Tesla (TSLA34): os fatores que derrubam as ações após o resultado trimestral com receita recorde

Alguns analistas afirmam que a Tesla terá dificuldades para manter os preços de seus veículos e margens; receita foi recorde, mas ficou abaixo do esperado

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)
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Um resultado do terceiro trimestre de 2022 com números recordes mas, mesmo assim, as ações da Tesla (TSLA34) chegaram a cair cerca de 6%. Já às 12h (horário de Brasília) desta quinta-feira (20), os ativos caíam 4,20%, a US$ 212,72.

A montadora de veículos elétricos registrou lucro líquido de US$ 3,292 bilhões no terceiro trimestre de 2022 (3T22), um crescimento de 103% em relação ao mesmo período de 2021, informou a companhia na véspera. O lucro por ação ajustado atingiu US$ 1,05 no 3T22, acima das expectativas de US$ 0,99.

Por outro lado, a receita da Tesla no terceiro trimestre somou US$ 21,45 bilhões, recorde trimestral, mas abaixo dos US$ 21,96 bilhões esperados, em média por analistas, segundo dados da Refinitiv.

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Alguns analistas afirmam que a Tesla terá dificuldades para manter os preços de seus veículos e margens, especialmente no momento em que a economia global está esfriando e em que a montadora tenta ampliar produção de novas fábricas.

A margem bruta da Tesla no terceiro trimestre com setor automotivo foi de 27,9%, ante 30,5% um ano antes.

“Não posso enfatizar o suficiente que temos uma excelente demanda para o quarto trimestre e esperamos vender todos os carros que fabricamos no futuro”, disse Musk após o resultado. “As fábricas estão funcionando a toda velocidade e estamos entregando todos os carros que fabricamos e mantendo as margens operacionais fortes.”

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A receita automotiva da Tesla chegou a US$ 18,69 bilhões, um aumento de 55% em relação ao ano anterior. A empresa informou anteriormente que suas entregas para o trimestre encerrado em 30 de setembro atingiram 343 mil e a produção de veículos atingiu 365 mil, sendo ambas impactados pelas restrições contra a covid-19 na China.

Os serviços e outras receitas, que incluem tarifas para clientes utilizam as estações de carregamento Tesla Supercharging, vendas de mercadorias da marca Tesla e reparos para carros de clientes fora da garantia, subiram para US$ 1,65 bilhão. A unidade de energia da Tesla gerou US$ 1,12 bilhão em receita no trimestre. Esta divisão vende baterias de backup para uso residencial, comercial e de serviços públicos e instala telhados solares.

Olhando pro futuro, a Tesla reiterou sua meta de produção, dizendo: “Ao longo de um horizonte de vários anos, esperamos alcançar um crescimento anual de 50% nas entregas de veículos”. A empresa também anunciou que as entregas de seu caminhão elétrico começarão em dezembro. E por fim, a companhia sinalizou uma possível recompra de ações no próximo ano, algo potencialmente entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões pendentes de aprovação do conselho.

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Na avaliação da Eleven Financial, apesar do ramp-up das duas novas fábricas (uma em Austin, Texas, nos EUA e outra em
Berlim, Alemanha) e aumento dos custos de commodities e semicondutores, a margem operacional da empresa melhorou sequencialmente em relação ao segundo trimestre. Isso está em linha com nossa visão de que as fábricas se tornarão mais lucrativas a cada trimestre à medida que a produção aumentar, eventualmente levando à expansão da margem. “No preço
atual da ação, mantemos nossa recomendação neutra”, apontou.

Para o Morgan Stanley, os resultados foram fortes, mas as perspectivas para 2023 em um cenário de desaceleração econômica são um risco.

O Goldman Sachs aponta que, embora os comentários da empresa sobre os catalisadores de crescimento/lucro a longo prazo do negócio tenham sido positivos, os resultados mais fracos do 3T para margem bruta, juntamente com os riscos macroeconômicos em curso, provavelmente continuarão a ser preocupações para o mercado pelo menos no curto prazo. Isso especialmente porque a empresa não deu muitos detalhes para apoiar sua visão positiva da demanda, embora normalmente não relate pedidos ou pendências. Assim, o tom do pós-balanço não surpreendeu.

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O Goldman mantém recomendação de compra para a ação e continua vendo que a Tesla está bem posicionada para o crescimento de longo prazo, dada a sua posição de liderança no mercado de veículos elétricos.

“Embora esperemos que a Tesla reduza os preços dos veículos daqui para frente, continuamos achando que pode fazê-lo com margens fortes. Acreditamos que os direcionadores de custos incluirão escala em suas novas fábricas, uma vez que o custo por veículo em Austin e Berlim deve estar bem abaixo de Fremont a longo prazo”, aponta.

China e Twitter

Durante teleconferência, os executivos da Tesla responderam sobre questões macroeconômicas que afetam seus negócios dentro e fora da China.

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“A China está passando por uma espécie de recessão, principalmente nos mercados imobiliários”, disse Musk, “e a Europa tem uma espécie de recessão com o cenário para o setor de energia”. Ele acrescentou: “a América do Norte está muito bem de saúde, embora o Fed esteja aumentando as taxas de juros mais do que deveria”. Contudo, apontou que eventualmente os integrantes do Fed perceberão isso e as reduzirão novamente”.

Musk também falou sobre sua aquisição pendente do Twitter, dizendo: “Acho que é um ativo que definhou por muito tempo, mas tem um potencial incrível”. Mais tarde, ele acrescentou: “O potencial de longo prazo para o Twitter é uma ordem de magnitude maior do que seu valor atual”.

Na semana passada, as ações chegaram a uma mínima de 52 semanas, enquanto acionistas consideravam que Musk poderia vender ações para financiar a compra da rede social por US$ 44 bilhões.