Tenda (TEND3) desaba 16%, MRV (MRVE3) cai 7% e Plano&Plano (PLPL3) sobe 6% com resultados do Pode Entrar e “efeito BC”

Nesse contexto, BBA destacou visão positiva sobre a MRV e a Plano&Plano após o leilão do programa habitacional do município de SP; empresas podem apelar

Felipe Moreira

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As ações de construtoras registraram movimentos extremos na Bolsa brasileira na sessão desta quinta-feira (23). As ações da Tenda (TEND3) despencaram 15,77%, a R$ 4,86, enquanto MRV (MRVE3) virou para queda logo no início do pregão e fechou com baixa de 6,80%, a R$ 6,99. Já Plano&Plano (PLPL3) avançou 5,86%, a R$ 5,78.

No início da sessão, os ativos MRVE3 chegaram a subir 5,73% (R$ 7,93) repercutindo as notícias sobre os resultados do leilão do programa habitacional “Pode Entrar”, da Prefeitura de São Paulo, anunciados hoje. Contudo, a leitura de juros altos por mais tempo após o comunicado do Copom na véspera, afetando assim as construtoras, fez com que as ações MRVE3 virassem para queda e fechassem em forte baixa. A Plano&Plano, apontada como a grande vencedora do “Pode Entrar”, conseguiu resistir à queda geral do setor e teve fortes ganhos, apesar de quase chegar a zerar os ganhos no intraday.

O Itaú BBA, em relatório antes da abertura do mercado, destacou esperar uma reação positiva para as ações da MRV e Plano&Plano aos resultados e negativa para Tenda.

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Segundo analistas, os projetos selecionados têm impactos positivos nos lucros e potencial efeito de desalavancagem da conta garantia das duas primeiras construtoras.

Nesse contexto, o BBA reitera sua visão positiva sobre a MRV e a Plano&Plano, assim como nossa postura construtiva em relação ao setor de construção, apoiada por uma dinâmica favorável de oferta e demanda, um cenário benigno para custos e potencial de valorização a partir de revisões no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ou possíveis novas rodadas do programa Pode Entrar.

De acordo com o relatório, a MRV conquistou 6.200 unidades no leilão, o que representa um valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 1,1 bilhão. Analistas estimam uma margem líquida de 15%, o que leva a um impacto nos lucros da empresa, representando 5% do valor de mercado (ou 3% do valor contábil).

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Em termos de alavancagem, o potencial impacto da conta garantia no saldo de caixa da MRV poderia reduzir o índice de covenant de 0,63 vez para 0,46 vez.

Para Plano&Plano, o resultado do leilão também foi positivo, com a empresa obtendo sucesso em lances para 7.000 unidades, com valor total estimado em R$ 1,3 bilhão. Supondo uma margem líquida de 15%, analistas projetam um impacto nos lucros da Plano&Plano de aproximadamente 18% do valor de mercado (ou 48% do valor contábil).

Já para Tenda (TEND3) os resultados do leilão foram negativos, na avaliação do BBA. Apesar de ajudar a amenizar a situação da companhia, os resultados não atenderam às altas expectativas estabelecidas. A empresa garantiu apenas 870 unidades no leilão, com valor total estimado em R$ 180 milhões. Supondo uma margem líquida de 15%, o impacto estimado nos lucros da empresa equivalente a cerca de 4% do valor de mercado (ou 4% do valor contábil). Se a conta garantia afetar o saldo de caixa da Tenda, a relação dívida líquida/patrimônio líquido pode mudar de 110% para 86%.

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A Direcional (DIRR3), por sua vez, garantiu 3 dos 4 projetos pelos quais licitou, que são estimados em R$ 340 milhões, o que foi considerado ligeiramente positivo pelo BBA. Com uma margem líquida de 15%, isso pode representar lucros de R$ 51 milhões (ou 2% do valor de mercado). As ações caíram 3,76%, a R$ 15,35, na sessão.

O BBA ainda ressalta que o resultado ainda não é definitivo e empresas que não foram selecionadas e desejam apelar dos resultados poderão fazê-lo nos próximos dias. Na próxima fase, as empresas selecionadas apresentarão documentos para comprovar sua capacidade de executar os projetos propostos. Estágios posteriores e assinatura de contrato são esperados para ocorrer antes do final de abril.

O Bradesco BBI também destacou que o primeiro olhar para os números disponíveis parece ser muito positivo para Plano&Plano e MRV, mas talvez um pouco decepcionante em relação às expectativas mais altas do mercado para Tenda, embora o provável Valor Geral de Vendas (VGV) de cerca de R$180 milhões também seja importante no processo de desalavancagem da empresa. “Ainda estamos aguardando para ver os próximos passos do programa, principalmente no que diz respeito ao cronograma de recursos destinados às contas vinculadas”, aponta o banco.

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Para o BTG Pactual, Plano&Plano deve ser de longe o maior vencedor do Pode Entrar (o que justifica a disparidade das ações na sessão), com vendas totais de R$ 1,33 bilhão (7.039 unidades), assim distribuídas: (i) R$ 128 milhões na Zona 1; (ii) R$142 milhões na Zona 2; e (iii) R$ 1,1 bilhão na Zona 3. Mais importante ainda, o VGV desses projetos representa 106% do
EV da Plano&Plano, e os analistas calculam um VPL de cerca de R$ 200 milhões (19% do valor de mercado da empresa).

Para Tenda e MRV, o programa Pode Entrar também deve ser muito relevante do ponto de vista de alavancagem. Como as empresas devem contabilizar os fluxos de caixa das vendas antecipadamente, acreditam que: (i) o índice dívida líquida/PL da Tenda cairá para 90% (de 115%) e, mais importante, seu índice de covenants cairá para 41% (de 66%), significativamente abaixo do seu limite de 80%; e (ii) a alavancagem da MRV cairá para 52% (de 69%), enquanto seu índice de covenants cairá para 46% (de 63%), também bem abaixo de seu limite de 65%.

Por fim, para a Direcional, o VPL de R$51 milhões é menos relevante (apenas 2% de seu valor de mercado).