Testes de estresse não incluem títulos que bancos carregarão até o vencimento

Documento confidencial alega que apenas livros de oferta foram considerados pois não é esperado calote, segundo a Bloomberg

Tainara Machado

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SÃO PAULO – A principal fonte de expectativas na sessão desta sexta-feira (23) vem da divulgação dos testes de estresse com 91 instituições financeiras europeias realizados pela Comissão Europeia. Enquanto o resultado não é divulgado (espera-se que comecem a ser publicadas as informações às 13h00), a metodologia utilizada entra em foco.

De acordo com a Bloomberg, citando um documento confidencial intitulado “Testes de estresse da União Europeia: mensagens-chave sobre metodologia”, os testes levaram em conta apenas as perdas que os bancos teriam com os ativos de dívida que entram no livro de ofertas, desconsiderando-se títulos em tesouraria que serão mantidos até a maturação. Isso deve-se ao fato de que nenhum calote, por nenhum dos países do bloco, foi considerado como cenário.

Ainda segundo a Bloomberg, os testes levaram em conta perdas de 23,1% nos títulos de dívida grega, de 14% dos títulos portugueses, de 12,3% na dívida espanhola e de 4,7% nos títulos alemãos.

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Cenário adverso
Segundo a CNBC, o cenário macroeconômico adverso considerou desvio de 3% no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do continente projetado pela Comissão, que é de expansão de 1% em 2010 e 2% em 2011.

Com alta de 6% na taxa de desemprego e alta de 6% nas taxas de juros no mercado, os Supervisores Bancários da Comissão Europeia consideraram os testes mais severos do que os praticados nos Estados Unidos em 2009, já que o cenário adverso tem maior probabilidade de ocorrer.

10 instituições devem ser reprovadas
De acordo com pesquisa realizada com investidores pelo Goldman Sachs, 10 das 91 instituições financeiras não devem passar na análise, mostra levantamento encerrado 24 horas antes da previsão de divulgação dos resultados. Seria, portanto, uma taxa de 11% de reprovação, frente a 89% de aprovação.

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Ainda segundo o levantamento, o sistema financeiro europeu precisará levantar € 37,6 bilhões para enfrentar crises econômicas reais, e os bancos que mais devem conseguir capital novo estão situados na Espanha, na Alemanha e na Grécia. No entanto, 37% dos entrevitados acredita que, mesmo após os testes de estresse, ainda haverá déficit de capital.

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