Taxa de juro e desemprego pressionam inflação no Brasil, revela pesquisa do BC

Para a Rosenberg & Associados, pesquisa realizada pelo BC revela evidencia uma mudança estrutural na economia do país

Nara Faria

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SÃO PAULO – Recentemente o Banco Central consultou agentes de mercado sobre taxa de juro, taxa natural de desemprego no Brasil e o impacto da nova ponderação do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) nas projeções de inflação.

A Rosenberg & Associados foi um dos consultados na pesquisa que envolveu pouco mais de 100 participantes. De acordo com Rafael Bistafa, a análise revelou resultados pouco positivos quanto à redução da inflação.

A análise mostrou que as taxas médias de juros reais estão em 5,5%, abaixo da taxa neutra. A metodologia utilizada para a pesquisa estabeleceu que o mercado considera a taxa de juro neutra ou de equilíbrio quando teoricamente permite um desempenho próximo do crescimento sustentável para a economia de longo prazo, não exercendo pressão sobre a inflação e sobre o emprego.

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 Além disso, a taxa média de desemprego dessazonalizada dos últimos doze meses está em 5,9%, abaixo da taxa natural de desemprego, ou a Nairu (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment), que teoricamente é a taxa de desemprego que não exerce pressão sobre a inflação. A taxa Nairu estaria, de acordo com a mesma pesquisa, em 6,5%.

“Ambos não são resultados animadores para redução da inflação, já que estão num patamar que exercem pressão inflacionária”, explica Bistafa.

Mudanças estruturais na economia
Apesar de não trazer um cenário animador quando à inflação, Rafael Bistafa explica que a pesquisa evidencia mudanças estruturais na economia brasileira. Em uma pesquisa semelhante realizada em novembro de 2010, a mesma taxa neutra encontrava-se em 6,75%, 1,25 ponto percentual, acima da mais recente. O mesmo ocorre com a dinâmica da Nairu dos últimos cinco anos, que mostra uma queda de 2 ponto percentual na mediana das estimativas.

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“Os motivos dessas reduções destacados pelo Banco Central são mudanças nos mercados financeiros e de capitais, assim como a manutenção da política de superávits primários e o aumento da oferta de poupança externa, que contribuíram para a redução dos juros neutros no Brasil”, explica Bistafa.

Vale mencionar, no entanto, a ponderação do membro da equipe da Rosenberg de que a nova metodologia de ponderação do IPCA parece ter ajudado em 2012, já que o mercado estima uma queda de 0,3 ponto percentual nas estimativas do índice apenas pela mudança de estrutura. Porém, segundo ele, para os próximos anos, a pesquisa mostra que o espaço para maiores reduções é limitado.