Um dos melhores analistas da AL diz que Argentina pode ser a “bola da vez” em 2015

Para Ricardo Cavanagh, do Itaú BBA, o ano de 2015 será decisivo para o país, citando a eleição presidencial marcada para outubro do próximo ano

Paula Barra

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SÃO PAULO – “O ano de 2015 será decisivo para a Argentina, em meio à expectativa de mudança de governo”, diz o argentino Ricardo Cavanagh, do Itaú BBA, em entrevista exclusiva ao InfoMoney. Ele foi considerado o número um daquele País e um dos melhores da América Latina, segundo o conceituado ranking da Institutional Investor deste ano. Essa é a terceira vez que é considerado o melhor analista do país. Cavanagh, que trabalhou na Argentina por 15 anos, mora atualmente em Santiago, no Chile.

Em conversa por telefone, Cavanagh não descartou que a Argentina passa atualmente por um momento muito difícil. O país da presidente Cristina Kirchner caiu em default em 30 de julho ao não poder pagar sua dívida reestruturada devido a uma sentença do juiz norte-americano Thomas Griesa, que congelou os recursos depositados nos Estados Unidos que estavam destinados a pagar a dívida até que fossem feitos também pagamentos aos credores chamados de holdouts. Entretanto, para ele, a situação deve mudar em cerca de dois a três anos, a depender do resultado da eleição no ano que vem. 

Segundo o analista, esse ano está sendo muito complicado para o país, mas ainda assim há clientes interessados, citando americanos, brasileiros e chilenos. “A Argentina tem eleição presidencial marcada para outubro de 2015 e há expectativa de que um novo governo possa abrir o país para o mercado de capitais, então vejo uma oportunidade enorme para o setor de bancos e energético”, disse. 

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No curto prazo, no entanto, ele explica que o cenário não é fácil e a solução só poderia ser encontrada depois das eleições, uma vez que se a Argentina se abrir para os mercados internacionais deverá haver uma recuperação por lá e isso “será ótimo para os preços das ações”, comentou.

No radar: Chile, Colômbia e Peru
Cavanagh, que também faz cobertura do Chile, Peru e Colômbia pelo Itaú BBA, disse que mudou para o Chile em janeiro de 2013, sendo o primeiro ano forte do banco no país. Ele comenta que o Chile atualmente é um mercado muito importante para o Itaú BBA. “Viemos para cá no ano passado e estamos crescendo forte em participação. Abrimos uma corretora, que é a primeira do Itaú fora do Brasil na América Latina”, disse.

Segundo ele, o esforço do Itaú no país tem sido para aumentar sua presença nos fundos de pensão e family offices. “Nosso objetivo é estar à frente das primeiras posições em participação de mercado em dois a três anos”, reforçou. 

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Para o analista, a economia chilena deve crescer mais devagar esse ano, entretanto ainda há muito potencial. “Estamos vendo as empresas chilenas investindo bastante para crescer na América Latina”, comentou.

Além do Chile, ele cita ainda a Colômbia, que passa por uma ótima fase, em uma economia que está em processo de abertura em relação ao resto do mundo. “A Colômbia está começando agora, com tratados de livre comércio para Estados Unidos e Europa. Eles estão desenvolvendo a parte de infraestrutura, com rodovias, portos e trens. É um momento bem importante para o país”, comentou.

Segundo ele, a Colômbia é uma “economia estrela”, com desemprego caindo e salários em alta. O país recebeu bastante investimentos no setor de petróleo, enquanto aumentam as expectativas em infraestrutura e no setor bancário. 

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Também no radar, o analista destaque que o Peru vive atualmente um bom momento. As dúvidas em relação à China tiveram um impacto no setor de mineração, mas ainda assim o país tem sido uma das estrelas da América Latina. O país tem uma situação macro muito boa, com muitas reservas no Banco Central e um Banco Central independente. “Nós interessa”, disse.