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*Matéria atualizada para inclusão do anúncio de aumento de preços pela Suzano
A contínua demanda forte por celulose na China deve impactar preços e um novo aumento de preços é possível novembro, de acordo com análises do Goldman Sachs e do Bank of America (BofA). Ainda que os números para Europa e Estados Unidos ainda não tenham se recuperado, os embarques para a China têm impulsionado a média global (em 1,6% só em 2023).
“Em nossa opinião, as condições estão em vigor para outro anúncio de aumento de preço para as remessas de celulose de novembro para a China, especialmente para a celulose hardwood, de fibra curta (a questão é quão agressivo será)”, entende o Goldman Sachs, que antevia, no fim de setembro, queda para a commodity.
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Por sinal, no fim da tarde desta terça, a Suzano anunciou aumento de preço na tonelada da celulose a partir de novembro, aproveitando um quadro que avalia como de demanda aquecida pelo produto na China, de elevação de encomendas na Europa e de estoques em queda em portos.
A companhia vai elevar o preço do insumo essencial para a produção de papel em US$ 50 a tonelada na China e em US$ 80 na Europa e América do Norte.
Com o reajuste, os preços da celulose na Europa vão para uma média de US$ 980 a tonelada, e na América do Norte para US$ 1.170. A companhia não informou o valor final para a China.
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O Itaú BBA destacou, em relatório publicado no domingo (15), que o setor de commodities teve a melhor alta acumulada dos últimos 30 dias, em especial puxadas pelo setor de papel e celulose e de combustíveis.
O cenário é positivo para nomes como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11).
Alta da celulose “com pernas”
Ainda que o banco considere que as “robustas compras” da China para reabastecimento dificilmente serão sustentáveis (considerando o aumento desde maio, quando os preços estavam ainda mais baixos), parece haver espaço para mais. E, fora da China, apesar da demanda europeia seguir restrita, há indicações de que Oriente Médio, África e Sudeste Asiático apresentam crescimento que pode garantir apoio aos preços.
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É a mesma visão do BofA, que considerou que a recuperação dos preços continua e destaca o aumento de cerca de US$ 100/tonelada, considerando o aumento de US$ 30 a 50 a tonelada realizado em outubro para fibra curta (ou harwood).
“Daqui em diante, vemos outro aumento de preço para novembro como provável e estamos incluindo um aumento de US$ 30 a tonelada em nossas previsões”, projetou o BofA em relatório da última semana.
Outro ponto que favoreceu o aumento de demanda foi a redução da produção doméstica da China, em razão dos altos preços da madeira. Com isso, foi possível um equilíbrio entre oferta e demanda.
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“Fique de olho no dólar, nos preços de revenda e na China – se o crescimento global for resiliente e o dólar enfraquecer (sendo esta a visão do BofA), a alta da celulose pode ter mais pernas do que aparenta”, ressalta o BofA.
Impacto para Suzano e Klabin
Assim, o cenário traz boas notícias para nomes como Suzano e Klabin, cujas ações já sobem 19% (SUZB3) e 23% (KLBN11) no acumulado de 2023.
“Esperamos que as ações expostas à celulose tenham um bom desempenho. Recentemente, iniciamos a recomendação de compra para a CMPC, mas observamos que a COPEC, Suzano e Klabin também têm uma exposição significativa à celulose”, considera o Goldman Sachs que, contudo, tem recomendação neutra para as ações das duas companhias brasileiras.
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Para o setor, o BofA considera Suzano como sua escolha preferida entre os nomes brasileiros (com recomendação de compra) e é vista com potencial de retornos de fluxo de caixa livre de 15-20%, a partir de 2025.
“Suzano continua sendo nossa principal escolha para se posicionar na contínua recuperação dos preços da celulose, com cerca de 85% do Ebitda vindo da celulose e crescimento significativo previsto para 2024 com seu projeto Cerrado (2,55 Mtpa)”, diz o BofA.
Para Klabin, contudo, a visão do banco é bem mais cautelosa, em especial considerando os negócios da companhia voltados para papelão.
“Quanto à Klabin, reiteramos nossa recomendação de underperform (desempenho abaixo da média, similar à venda), já que vemos as pressões de custos levando mais tempo para diminuir e vemos uma recuperação dos preços de papelão mais distante em comparação com a celulose”, destaca o banco.
Preços crescentes
Para o BofA, as previsões para 2023 são de US$ US 603/tonelada para a celulose hardwood (HW)e US$ 749/tonelada para a softwood (SW, a celulose de fibra longa).
Para o próximo ano, o banco considera que os preços devem cair para US$ 580/tonelada para HW e subir para US$ 706/tonelada para SW. As previsões de longo prazo são mantidas em US$ 600/tonelada para HW e US$ 700/tonelada para SW.
Em relação à celulose fluff (produzida em larga escala), que conta com preços em patamares elevados, o banco considera que é possível que os preços se comprimam. De acordo com a análise, para esse tipo de commodity, a margem costuma ser de mais de US$ 100/MT e, atualmente, está acima de US$ 500/MT.
“Embora haja uma oferta significativa prevista para 2024, que deve reduzir as taxas de operação, vemos o potencial de queda nos preços da celulose como limitado, dado que os níveis de preços atuais estão muito próximos dos níveis de suporte de custos”, considera o BofA.
(com Reuters)