 bilhões em circulação, mostraram dados da CoinGecko na quarta-feira, com o USDC da Circle em segundo lugar, com US$ 38 bilhões.

A empresa controladora final da TrueUSD é a Techteryx Ltd., que comprou os direitos de propriedade intelectual do ativo da Archblock no final de 2020. A Archblock continua a operar e gerenciar a TrueUSD em nome da Techteryx, no entanto, por meio de sua subsidiária TrueCoin LLC.

(Com informações da Bloomberg)