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A empresa de pagamentos Stone (STOC31) encerrou o segundo trimestre deste ano com um lucro líquido ajustado de R$ 322 milhões, valor 477% superior ao do mesmo período do ano passado, número que agradou o mercado. Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 36%, de acordo com balanço publicado na última quarta-feira (16).
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, foi de R$ 1,4989 bilhão, aumento de 46% no espaço de 12 meses.
De forma geral, na avaliação dos bancos consultados, os dados trimestrais da Stone foram positivos, com destaque para aumento da taxa de take rate (comissão cobrada dos lojistas nas transações) e bom controle de custos.
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Porém, na sessão desta quinta-feira (17) pós balanço, após abrir em alta na Nasdaq, as ações passaram a operar próximas à estabilidade e logo nos minutos iniciais do pregão viraram para queda, fechando com uma baixa expressiva, de 7,57%, a US$ 12,33.
A ação acabou acompanhando, parcialmente, o movimento de outra companhia do mesmo segmento, mas da Holanda. A processadora de pagamentos Adyen caiu 39% após balanço do primeiro semestre que ficou abaixo das estimativas.
Porém, segundo o Brazil Journal, um outro fator chamou a atenção. A Stone publicou um número de ações maior, o que reduziu o lucro por ação. O número de papéis reportado foi de 341 milhões em comparação aos 324 milhões do trimestre passado.
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A alta de 16 milhões de ações fez o lucro por ação da Stone ficar em R$ 0,94 — 7% abaixo da estimativa do BTG e 2% abaixo do Citi. O aumento, no entanto, foi um erro de digitação, segundo disse uma fonte a par do assunto ao portal, que destacou que a empresa faria a correção. Com a alteração, o lucro por ação da Stone no trimestre ficará 15% acima do consenso do mercado.
Números sólidos, ação já precificada
Mesmo antes dessa notícia, o Morgan Stanley destacou que o lucro líquido ajustado da empresa superou as suas projeções em 14%; o banco classificou o resultado como sólido.
Do lado positivo, o Morgan destaca que a empresa superou o consenso sobre as taxas de aceitação, adições líquidas, receita financeira e custos e despesas totais. Além disso, o guidance do 2T23 para lucro antes de impostos e margem de lucro antes de impostos ficou acima das expectativas do mercado.
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Por outro lado, o volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) e as despesas financeiras ficaram abaixo do esperado.
Ao comentar a teleconferência, na avaliação de analistas do Morgan, a visão foi positiva sobre as iniciativas de crescimento da receita, como serviços bancários e software, controle de custos, redução do capex (investimentos) e melhoria dos custos de financiamento, o que deve resultar em mais expansão da margem líquida ao longo do ano. “A empresa ainda mostrou-se cautelosamente otimista em relação à concorrência no segmento MSMB (micro, pequenas e médias empresas, em inglês) e argumentou que seu modelo de negócios diferenciado, experiência do usuário, e a oferta de produtos continua a permitir-lhe ganhar participação de mercado”, ressaltam.
Para o Credit Suisse, a Stone apresentou fortes resultados com crescimento sólido do TPV, aumento da taxa de take rate e bom controle de custos.
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O banco suíço ainda comenta que continua vendo a Stone atuando muito bem no negócio de adquirência, ganhando market share com rentabilidade crescente. “Na área bancária, a plataforma está evoluindo e as adições líquidas continuam fortes em 419 mil (560 mil no primeiro trimestre), ajudadas pela solução de conta digital para clientes TON”, pontua. “O negócio de software continua decepcionando no 2º trimestre com receita de 9% a/a (10% no 1º trimestre), devido à menor inflação e receitas transacionais.”
Já Itaú BBA avalia que resultados da Stone foram bons no geral, mas provavelmente neutros para ações negociadas a cerca de 16 vezes ajustado Preço (P)/Lucro (L) para 2024.
Segundo BBA, os resultados da Stone no 2T23 corresponderam às expectativas do banco, com lucro líquido ajustado de R$ 322 milhões (contra projeção de R$ 329 milhões). Já os volumes continuaram sua tendência positiva de ganhos de participação de mercado.
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Analistas do BBA pontuam que a empresa apresentou melhora de rentabilidade, com margens líquidas ajustadas atingindo 11%, 2 pp superiores sequencialmente, enquanto as despesas financeiras aumentaram neste trimestre, principalmente porque a empresa manteve uma posição de caixa maior.
O Bradesco BBI que o mercado deve classificar os resultados de neutros a marginalmente positivos, pois os investidores já antecipavam resultados fortes em grande medida.
“No futuro, no entanto, a perspectiva de crescimento das receitas implícita na orientação indica desafios relacionados à desaceleração do TPV do setor e à expansão adicional do EBT (lucro antes de impostos) aparentemente baseada em mais eficiência de custos”, explica BBI.
O EBT ajustado de R$ 447 milhões, acima dos R$ 324 milhões no 1T23 e acima da orientação para o trimestre de R$ 375 milhões, foi beneficiado principalmente pela redução de custos sequenciais – que o BBI disse ainda não entender completamente a sustentabilidade. Isso porque, conforme o banco, a empresa realocou os custos entre CPV e despesas gerais e administrativas, dificultando a comparação com os números históricos, mas ainda diminuindo em uma base consolidada (opex total) como percentual das receitas.
Quanto às perspectivas futuras, com base no guidance da empresa e tendo em vista a desaceleração implícita no crescimento de TPV/receitas e nenhuma melhoria sequencial nas taxas de take, “a aceleração dos lucros depende materialmente de uma redução sustentável de custos”, comenta BBI.
O Itaú BBA mantém classificação market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) para os ADRs da empresa de pagamentos e preço-alvo de US$ 11. Morgan Stanley e Credit Suisse também mantêm recomendação equivalente à neutro, com preço-alvo de, respectivamente, US$ 15 e US$ 12.
Já o Bradesco BBI é o menos otimista com os papéis da Stone e reitera recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de US$ 9. Segundo o banco, como as ações da Stone subiram 10% nos últimos 30 dias, uma reclassificação das ações pode exigir evidências mais fortes de melhoria nas tendências de receita (ou seja, aceleração do TPV) e/ ou materialização de maior eficiência de custos que a empresa planeja continuar entregando. Essa visão geral também contribui para uma queda das ações.