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Dois meses após a atualização “Merge” (Fusão, em português) do Ethereum (ETH), que inaugurou um mecanismo de renda passiva nativo, exchanges brasileiras ou com operação no país estão oferecendo para os usuários a possibilidade de fazer staking (método de renda passiva) na rede. Por meio do processo, liberado em 15 de setembro, os investidores podem “trancar” ETH para ajudar a validar transações e aumentar a segurança da blockchain. Em troca, recebem recompensas na criptomoeda.
No início deste ano, as estimativas indicavam que o staking poderia render até 12% anualmente. Recentemente, no entanto, a porcentagem caiu para 4% a 5%. O motivo da queda é que o Ethereum estabelece que quanto mais unidades de ETH são trancadas, menor será a porcentagem disponível para cada “staker” (nome do participante). E cada dia mais gente entra na brincadeira.
A pergunta que fica é: será que, mesmo com essa queda, vale a pena fazer staking nas exchanges brasileiras?
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Bruno Diniz, cofundador da consultoria Spiralem, acredita que, apesar da queda da rentabilidade, o procedimento ainda é interessante. “O maior benefício é poder receber uma renda passiva enquanto mantém seus criptoativos, sobretudo para quem tem a mentalidade de segurá-los no longo prazo”.
De acordo com ele, no entanto, há alguns riscos, visto que existe um período de bloqueio e os ativos precisam ficar “travados” na blockchain por um tempo, impossibilitando seu resgate. Essas criptomoedas, conforme as regras do projeto cripto, só poderão ser retiradas da rede após uma nova atualização chamada “Shanghai”, prevista para acontecer em meados de 2023.
“Portanto, se o valor da criptomoeda cair muito (nesse período antes da atualização), não há a possibilidade de venda. E se operação for feita via exchange, também existem riscos relacionados à custódia, sobretudo em situações em que os criptoativos não estejam em sua carteira privada”, completou Bruno. Nas carteiras privadas, são os próprios investidores que fazem a custódia de seus ativos.
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Staking nas exchanges
Conforme as regras do Ethereum, os usuários precisam colocar 32 ETH na rede para ajudar na validação das transações e participar do staking. No entanto, como nem todo mundo tem essa quantia – equivalente a R$ 215 mil nesta terça-feira (15) -, as corretoras nacionais e internacionais decidiram criar pools (grupos) que reúnem ETH de vários participantes e dividem os ganhos entre todos.
No Brasil, a última exchange que liberou a opção foi a Coinext. O CEO José Artur Ribeiro contou ao InfoMoney que, por enquanto, não há valor mínimo exigido para o investidor. Ele falou ainda que a corretora vai cobrar um percentual de 0,5% sobre os ganhos gerados no processo.
“Nossa ideia é facilitar para o usuário comum que quer ter acesso direto a essa atividade de staking, que é complexa e exige 32 ETH, no mínimo. A gente como exchange consegue juntar isso em um pool”, falou.
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No mês passado, o Mercado Bitcoin, a maior exchange de criptomoedas brasileira por valuation, também disponibilizou a renda passiva com ETH. O valor mínimo é de R$ 10 em ETH. Nenhuma taxa é cobrada diretamente dos clientes, mas a corretora também fica com uma porcentagem dos ganhos.
“Para executar o serviço de staking em cada rede, o Mercado Bitcoin poderá cobrar até 25% de comissão sobre valor das recompensas. Porém, tanto o valor da rentabilidade estimada quanto o valor creditado na conta já estão descontados desta comissão. Esse serviço cobrirá tanto os custos operacionais do Mercado Bitcoin quanto o de parceiros externos que possam ser contratados”, disse Fabricio Tota, diretor de novos negócios da exchange.
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Clientes da NovaDAX também podem usar a plataforma para trancar ETH na blockchain e ganhar recompensas. O valor mínimo para fazer um aporte em staking de Ethereum é de 0,01 ETH, algo em torno de R$ 67. De acordo com o gerente de Customer Experience da exchange, César Felix, “não há custos adicionais para fazer staking, nem para resgatar o dinheiro investido”.
No Brasil, desde 2019, a Binance, maior corretora do mundo em volume de mercado, também libera staking para os usuários. Em seu site, a corretora explica que, no momento em que “guarda” ETH na rede, o usuário recebe um token chamado bETH, que é a representação tokenizada do ETH na proporção de 1:1.
O bETH pode ser usado na plataforma para obter rendimentos com finanças descentralizadas (DeFi). A exchange não informa se irá cobrar no futuro uma porcentagem sobre o ganho com staking.