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As ações da fintech brasileira de meios de pagamentos Stone registraram uma sessão de disparada nesta sexta-feira (18), fechando o dia com ganhos de 16,82%, a US$ 11,53, na Nasdaq, após a divulgação dos resultados da companhia. O seu BDR STOC31 listado na B3 disparava 15,75%, a R$ 61,79, na reta final do pregão na B3.
O resultado veio acima das expectativas e superou o guidance da companhia e o consenso do mercado. O lucro líquido ajustado de julho a setembro somou R$ 163 milhões, aumento de 90,5% ano a ano. O número também veio bem acima da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 95,7 milhões.
A evolução de 70,9% da base de clientes ativos, que fechou setembro em 2,37 milhões, ajudou a receita a crescer 70,7% ano contra ano, para 2,5 bilhões de reais. O avanço ocorreu em ritmo muito superior aos custos de prestação de serviços (+27,7%) e de vendas (+25%), enquanto os administrativos recuaram (-21,1%).
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Entre os pontos de destaque, conforme aponta a Levante Ideias de Investimento, a empresa apresentou um crescimento anual de volume financeiro consolidado de transações (TPV) de R$ 93,3 bilhões, alta de 24,5%.
Novamente, o avanço foi puxado pelo segmento de Micro, Pequenas e Médias Empresas (MSMB), tendo apresentado progresso de 44,7% no período e correspondendo a 80,0% do mix.
A companhia fechou o trimestre com o take rate, ou a receita operacional sobre TPV, de 2,21% no segmento MSMB, um acréscimo de 0,54 ponto percentual (p.p.) no ano e de 0,11 p.p. no trimestre, e de 0,95% no segmento de Key Accounts, um crescimento de 0,33 p.p. no ano e de 0,09 p.p. no trimestre. Assim, avalia a Levante, a companhia mostra efetividade das campanhas de reprecificação das taxas do legado pela empresa e a maior representatividade das novas contas no mix total. Também houve um bom resultado operacional no segmento de banking.
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“Depois de alguns resultados questionáveis, a Stone entrega de fato um resultado animador”, avalia a Levante. Segundo os analistas da casa, a melhora de take rate em paralelo à manutenção de crescimento de base e TPV dá indícios de que a companhia vem conseguindo progredir sua tarefa de reprecificação de base de forma eficiente e já colhe os frutos.
Os analistas apontam que, dado o elevado nível de taxa de juros e a característica do negócio de contratação de taxas pré-fixadas pelos clientes no credenciamento, as margens financeiras estavam sofrendo muita pressão. “Com isso, o mercado precisou se adaptar e praticar um movimento que não era usual no setor, aumentar as taxas da base legada. Assim como grande parte das demais companhias, a Stone está conseguindo melhorar seu balanço através dessa prática e aumentar sua rentabilidade”, avalia.
Além disso, em relação ao guidance, a empresa superou em 4,5% a receita total dada como perspectiva no último trimestre, além de superar 69% na linha de EBT, ou lucro antes de impostos. Para o próximo trimestre, o guidance fornecido foi de R$ 2,6 bilhões para receita, crescimento de 38,8% no ano, um EBT de R$ 250 milhões e um TPV de MSMB entre R$ 78 bilhões e R$ 79 bilhões, contemplando um efeito negativo da Copa do Mundo de R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões.
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“Os números dão otimismo na sequência da estratégia da companhia e continuam mostrando ganhos de margem através dos ganhos de escala com ampliação de receita”, avalia a Levante.
A casa também lembra que, no começo do mês, a empresa anunciou uma troca no cargo de liderança. O atual CEO, Thiago Piau, será remanejado para o conselho da companhia e o então CEO da Eneva (ENEV3), Pedro Zinner, virá para assumir o cargo vago. “A mudança foi lida como bastante positiva pelo mercado, tendo as ações da Stone subido cerca de 9% no pregão seguinte ao anúncio da notícia”, afirma.
Voltando ao resultado, o Credit Suisse destacou que a Stone ainda vê espaço para melhorar a lucratividade. Para o banco, o balanço do terceiro trimestre aponta para um impulso de ganhos positivos para a Stone. O Credit Suisse, por sua vez, tem recomendação neutra para a empresa.
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O Itaú BBA também ressalta que o lucro líquido da empresa superou as estimativas principalmente na combinação de take rate mais alto e despesas financeiras surpreendentemente baixas.
“Operacionalmente, a Stone ganhou participação graças ao avanço do SMB continuando a ajustar os preços para cima. As receitas subiram 9% no trimestre, bem acima dos volumes (3%), trazendo significativa diluição de custos, e as despesas financeiras caíram sequencialmente pela redução do prazo de pré-pagamento e amortização da dívida. O guidance e o call sugerem que essas tendências serão sustentadas no próximo trimestre e provavelmente aumentarão o preço das ações e as estimativas”, avalia o BBA que, no momento, possui recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra).