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SÃO PAULO – Com a derrocada da Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) na Bolsa e uma série de analistas recomendando não ter exposição das ações na carteira, o que fazer caso você tenha comprado as ações antes ou mesmo no meio de todo esse movimento de desvalorização? A questão é clara para os analistas: você precisa se proteger e, se conseguir, zerar suas posições. Nesta segunda-feira, as ações da Petrobras renovaram mínima desde 2005, registrando queda de 55% desde o “topo” no início de setembro, enquanto os papéis da Vale desabam 38% desde o final de julho, batendo o menor patamar desde 2009.
Os analistas comentam que não há nenhum trigger de curto prazo para essas ações e é muito difícil, neste momento, estimar, de fato, qual é o fundo desses papéis. A Vale, por exemplo, perdeu os R$ 20 em novembro, que era um importante suporte. O cenário já estava feio até que ontem perdeu um novo patamar dos R$ 18,50 e a perspectiva ficou ainda pior, disse o analista gráfico Lauro Vilares, da Guide Investimentos. Nesta terça-feira, as ações preferenciais da mineradora são cotados a R$ 17,58. “Se o investidor quer ter Vale no longo prazo, vende a posição que tem agora e limita o seu prejuízo; só volta quando houver algum sinal de reversão”, comenta.
Para ele, uma sinalização menos pessimista seria se os papéis voltassem a superar os R$ 18,60 e melhor ainda se ultrapassasse para cima a média móvel de 21 pregões. Entretanto, a recomendação mais clara para comprar visando um cenário de longo prazo seria somente quando o ativo ficasse acima da média móvel de 200 períodos, que marcaria realmente uma reversão da tendência de baixa para alta no longo prazo, comenta.
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A mesma visão é apontada para as ações da Petrobras. “Se o papel retomasse os R$ 12,55 (patamar perdido na véspera) já seria uma sinalização para ficar menos pessimista; menos ainda se ficasse acima da média móvel de 21 períodos e, no melhor cenário, se voltasse para a média móvel de 200 pregões”, disse.
“Claro que para o longo prazo você nunca vai comprar o papel perto do fundo (que seria o melhor dos mundos), mas terá certamente mais segurança, já que não sabemos qual será o fundo desses papéis”, comenta. Já para um trader, aquele investidor que pretende ficar com as ações por poucos dias, esse sim poderia arriscar um pouco mais e comprar um ativo que vem despencando só porque está barato. “Mas só é uma boa estratégia para traders”, explica.
“Minha visão é clara: se tem uma dessas ações em carteira, venda. Não importa em que ponto comprou. Se hoje ganhasse R$ 10 mil de herança em algum desses ativos, não teria dúvida. Venderia. Não é porque está comprando pensando no longo prazo que dá para arriscar a ficar com um desses papéis nessas condições”, comentou. A ideia é só voltar a comprar caso haja alguma sinalização de reversão no meio do caminho.
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Não é apenas gráfico, os fundamentos também estão comprometidos…
A visão pessimista não é apenas de quem olha mais para os gráficos, como Vilares. Para analistas fundamentalistas da XP Investimentos, o case de investimentos nesses papéis está comprometido por enquanto. Incertezas governamentais e queda do preço do petróleo pesam sobre a Petrobras, enquanto derrocada do minério de ferro e dúvidas sobre a economia chinesa penalizam a Vale – questões que ainda requerem atenção dos investidores antes de pensarem em entrar no papel, mas que, por sua vez, devem podem servir de incentivo para aqueles que querem se desfazer das ações.
“Pensando no investidor com perfil de curto prazo, visando os próximos meses até o meio do ano que vem, é difícil ver um trigger claro para as ações da Vale começarem andar. A questão da China, o minério de ferro e o pesado capex (investimentos em bens de capital) ainda vão pressionar as ações”, comentou o analista da XP, Ricardo Kim. Para ele, quem está com os papéis visando esse prazo, o melhor seria se desfazer da posição. Caso não consiga, vale buscar uma proteção via derivativos, avalia.
Segundo ele, o cenário para a empresa só deve começar a melhor a partir de 2016, quando o capex deve diminuir bastante, pressionando menos o caixa da empresa, enquanto o ciclo de queda dos preços da commodity deve passar. Somente mais para frente deveremos ter uma empresa com perfil mais robusto, podendo pagar dividendos maiores aos acionistas, disse.
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No caso da Petrobras, o analista Celson Plácido também recomenda o investidor a montar operações estruturadas, o que poderia baratear o carrego da posição. “É muito difícil recomendar para o investidor que está há muito tempo com o papel para que ele venda. Por isso, uma opção seria que ele fizesse operações estruturadas por meio de lançamentos de call (opções de compra) de Petrobras “fora do dinheiro” para tentar ganhar algum prêmio, comenta.
Embora seja complicado para quem tem o papel zerar a posição nessas condições, a XP tem sido clara quando recomenda não se expor aos papéis da Petrobras. Nos últimos dias, a corretora tem reforçado que continua cética quanto ao case de investimento na empresa dando apenas quatro saídas para a companhia: venda de ativos; redução no capex (investimentos em bens de capital), principalmente no pré-sal; novo reajuste de preços de combustíveis; e nova emissão de ações. Além disso, a empresa tem como notícia negativa ainda a provável redução participação na nova carteira do Ibovespa, que entrará em vigor no dia 5 de janeiro, o que deve trazer ainda mais pressão vendedora. O que se une aos motivos da corretora para “não recomendar exposição ao ativo”. A expectativa, segundo a primeira prévia da carteira teórica do Ibovespa, é que a participação da estatal no índice caía de 8,7% para 5,542%.