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ATIBAIA – O presidente em exercício Michel Temer tem nas mãos a missão de arrumar a casa. Isto é, ele tem a missão de estabilizar a economia, mas não terá uma agenda para poder repensar o País, disse a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, durante painel neste sábado na Expert 2016, que contou também com a presença de Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, e Demétrio Magnoli, sociólogo e geólogo.
Para ela, a missão de Temer não é avançar em reformas profunda – uma agenda que vai demorar mais um pouco para ser implementada -, mas sim propor medidas para trazer a economia de volta aos trilhos, fazendo com que a inflação comece a convergir para a meta, a taxa de juros vá para patamares “mais decentes”, o País mostre algum crescimento econômico e que a taxa de desemprego caía. Mas isso não quer dizer também que não será preciso passar alguma reforma estrutural, mas ela não será tão profunda como alguns imaginam.
Na mesma linha, Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor de assuntos internacionais do BC, acredita que Temer terá pouco espaço para agir. “Temer tem um mandato muito limitado e vai acabar entregando resultados muito limitados também. Eu acho que o grande avanço que está sendo proposto é a ideia de um teto para gasto, embora ainda seja uma coisa bastante incipiente”, disse.
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Segundo ele, ainda é preciso detalhar mais essa proposta do lado operacional, do jeito que está o avanço ainda está no passo 5 (em uma linha de zero a dez). “Mas também isso sozinho não resolve o problema do País. Mesmo fazendo tudo certinho, nós só vamos conseguir estabilizar a dívida pública em 2023 a 2024. Então, vamos ficar de 2016 a 2024 lutando para fazer com que a dívida pare de subir e em algum momento comece a cair muito lentamente”, reforçou.
Para o economista, esse é um “governo fraco”, que tem gente boa em algumas posições-chave, mas não tem força para avançar decisivamente com a agenda política e econômica. “Eu sou bastante cético”, complementou.
Para onde irá o Brasil nos próximos 18 meses?
Questionado sobre a perspectiva para o Brasil nos próximos 18 meses, Demétrio Magnoli enfatizou a necessidade de se ter um debate eleitoral em 2018, que não ocorreu em 2014. “Precisamos debater duas questões: onde nós vamos do ponto de vista da política econômica e da organização entre os Estados. Essas duas questões têm que ser debatidas em uma eleição de 2018”, disse.
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Em seguida, Schwartsman disse que compartilhava do mesmo desejo de Demétrio, mas que não acredita que cheguemos lá. “Acho que podemos dar alguns passos na questão fiscal, mas desconfio que vai faltar perseverança para entregar os resultados que precisamos. Os atores que temos hoje são os mesmos que vamos encontrar daqui a 18 ou 24 meses”, comentou.
Já Zeina disse que os próximos meses serão de mais testes para as instituições brasileiras. “O debate parece mais maduro, mas não sei se terá o canal da política garantindo esse mínimo desejo de mudança. Acho que não dá para achar que é um percurso fácil a ser seguido. Estamos falando de um País que tem uma problema de distribuição enorme”, disse.
Demétrio fez ainda durante o painel críticas à situação política atual: “Quem é a oposição? Ninguém sabe. O PSDB é oposição ou situação? Não temos uma resposta clara para isso. É um mundo de loucos. Eu espero que a Lava Jato derrube um por um cada bandido que assalta o nosso País, porque se isso não acontecer não há como mudar o sistema político”.
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