Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) estão de olho em redução de custos após 3º tri, enquanto Gerdau (GGBR4) vê demanda sólida nos EUA

Perspectiva de preço do minério de ferro é de queda, com companhias do setor tendo pela frente menor demanda da China

Augusto Diniz

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Os resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22) mostraram que as empresas de mineração e siderurgia foram impactadas com a queda de preço do minério de ferro. O produto tem apresentado volatilidade e o mercado reduziu previsões da commodity para o ano que vem.

Após os balanços do terceiro trimestre do setor, o Itaú BBA refez estimativas para 2023. A previsão do banco é do minério de ferro se manter em média US$ 90 por tonelada no ano que vem, portanto abaixo do valor que tem operado atualmente na Bolsa de Dalian, na China: nesta sexta (25) o produto teve nova alta, fechando a US$ 105,84 por tonelada.

Já para os preços de aço, o BBA estima retração entre 10% e 15% para 2023 em meio aos menores preços globais e a normalização da demanda doméstica.

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A XP vai pelo mesmo caminho e crê que o minério de ferro e o aço devem cair por conta da desaceleração e redução da demanda global. A dinâmica da China, de acordo com a corretora, é ponto de atenção principal, já que a demanda de aço está reduzida neste final de ano devido a novas restrições relativas à Covid-19, que tem desaquecido a economia, provocando queda nos preços, apesar dos estímulos ao setor imobiliário local.

O Goldman Sachs, numa análise recente para 2023, destaca o início de uma transição de demanda por commodity na China. Essa transição de demanda seria liderada por preços mais baixos por mais tempo na atividade de construção imobiliária.

O banco estima queda na demanda de aço chinesa de 4% em 2022 e 4,3% em 2023. No entanto, é consenso no mercado de que no ano que vem, a China, maior consumidor de minério de ferro e maior produtor de aço do mundo, relaxe a política de Covid zero no país, abrindo possibilidades de reaquecer o mercado.

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Menores margens

Em meio ao cenário desafiador, analistas de mercado têm indicado a Gerdau (GGBR4) como opção mais segura neste momento, devido a menor exposição da empresa ao minério de ferro. Para a XP, os resultados da empresa continuaram fortes e foram destaque. A América do Norte manteve margens Ebitda muito boas (30%), apesar de um cenário macro mais desafiador, enquanto outras unidades de negócios reportaram resultados mais enfraquecidos com menores volumes, preços e custos ainda pressionados. O anúncio de dividendo da Gerdau foi inclusive o grande destaque entre as empresas do setor.

A maior aposta na Gerdau também se dá pela operação nos Estados Unidos. Naquele país, a empresa se beneficia principalmente com o pacote de infraestrutura assinado pelo governo Joe Biden ano passado, que deve gerar demanda de aço, além de investimentos previstos no setor de óleo e gás. A companhia está vendo um panorama de demanda elevada por aço na América do Norte no próximo ano, sustentada por um fenômeno de relocalização de produção industrial de volta para os Estados Unidos.

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As palavras de Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, na apresentação dos resultados do 3T22, também trazem um cenário mais complexo no Brasil. “O segmento de varejo encontra certa dificuldade por conta do endividamento das famílias, mas vemos resiliência nos setores de infraestrutura, industrial e principalmente no agro”, disse.

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Sobre as exportações daqui para fora, a Gerdau já calcula menores margens por conta do recuo de preços do aço.

Redução de custos

A queda do preço do minério de ferro levou os resultados da Vale (VALE3) no 3T22 a serem decepcionantes. “Entregamos um Ebitda de US$ 4 bilhões no terceiro trimestre, US$ 1,5 bilhão menor que no segundo. Esse declínio é explicado pela queda de 20 a 25% nos preços de referência para cobre, níquel e minério de ferro durante o período”, explicou na última teleconferência da mineradora, Gustavo Pimenta, vice-presidente de finanças.

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A Vale tem focado em seu programa de redução de custos para compensar menores prêmios com o minério de ferro e também o aumento global da inflação. No 3T22, a empresa destacou a redução do custo caixa C1, que são as despesas de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto, excluindo compras de terceiros, visando diminuir as pressões externas.

Na teleconferência a Vale evitou projetar o movimento do mercado do minério de ferro em 2023 e disse que trataria do tema no seu Investor Day programado para início de dezembro.

A CSN ([ativo=CSNA3), em seu relatório de resultados, informou que o recuo do balanço se deu em função do menor desempenho operacional verificado no período em razão da queda nos preços internacionais, que acabou por compensar as menores despesas financeiras apresentadas no período.

Fim da “exuberância”

“Em primeiro lugar, é preciso mencionar, que foi de fato um período bastante turbulento, marcado pela volatilidade dos preços de commodities, em particular no mercado internacional, em relação ao minério de ferro, sentindo os impactos de uma economia chinesa em desaceleração, influenciado pelas questões do mercado imobiliário e de Covid, e também dos preços de aço no mercado internacional”, disse Marcelo Cunha Ribeiro, CFO da CSN.

A siderúrgica já adiantou que tem perspectiva de preço de commodities mais baixa no ano de 2023 e que a “exuberância” vista durante a pandemia é passado e agora o quadro é de normalização gradual.

A empresa espera manter a margem de lucro no quarto trimestre sobre os três meses anteriores apoiada em reduções de custo como preços de matérias-primas, e sinalizou redução de investimento para 2023, diante de incertezas no mercado.

Na apresentação do balanço do 3T22 a analistas de mercado, Alberto Ono, CEO da Usiminas ([ativo=USIM5]), destacou que o período teve mudança de cenário tanto na siderurgia quanto na mineração, o que tornou o resultado diferente do primeiro semestre.

Um dos pontos de mudança de cenário referia-se se à queda de preço do minério de ferro, que atingiu a receita líquida da companhia. Dois terços da produção de minério de ferro da Usiminas são vendidos ao mercado e o restante abastece a Usina de Ipatinga (MG) da empresa.

Na tele, a Usiminas tratou de dizer que não via no quarto trimestre o preço do minério de ferro em patamares diferentes dos atuais. Para 2023, segundo relato do J.P.Morgan sobre o Investor Day da empresa, a Usiminas tem visibilidade dos volumes de aço baixa, mas a expectativa geral é de que a demanda fique estável no próximo ano. Já preço da commodity deve ser pressionado pelas incertezas, informou o banco.

A Usiminas aposta no ganho de eficiência operacional para o segundo semestre de 2023, após a reforma do alto-forno 3 em Ipatinga.

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